eu sempre achei que no topo da Lista de Desculpas Esfarrapadas do Manual do Fotógrafo Ruim estava o famoso “as fotos não fazem justiça ao lugar”. a gente costuma tirar essa da manga quando não soube fazer justiça ao lugar, mas não quer dar o braço a torcer. risos. acredito que seja possÃvel fazer foto boa em praticamente qualquer canto do planeta - mas reconheço que levar pra um lugar bonito uma câmera cujo sensor necessita de limpeza e cuja lente grande angular está com defeito e não consegue fazer foto de, well, “ângulos grandes” devia ser punido com a cassação da carteirinha de blogueira (a de fotógrafa eu nunca tive, sorry).
mas se é que existe realmente uma meia dúzia de lugares nesse imenso planeta a que fotos realmente não fazem justiça então as highlands talvez sejam um deles. tentar trazer para um jpg de 700x1050 pixels toda a glória do ben nevis (o ponto mais alto do reino), do sol brilhando feito glitter no mar da ilha de skye e dos inacreditáveis vales de glen coe poderia até resultar numa foto bonitinha - caso minha grande angular não fosse uma grande filhadamãe - mas que não vai fazer o seu queixo despencar como a realidade faria.
é uma vibe totalmente diferente do countryside inglês, onde tudo parece ter sido feito à mão para deliciar os olhos. aqui eles simplesmente cortaram uma estrada ruim no meio da natureza bruta, pura e intocada que se esfrega na sua cara por quilômetros e mais quilômetros de imensidão onde você se sente um inseto. the luckiest bug alive.
eu *ainda* estou editando fotos (mais de 400 pra selecionar/redimensionar/ajustar/etc - paciência) e fazendo o possÃvel para não me esquecer onde elas foram feitas. mas no fundo não importa. esses são apenas alguns registros aleatórios das highlands - da janela do carro, com tempo nublado, sob neve, à noite, com sol demais, com lente travando, com o ISO errado que eu esqueci de ajustar e que mesmo visualmente imperfeitos são momentos de surpresa, encantamento, estranhamento, engraçados ou de pura alegria por estar viva que eu quero guardar. essas imagens não são as memórias que fiz, mas ajudam a evocá-las.
enquanto os pneus deslizavam por vales cortados em meio a montanhas de proporções absurdas (para os meus padrões de east anglia, flat. as. a. pancake.) e o CD player alternava entre músicas escocesas com gaita de fole e a playlist de indies atmosféricas que eu escolhi como trilha sonora da viagem eu deixava a câmera guardada e meus olhos livres. não há lentes melhores que eles anyway.
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