Wednesday, February 22, 2017

Oh love, luck and money, go to my head like wildfire









na infância eu vestia...
coisas que minha mãe costurava (versões miniatura de camisas de adulto, saias "balonê", vestidos de verão estampados...) e roupas que meu pai, que trabalhava numa empresa de transportes, ganhava de brinde dos representantes de produtos automotivos e postos de gasolina. ou seja, muita camisetinha promocional com logo da texaco, da michelin, pneus goodyear e óleos castrol.

meu quarto era...
completamente desprovido de privacidade. para chegar ao quarto dos meus pais era preciso passar pelo meu, porque a casa não tinha corredor. na verdade meus pais deixaram de dormir juntos poucos anos depois que eu nasci (o casamento veio a fraturar mais tarde). eu dormia na cama de casal com minha mãe, e meu pai na minha cama de solteiro branca com detalhes dourados - very girlie. apesar de eu não dormir nele o meu quarto-corredor foi "crescendo" comigo, mudando de acordo com a minha idade e os meus interesses. a estante de vime que comprei com os dólares que afanei do meu pai (contei pra ele depois, ok?), o quadro gigante da madonna, os quadrinhos pequenos, bordados à mão, com trechos de músicas dos smiths e a escrivaninha com o meu primeiro computador; não havia internet e ele servia para escrever cartas, imprimir etiquetas de endereço para decorar meus envelopes e jogar joguinhos de DOS como herectic e doom. depois que eu e minha mãe saímos daquela casa para sempre meu pai herdou a minha cama em definitivo; dorme nela até hoje.

quando eu era adolescente eu...
era introvertida (não tímida, favor não confundir) e nutria as paixões óbvias dos jovens antisociais: livros, música e cinema. sonhava em viajar pelo mundo, tinha poucos amigos e alguns desafetos, não gostava de estudar e provavelmente assistia televisão demais. vivia às turras com meu pai e por isso "fugia" de casa com frequência; pequenas viagens pelo sul/sudeste onde eu dormia no ônibus e tomava banho em rodoviárias para economizar hotel. passei um tempo em são paulo e outro morando na zona sul do rio, no casarão de uma tia casada com um gringo rico. fui metaleira, gótica, indie, balconista de videolocadora, musa de rádio pirata, interesse romântico de meninos de 12 anos e homens de 45 (não retribuídos), amiga por correspondência, frequentadora de festas em prostíbulos, alcóolatra in training, metade de um relacionamento aberto, rainha dos selfies de webcam no fotolog e a última das minhas amiguinhas a pedir barbie de presente de natal - bem, ainda peço. quase nada me dava mais prazer do que perambular pelo saara nos fins de semana comprando quinquilharias, aproveitar as promoções de cds nas lojas americanas e sentar em alguma mureta de beira de estrada vendo o fim de semana dos outros passar por mim em alta velocidade.









quando eu crescesse eu queria ser...
nunca fiz muitos planos para o futuro, que era uma grande incógnita mas nem por isso assustador. não tinha vocação para carreiras e toparia qualquer uma que me permitisse morar sozinha e mobiliar meu cafofo nas casas bahia. eu passava horas escolhendo e circulando camas, sofás e armários de cozinha em anúncios de jornal e fazendo contas com a minha querida calculadora sharp para saber quanto eu iria gastar. :)

um momento seminal da minha vida...
decidir abandonar uma faculdade pública já na reta final, durante o estágio, a fim de preservar a minha saúde mental. fui acusada de louca e irresponsável, mas acredito ter sido uma das melhores decisões que tomei na vida. as duas horas de viagem por dia (só de ida), o bullying de colegas e professores e a falta de apoio doméstico (eu passava o dia todo fora, só com o dinheiro da passagem) são as desculpas oficiais - e muito válidas, inclusive. mas o que me deu o impulso pra chutar tudo pelos ares foi a sensação de que todo aquele sacrifício era em vão, porque o meu destino não estava ligado àquele curso. de alguma forma eu sempre soube.





eu nunca pensei que eu...
me casaria com alguém ou moraria fora do país. but here i am. é chato ter que dar o braço a torcer e engolir palavras, por isso mantenho todas as opções em aberto - até as que parecem esdrúxulas/inconcebíveis. beberei de qualquer água dependendo da sede, e reconhecer isso poupa muito conflito interno/constrangimento público. eu recomendo.

eu aprendi a...
guardar opiniões/informações pessoais para mim mesma e só compartilhar as mais inócuas, não ser sempre a "sincerona" e manter uma hipocrisia funcional, ver nuances nas questões ao invés do preto X branco, sempre esperar o pior das pessoas, comer menos carboidratos quando possível mas sem eliminá-los completamente da minha vida (life can be miserable enough even with cake), cortar o soluço fazendo exercícios respiratórios, viver com menos (dinheiro, comida, gente, expectativas), viver com mais (dinheiro, quilos, tempo, calma), priorizar relacionamentos que saibam respeitar o meu tempo, me afastar de gente viciada em drama, abrir o vidro de maionese sem esforço batendo com a tampa na quina da mesa, admitir que não sou uma pessoa fundamentalmente gostável, aceitar minha falta de talento e que nem todo mundo nasceu para "fazer diferença", receber elogios com um pé atrás e me bastar (apesar da vozinha interna conformista me chamando de anormal), porque eu funciono melhor assim.







eu sei...
mexer uma sobrancelha só, fazer um bolo de limão passável e uma farofa de ovo + bacon inesquecível, cantar em japonês (sem entender quase nada), enxergar beleza nas coisas mais mundanas, a letra de quase todas as músicas dos meus artistas preferidos, citações de vários filmes que vou incluir frequentemente em conversas, que estou no mundo a passeio e não há nada de errado com isso.

eu compartilho coisas na internet porque...
tenho tempo, tenho ócio, aprecio o feedback e gosto de manter sites bonitinhos. dito isso, desde o ano passado minhas redes sociais estão dying a death e a causa mortis é uma preguiça indizível de existir digitalmente. não tenho sacadas geniais para o twitter, percebo que não tenho a vida certa para o instagram, não sou de esquerda/direita o suficiente para pertencer a panelinhas no facebook e não sou interessante o bastante pra manter no whatsapp. sinto que estou ocupando espaços indevidos na internet e preferindo manter diários de papel, boards privados no pinterest e contas alternativas no instagram. será 2017 o fim de uma era?

se eu tivesse uma manhã inteiramente para mim eu...
eu tenho quase todas livres para mim. café com leite, jornais, banhos longos, planejar uma saída, um café/almoço com um(a) amigo(a) ou passar a manhã lendo/cuidando das suculentas/envolvida com papéis e washi tapes. não ter um emprego fixo significa dinheiro pouco e imprevisível, mas nada que eu possa comprar é mais importante ou prazeroso do que não temer as segundas feiras e a interação forçada com imbecis. ainda há muito por fazer, histórias por viver e riscos que eu preciso correr, mas o pouco que tenho hoje é mais do que o máximo com que eu me permitia sonhar ontem. this is something.



3 Comments:

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