Sábados de sol não podem ser desperdiçados, menos ainda quando a previsão para o domingo é tempestade com direitos a relâmpagos e trovões. So off I went into the sun (ou melhor, into the trem pra Kings Road).
Muito tijolinho vermelho rico, pouco bolo. Quer dizer, há inúmeros cafés ao longo da rua, mas eles são quase sempre da modalidade “posh” ou “hipster”, significando bolo vegano (sorry, but no), bolo com legumes na massa (nah), bolo cheio de nozes ou sementes (nope, nope), “patisseries” (o único bolo decente inventado na França atende pelo nome de Madeleine e raramente se encontra à venda em cafés), e prateleiras e mais prateleiras de brownies orgânicos (nope!). Ou seja, passei uma hora andando no sol, adentrando café após café e saindo invariavelmente desapontada - ora com o hipsterismo ou com o preços.
Esses aqui apesar de meio posers eram fofos, uma espécie de mini-bolinhos. Mas eu me recusei a pagar quatro dinheiros num bolo do tamanho de um cupcake que ia acabar em duas mordidas. E note as etiquetas de preço viradas para dentro da loja - ou seja, pra saber o tamanho do estrago na conta bancária você tinha que entrar, ser recepcionada pelo semblante azedo da mocinha bonita paga pra ficar na porta fazendo terror psicológico (CAN. I. HELP. YOU?), olhar o preço, desistir, sorrir amarelo pra moça bonita (a essa hora já pressentindo a sua intenção de vazar e te fuzilando com olhares que são puro bullying silencioso: “BITCH IS POOR, BITCH GOT NO MONEY”) e sair pra rua se sentindo um personagem de Os Miseráveis. Damn…
Para completar, percebi que a loja que eu tinha vindo procurar fechou há mais de um ano. Damn 2.
Qual não foi meu alívio quando, já voltando derrotada pra estação e dando minha empreitada por perdida, eu avistei um café do outro lado da rua em cuja vitrine reluzia em tecnicolor vermelho um red velvet que eu não ia precisar vender meu relógio pra comprar. E mais: o recheio estava com uma cara boa e a massa, apesar do aspecto anguzento, não parecia das piores em termos de textura. Sentei né. :)
Ok. Vamos por partes. Não é que o bolo estivesse ruim, mas só depois da primeira garfada eu percebi que o creme não era buttercream, como eu havia imaginado, e sim cream cheese. Eu sei que cream cheese é relativamente tradicional em red velvets, mas o fato é que eu não gosto muito de cream cheese e aquele estava particularmente doce e enjoativo. E o dia estava quente, o cream cheese estava gosmento e eu cismei que estava estragado. Como um dos meus maiores medos secretos (ok, agora nem tão secreto) é ter crise de piriri no meio da rua eu discretamente enrolei o bolo num guardanapo, enfiei na bolsa e saí. Não sem antes jogar o copo com metade do flat white no lixo, porque se é pra engolir coisa amarga eu prefiro jiló frito, thanks.
Logo em seguida eu raciocinei que se o bolo não estava OK pra comer naquele momento estaria ainda pior pra comer mais tarde, depois de um dia de calor dentro da minha bolsa. E se piriri na rua é pior do que piriri doméstico isso não quer dizer que eu me arriscaria a um piriri só porque poderia usar minha privada no conforto do meu lar. Suspirei, dei uma chorada interna e três quarteirões depois “enlixei” o bolo também.
Eu tô seriamente considerando parar de comer bolo na rua, o que infelizmente não vai ser possível por motivos de trabalho mas olha, as decepções só vão se acumulando. Tá foda, Brigitte.
Dei mais uma rodadas pela área e resolvi pegar o metrô pra Bayswater a fim de comprar junk food asiática em Queensway. Descendo na estação eu pus o pé na rua e me senti em casa (eu realmente gosto daquela muvuca multicultural), cercada de restaurantes e bares e pensei que teria dado mais certo ter vindo almoçar ali.
Opa Gangnam Style! :)
Comprei steamed pork buns, takoyaki, onigiri com recheio de salmão, bebidas e fui fazer piquenique no parque.
Essa garrafa de Ramune à direita… Bem, digamos que eu fiquei feliz por ter alguém para abrir pra mim, assim poupando transeuntes de presenciar meu ataque de pelanca. Porque a que eu comprei pra levar pra casa e tentei abrir no dia seguinte… Não fosse a faca de ponta que peguei na cozinha eu estaria ainda xingando três gerações de japoneses pela idéia genial de vedar uma garrafa com uma bolinha de gude na pressão.
Passei na charity shop onde apreciei uns Kurt Cobains na parede mas nada comprei e, bucho cheio de carboidratos, peguei meu trem pra casa e chutei o pau da barraca pedindo um curry por telefone. E assim terminou outro sábado de sol no Reino. Burp. ♥
♪ ♩ ♫ ♬ Blister in the Sun - Violent Femmes
Muito tijolinho vermelho rico, pouco bolo. Quer dizer, há inúmeros cafés ao longo da rua, mas eles são quase sempre da modalidade “posh” ou “hipster”, significando bolo vegano (sorry, but no), bolo com legumes na massa (nah), bolo cheio de nozes ou sementes (nope, nope), “patisseries” (o único bolo decente inventado na França atende pelo nome de Madeleine e raramente se encontra à venda em cafés), e prateleiras e mais prateleiras de brownies orgânicos (nope!). Ou seja, passei uma hora andando no sol, adentrando café após café e saindo invariavelmente desapontada - ora com o hipsterismo ou com o preços.
Esses aqui apesar de meio posers eram fofos, uma espécie de mini-bolinhos. Mas eu me recusei a pagar quatro dinheiros num bolo do tamanho de um cupcake que ia acabar em duas mordidas. E note as etiquetas de preço viradas para dentro da loja - ou seja, pra saber o tamanho do estrago na conta bancária você tinha que entrar, ser recepcionada pelo semblante azedo da mocinha bonita paga pra ficar na porta fazendo terror psicológico (CAN. I. HELP. YOU?), olhar o preço, desistir, sorrir amarelo pra moça bonita (a essa hora já pressentindo a sua intenção de vazar e te fuzilando com olhares que são puro bullying silencioso: “BITCH IS POOR, BITCH GOT NO MONEY”) e sair pra rua se sentindo um personagem de Os Miseráveis. Damn…
Para completar, percebi que a loja que eu tinha vindo procurar fechou há mais de um ano. Damn 2.
Qual não foi meu alívio quando, já voltando derrotada pra estação e dando minha empreitada por perdida, eu avistei um café do outro lado da rua em cuja vitrine reluzia em tecnicolor vermelho um red velvet que eu não ia precisar vender meu relógio pra comprar. E mais: o recheio estava com uma cara boa e a massa, apesar do aspecto anguzento, não parecia das piores em termos de textura. Sentei né. :)
Ok. Vamos por partes. Não é que o bolo estivesse ruim, mas só depois da primeira garfada eu percebi que o creme não era buttercream, como eu havia imaginado, e sim cream cheese. Eu sei que cream cheese é relativamente tradicional em red velvets, mas o fato é que eu não gosto muito de cream cheese e aquele estava particularmente doce e enjoativo. E o dia estava quente, o cream cheese estava gosmento e eu cismei que estava estragado. Como um dos meus maiores medos secretos (ok, agora nem tão secreto) é ter crise de piriri no meio da rua eu discretamente enrolei o bolo num guardanapo, enfiei na bolsa e saí. Não sem antes jogar o copo com metade do flat white no lixo, porque se é pra engolir coisa amarga eu prefiro jiló frito, thanks.
Logo em seguida eu raciocinei que se o bolo não estava OK pra comer naquele momento estaria ainda pior pra comer mais tarde, depois de um dia de calor dentro da minha bolsa. E se piriri na rua é pior do que piriri doméstico isso não quer dizer que eu me arriscaria a um piriri só porque poderia usar minha privada no conforto do meu lar. Suspirei, dei uma chorada interna e três quarteirões depois “enlixei” o bolo também.
Eu tô seriamente considerando parar de comer bolo na rua, o que infelizmente não vai ser possível por motivos de trabalho mas olha, as decepções só vão se acumulando. Tá foda, Brigitte.
Dei mais uma rodadas pela área e resolvi pegar o metrô pra Bayswater a fim de comprar junk food asiática em Queensway. Descendo na estação eu pus o pé na rua e me senti em casa (eu realmente gosto daquela muvuca multicultural), cercada de restaurantes e bares e pensei que teria dado mais certo ter vindo almoçar ali.
Opa Gangnam Style! :)
Comprei steamed pork buns, takoyaki, onigiri com recheio de salmão, bebidas e fui fazer piquenique no parque.
Essa garrafa de Ramune à direita… Bem, digamos que eu fiquei feliz por ter alguém para abrir pra mim, assim poupando transeuntes de presenciar meu ataque de pelanca. Porque a que eu comprei pra levar pra casa e tentei abrir no dia seguinte… Não fosse a faca de ponta que peguei na cozinha eu estaria ainda xingando três gerações de japoneses pela idéia genial de vedar uma garrafa com uma bolinha de gude na pressão.
Passei na charity shop onde apreciei uns Kurt Cobains na parede mas nada comprei e, bucho cheio de carboidratos, peguei meu trem pra casa e chutei o pau da barraca pedindo um curry por telefone. E assim terminou outro sábado de sol no Reino. Burp. ♥
♪ ♩ ♫ ♬ Blister in the Sun - Violent Femmes
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