Achei numa pasta de cópia
de itens enviados do Outlook. De 2002, eu acho. Fiquei aliviada quando
percebi que achei mais engraçado que triste.
“Sim, é isso - rir e gozar são as vinganças possíveis, e eu acho que estou mal justamente por querer o impossível, me fingindo de esperta e não aceitando que o sublime não está ao alcance. Eu gostaria de dar de cara com um retrospecto mais ou menos feliz quando desse aquela olhadinha pra trás daqui a alguns anos, mas no momento acho que estou presa no passado de forma meio obsessiva, por ansiedade quanto ao futuro e porque já me vejo repetindo os erros óbvios que devia ter aprendido a evitar. Tenho medo que eles se transformem em padrão de comportamento. Eu estou *sempre* meio triste embora faça as pessoas rirem e elas me achem divertida e eu beba gargalhando em festinhas e eu acredite que não tenho depressão porque fico feliz quando o tempo amanhece nublado + o barulho da chuva no vidro da janela + o cheiro da terra molhada depois + borboletas batendo asinhas entre os raios de sol - cê sabe, esses clichês de felicidade barata e possível, esses prêmios de consolação por não estar num iate em St. Tropez bebendo Bellinis com o amor da sua vida e a barriga da Gisele Bundchen. Mas por sorte eu não preciso extrair a fórceps a beleza das coisas, elas me pulam na cara mesmo e bom, pelo menos isso. Só que anos atrás eu menti para um médico, e ele percebeu, porque me receitou um anti-depressivo tão fraco que eu tinha que rir pra minha cara no espelho e dar rodopios na frente da minha mãe para que ela achasse que o remédio estava funcionando. Não estava. Minha tristeza não era química e a solução teria custado menos do que a conta da farmácia.”
“Sim, é isso - rir e gozar são as vinganças possíveis, e eu acho que estou mal justamente por querer o impossível, me fingindo de esperta e não aceitando que o sublime não está ao alcance. Eu gostaria de dar de cara com um retrospecto mais ou menos feliz quando desse aquela olhadinha pra trás daqui a alguns anos, mas no momento acho que estou presa no passado de forma meio obsessiva, por ansiedade quanto ao futuro e porque já me vejo repetindo os erros óbvios que devia ter aprendido a evitar. Tenho medo que eles se transformem em padrão de comportamento. Eu estou *sempre* meio triste embora faça as pessoas rirem e elas me achem divertida e eu beba gargalhando em festinhas e eu acredite que não tenho depressão porque fico feliz quando o tempo amanhece nublado + o barulho da chuva no vidro da janela + o cheiro da terra molhada depois + borboletas batendo asinhas entre os raios de sol - cê sabe, esses clichês de felicidade barata e possível, esses prêmios de consolação por não estar num iate em St. Tropez bebendo Bellinis com o amor da sua vida e a barriga da Gisele Bundchen. Mas por sorte eu não preciso extrair a fórceps a beleza das coisas, elas me pulam na cara mesmo e bom, pelo menos isso. Só que anos atrás eu menti para um médico, e ele percebeu, porque me receitou um anti-depressivo tão fraco que eu tinha que rir pra minha cara no espelho e dar rodopios na frente da minha mãe para que ela achasse que o remédio estava funcionando. Não estava. Minha tristeza não era química e a solução teria custado menos do que a conta da farmácia.”
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