Enquanto no Brasil vocês estavam fritando ovo no asfalto por aqui andou chovendo MUITO. Quer dizer, é quase redundância falar de chuva na Inglaterra, mas até quem nasceu e foi criado aqui já estava de saco cheio. À chuva adicione o vento (muita gente ficou sem eletricidade) e, por causa dos rios que transbordaram, diversas áreas se viram debaixo d'água. No dia dos namorados uma onda QUEBROU o vidro de uma janela de um navio CRUZEIRO (que, em tese, devia estar preparado para lidar com chiliques oceânicos?) e saiu arrastando os casais que curtiam um jantarzinho romântico em alto mar. Uma pessoa morreu. Sente a vibe.
Aqui em Londres a ventania pegou *relativamente* leve, mas sexta à noite os ventos uivavam tanto lá fora que eu fiquei esperando Cathy Earnshaw bater na minha janela pedindo pra entrar com a voz da Kate Bush. Desci em Islington, me apaixonei por uma bolsa num brechó e me pus a procurar um caixa rápido porque possuía zero dinheiros; foi aí que os céus se abriram.
Como sempre faço, escolhi a dedo o pior dia possível pra pôr os pés na rua. O departamento de previsão do tempo aqui na ilhona poderia inclusive dispensar aparelhos e satélites e se guiar apenas por mim. Lolla vai ficar em casa hoje? Tempo firme, períodos de sol. Lolla vai sair? TEMPESTADE. Exceto se ela tiver saído com aquele guarda-chuva vagabundo de 3 libras da Primark; aí é TEMPESTADE DE VENTO.
Entrei num café para fazer joguinhos de paciência com a chuva; basicamente ver quem enche o saco primeiro, eu ou ela. Pedi um café preto (tô evitando lactose esses dias; carbs are not welcome) e perguntei se havia creme. Perguntei de ZUA, claro, porque o lugar tinha cara de moderninho, as xícaras “rústicas” lembravam penicos (vide foto) e a vendedora era tão hipster que só faltou me responder que creme de leite era “muito mainstream”, mas que eles tinham leite de búfalas albinas nepalesas. Apenas fez cara de irônica (de um jeito fofo) e respondeu “we have MILK” e eu pensei “enfia na bunda” mas disse apenas “obrigada, fica sendo preto, mesmo”.
Não existe amor, nem creme de leite em Islington. Maldita classe média socialista que odeia tudo o que é bom.
Pelo menos o café era decente; forte sem ser amargo e bastante bebível. O que é uma benção, em se considerando que eu ia usar adoçante. Folheei journals de 2012, roubei flyers, fiz lista nas notas do iphone, li trechos aleatórios dos livros que havia comprado na Book Warehouse e prestei atenção na chuva. ARREGA, INFELIZ. E nada de arrêgo ser pedido. Fazer o quê? Arreguei eu. Fui embora. E o pior é que aquele papo de guarda chuvas vagabundo da Primark não era licença poética; era verdade e foi ele mesmo que eu tirei da bolsa para encarar a tempestade de vento que começava a se instalar. Joinha.
Marilyn Monroe near Angel station
Desentortado o chapéu eu até achei o caixa rápido – mas aí já encharcada, de péssimo humor e carregando sacola pesada (os livros eram capa dura e enormes) não tinha mais clima pra sacar ou fazer compras. Do que muito me arrependi, porque a bolsa era mesmo uma gracinha e CINCO E CINQUENTA. Cheguei à estação pingando água, com o guarda chuva em formato de bacia e me deparo com o seguinte no quadro de anúncios:
Não poderia concordar mais.
Fuck this weather, I’m going home.
Aqui em Londres a ventania pegou *relativamente* leve, mas sexta à noite os ventos uivavam tanto lá fora que eu fiquei esperando Cathy Earnshaw bater na minha janela pedindo pra entrar com a voz da Kate Bush. Desci em Islington, me apaixonei por uma bolsa num brechó e me pus a procurar um caixa rápido porque possuía zero dinheiros; foi aí que os céus se abriram.
Como sempre faço, escolhi a dedo o pior dia possível pra pôr os pés na rua. O departamento de previsão do tempo aqui na ilhona poderia inclusive dispensar aparelhos e satélites e se guiar apenas por mim. Lolla vai ficar em casa hoje? Tempo firme, períodos de sol. Lolla vai sair? TEMPESTADE. Exceto se ela tiver saído com aquele guarda-chuva vagabundo de 3 libras da Primark; aí é TEMPESTADE DE VENTO.
Entrei num café para fazer joguinhos de paciência com a chuva; basicamente ver quem enche o saco primeiro, eu ou ela. Pedi um café preto (tô evitando lactose esses dias; carbs are not welcome) e perguntei se havia creme. Perguntei de ZUA, claro, porque o lugar tinha cara de moderninho, as xícaras “rústicas” lembravam penicos (vide foto) e a vendedora era tão hipster que só faltou me responder que creme de leite era “muito mainstream”, mas que eles tinham leite de búfalas albinas nepalesas. Apenas fez cara de irônica (de um jeito fofo) e respondeu “we have MILK” e eu pensei “enfia na bunda” mas disse apenas “obrigada, fica sendo preto, mesmo”.
Não existe amor, nem creme de leite em Islington. Maldita classe média socialista que odeia tudo o que é bom.
Pelo menos o café era decente; forte sem ser amargo e bastante bebível. O que é uma benção, em se considerando que eu ia usar adoçante. Folheei journals de 2012, roubei flyers, fiz lista nas notas do iphone, li trechos aleatórios dos livros que havia comprado na Book Warehouse e prestei atenção na chuva. ARREGA, INFELIZ. E nada de arrêgo ser pedido. Fazer o quê? Arreguei eu. Fui embora. E o pior é que aquele papo de guarda chuvas vagabundo da Primark não era licença poética; era verdade e foi ele mesmo que eu tirei da bolsa para encarar a tempestade de vento que começava a se instalar. Joinha.
Marilyn Monroe near Angel station
Desentortado o chapéu eu até achei o caixa rápido – mas aí já encharcada, de péssimo humor e carregando sacola pesada (os livros eram capa dura e enormes) não tinha mais clima pra sacar ou fazer compras. Do que muito me arrependi, porque a bolsa era mesmo uma gracinha e CINCO E CINQUENTA. Cheguei à estação pingando água, com o guarda chuva em formato de bacia e me deparo com o seguinte no quadro de anúncios:
Não poderia concordar mais.
Fuck this weather, I’m going home.
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