Wednesday, October 05, 2016

Harwich, Essex























Aqueles lugares onde você vai imaginando encontrar um pedaço de mundo desolado e morto e vai embora querendo voltar e procurando casas nos sites de imobiliárias. E as casas são lindas porque a arquitetura do lugar parou no tempo - in a good way.







Bem, morto é. Um pouco. Harwich é pequena e não fica muito perto de nenhuma cidade realmente grande. Já teve sua importância como porto/base naval até cair em desuso depois da segunda guerra; a Royal Navy não está mais presente, mas de lá ainda saem ferries transportando passageiros para a Holanda. Pequenas vielas de casinhas coloridas irradiam das ruas principais, aludindo ao passado medieval. O cinema do século passado com fachada e interior intactos ainda funciona, exibindo blockbusters numa sala e clássicos/arthouse/estrangeiros em outra, além de shows e eventos (programação melhor do que o cinema do meu bairro). Uau.

Não vi muito além de pubs, restaurantes tailandeses, deliveries de comida chinesa/indiana - ou seja, o básico típico. Não vi muitas pessoas pelas ruas apesar de ser domingo; talvez todo mundo estivesse fazendo compras em alguma cidade próxima ou curando a ressaca de sábado no sofá. Mas eu não esperava ver gente jovem (eles não costumam ficar onde não há trabalho ou universidades) e vi. Não esperava me encantar por ruas de pedrinhas, macieiras carregadas de frutos semi-maduros, brechós com tema náutico, céus perfeitos e barcos carcomidos apodrecendo lentamente na areia. Eu não esperava me sentir em paz, querendo fotografar mais e andar além e conhecer melhor, sem aquela sensação ruim de isolamento claustrofóbico que eu conheço de outros tempos. Talvez ela viesse caso eu me mudasse mesmo para lá. Ou talvez não. A gente nunca sabe antes. Só depois, bem depois que o caminhão de mudança foi embora e não há como voltar atrás.











Aparentemente a melhor vista de Harwich é essa aí em cima- o porto de Felixstowe, em Suffolk, na outra margem do rio. O mar aberto se espalha à direita, em direção ao continente. À noite as luzes dos guindastes que descarregam os contâiners dos navios se acendem, formando um rastro de luz que corta mar e céu; os locais dizem que é bonito. Eu não esperei anoitecer, mas não duvido.

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