Meu primeiro emprego propriamente dito (se você descontar a ausência de carteira assinada) foi numa locadora de vídeo situada bem no meio do mapa da cidade do Grande Rio onde eu nasci. Na começo da adolescência eu ouvi falar da inauguração de uma locadora nova e chique no bairro; grande, com direito a fila fazendo voltinhas no quarteirão porque tinha ar condicionado, um acervo gigantesco, cartãozinho de plástico com letras metalizadas e em relevo para os clientes, bebedouro com água gelada, cafezinho e aparentemente as atendentes eram gatas.
De onde concluímos que não foi nessa aí que eu fui trabalhar. Risos.
A que me empregou também ficava no centro, porém era mais modesta em termos de metragem, gêneros cinematográficos (“Cinema alternativo? A alternativa é procurar outra locadora, rárá”) e exigência estética; e se um cliente reclamasse de sede receberia primeiro um olhar desconfiado e, caso insistisse, um copo de água morna da torneira que nós, os atendentes sem cara de modelos de anúncio da Guess, pegávamos na micro cozinha - composta por 01 pia, 03 copos, 01 microondas e 01 frigobar que não gelava nada. O cartão era de papel plastificado (o plástico era fino e descascava logo) e quase toda semana alguém aparecia tentando alugar uma fita VHS com algo que lembrava uma escultura abstrata de papel machê - mas que na verdade era só o nosso cartão, depois de um ciclo na máquina de lavar roupas tendo sido esquecido no bolso traseiro do jeans.
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