Há tempos não faço um post sobre comida por aqui. Não tenho atualizado o blog com frequência e perdi o entusiasmo pelo instagram, e com isso aquela motivação de parar tudo pra fotografar o almoço não tem sido a mesma. Sequer consigo lembrar a última vez que tirei uma câmera da bolsa um restaurante. A maioria das fotos de comida fica exilada no celular ou sobrevive por meras 24 horas nos cada vez mais raros stories até cair no éter. Então, já que eu estou pagando esse domínio vamos lá deixar registrado alguns rangos e rolês aleatórios das últimas semanas que eu por acaso não esqueci de fotografar.
O Manteca é um restaurante italiano que abriu há pouco tempo em Shoreditch, não muito longe do mercado de Spitalfields. O conceito é “nose to tail“, ou seja, eles utilizam todas as partes do animal – e não apenas os cortes nobres, como o peito do frango ou o filé do boi. O menu também vai incluir como ingredientes a pele, órgãos, gordura… É uma maneira de aproximar a culinária de hoje à dos nossos antepassados – antes de ter acesso a supermercados com a carne limpa, cortadinha e separada em bandejas o animal era adquirido (ou caçado/abatido) inteiro e todas as suas partes aproveitadas. Quando em prática essa filosofia nos permite alimentar com mais variedade, consumir mais e melhores nutrientes, evitar o desperdício e honrar a vida do animal que foi parar em nosso prato aproveitando cada pedacinho dele. Ah, e todos os embutidos e massas servidos no restaurante são de fabricação própria.
O croquetão ali em cima foi feito com carne das bochechas do porco. O patê de pato estava perfeito em sabor e textura (o pãozinho grelhado no azeite e o molho de tâmaras ❤) e essa pasta cacio e pepe tinha um diferencial no molho: caranguejo. uma carne que eu normalmente acho meio sem graça, mas que aqui foi o complemento perfeito pra elevar um prato básico e torná-lo especial. Uma delícia.
Achei que o molho pesto dessa barriga de porco estava meio excessivo e pesou o prato; desnecessário. A sobremesa era um bolinho de amêndoas com sorvete cremoso e molho de cerejas. As batatas assadas em pig fat não aparecem nas fotos porque foram devoradas instantaneamente.
■ Drinks no Pasta Remoli + arancinis + tagliatelle com pancetta e cogumelos ao molho branco durante visita à nova arena de Wembley e o bairro que foi construído em volta dela. Eu ainda não conhecia a área (já assisti shows em Wembley, mas não na arena) e fiquei boquiaberta. Bares, lojas, restaurantes, lazer… Porém a alta densidade demográfica e os milhares de apartamentinhos uns iguais aos outros me causou uma certa claustrofobia.
■ Donuts de salted caramel da Bread Ahead (uma padaria artesanal que começou pequenina em Borough Market e agora tem várias filiais com decor industrial-chic servindo pizzas, french toasts, bolos, sanduíches, hamburgers, donuts e saladas).
■ Egg sando do Café Kitsuné. (kitsuné significa raposa em japonês; o cookie em forma de raposinha que eu não comprei dessa vez é uma graça e me lembra a Frankie) enquanto esperava minha sogra renovar seu passaporte no consulado finlandês. Quero provar o chicken katsu sando que eles servem na hora do almoço; preciso saber se é tão bom quanto ou melhor que o do Wa Café.
■ O famoso cinnamon social do Ole & Steen, uma rede de padarias dinamarquesa. É pra comer fresquinho; já cometi o erro de levar pra casa e no dia seguinte ele perde 80% da graça. Eu tenho o hábito de chegar para um encontro antes da hora marcada e pedir alguma coisa enquanto leio um livro ou observo o movimento. Provavelmente coisa de quem tem ansiedade social, mas eu também faço o mesmo com amigos próximos; quem me conhece sabe que é comum já me encontrar com um pratinho vazio na mesa. Mas ter começado os trabalhos antes não significa que vou deixar minha companhia comer sozinha. Round two is ON.
■ Snacks na pizzaria Zizzi, uma das redes mais populares do país. A pizza é gostosa (para quem curte pizza old school, cheia de toppings ao invés das pizzas hipsters de hoje em dia que são praticamente um disco de sourdough com meia dúzia de alcaparras polvilhadas em cima – soooo not my thing) mas eles também brilham nos croquetes e tira-gostos. Às vezes vou lá só pelo aperol e uma porção de arancinis.
■ Almoço de aniversário da R. no Felix de Warley. A la carte caro e metido a besta, mas achei a comida mediana (as batatinhas dauphinoise valeram o ingresso, porém).
■ Country pub extremamente bem servido cujo nome esqueci; esse cheesecake “desconstruído” estava perfeito, apesar de visualmente ridículo.
■ Legumes prontos para ir ao forno. Eu gosto da minha air fryer e uso com frequência, mas sinceramente acho mais difícil acertar ponto, tempo e temperatura. Dicas?
■ Nesse verão verdadeiramente senegalês que tivemos em 2022 (rest in peace as plantas no meu jardim) fiquei viciada em fazer iced latte. O método tradicional caseiro envolve deixar grãos moídos em molho por algumas horas (proporção recomendada: 80g de pó para 1 litro de água) mas sinceramente? Eu tenho feito com instantâneo resfriado e não vi tanta diferença no sabor. Leite integral (ou plant based, como preferir), gelinho e pronto.
E você, o que anda comendo de interessante? :)
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