Eu comecei o último post dizendo que não tinha planejado sumir durante o mês de outubro e, depois de ter sumido quase todo o mês de novembro, preciso informar que a intenção não era ter desaparecido da face da blogosfera porém: adversidades e atribulações, amigos. 2021 está sendo um ano particularmente delicioso – not.
Uma parte legal dele é que eu resolvi mudar o meu escritório-atelier-seiláoquê para o antigo quarto de hóspedes. Porque ele tem vista pro jardim e eu achei que minha saúde mental agradeceria o simples prazer de presenciar o dia virando pôr do sol, as clematis do vizinho florescendo por cima do muro, o sol mudando de lugar e arrastando as sombras do carvalho pelo quintal, as estações se alternando, os esquilos saindo no tapa em cima da cerca, a chuva da madrugada, os pombos devorando sem a menor timidez os frutos da minha piracanta e a Frankie cochilando numa pilha de folhas no fundo do jardim – tudo isso sem dúvida muito mais agradável do que encarar uma parede, ouvir os gritos da filha do vizinho e o barulho do caminhão de lixo.
E de fato, os dias se tornaram muito mais agradáveis. O quarto “novo” é mais escuro, tem uma qualidade acolhedora e relaxante. Eu troquei o carpete velho e sujo por um piso de madeira quentinho, comprei um armário lindo de madeira maciça no marketplace do Facebook (que em breve será pintado e eu mostro aqui), incenso com cheiro de floresta, pus minha cadeira de veludo azul chamada… Blue Velvet (também num oferecimento da vendinha virtual do Zuckerberg) num canto com vista para as árvores, acendi minhas velas e me senti no paraíso.
A parte chata é que a internet não funcionava mais nesse quarto.
Por algum motivo o wi-fi simplesmente não chegava aqui – mas só no desktop, porque os celulares funcionavam perfeitamente. Risos. Levei algumas semanas para entender o problema: o meu transceiver (a parte do computador responsável por enviar/receber o sinal de internet) não estava dando conta do recado. Solução: comprei um transceiver externo e boom. Internet up and running again. Ok, o PC continua lento (o que também não ajuda a atualizar blog), mas aí a culpa é do Windows ou do hard drive. E como eu vou ter que pagar pra descobrir e resolver, deixei essa bomba para 2022.
Ufa. Deixa eu respirar.
Então, vamos lá tentar de novo. Não tenho nada de muito interessante para o “show-and-tell” de hoje além dessas pequenas vignettes do quarto novo e fotos de celular de um rainy saturday particularmente gostoso em Shoreditch – que junto com o Soho é um dos meus pedaços favoritos da cidade. Boa companhia, comfort food, fachadas coloridas, os muros cobertos de street art, as luzes dos letreiros refletidas em poças d’água… A alegria dos pluviófilos que acham que a chuva tem um efeito pacificador e deixa o mundo mais bonito.
Estamos no último mês desse ano estranho. As notícias por aqui não são muito animadoras: outra sombra de apreensão às vésperas de um Natal que estava sendo tão esperado, já que no último estávamos em pleno lockdown. Dessa vez estamos mais equipados, é verdade; mas ainda assim a decepção das pessoas é palpável. Fora o cancelamento dos nossos modestos planos de viagem no ano novo a minha rotina será quase a mesma, mas para muitas famílias o Natal é uma das raras oportunidades do ano em que podem se reunir. Sinto tanto por elas. E por todos os profissionais de saúde que podem estar se preparando para outra temporada difícil.
Essa incógnita sobre o futuro é quase tão ruim quanto a certeza de que tudo vai dar errado. Mas a vantagem da incerteza é que ela deixa espaço para a esperança. E nesse fim de ano eu escolhi cultivá-la. Ler menos notícias ruins, ler mais livros, manter contato com amigos, escrever cartas, reforçar a convicção de que estamos fazendo o melhor que podemos. Vai dar certo. ♥
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