E aí chega o dia em que você precisa aceitar a real: que a sua melhor forma de ganhar certas discussões é se retirando delas. Os seus argumentos podem até ser melhores, só que eles não convencem. Nem sempre a verdade é convincente. E nessa hora, para poupar tempo, retórica e economizar humilhação, você pega o seu banquinho e sai de fininho. Esperando que notem porque, de certa maneira, aí está a sua única vitória possível. Mas você sabe que não vão notar a sua ausência. Até porque talvez você já estivesse ausente sem perceber. Talvez seus interlocutores tenham saído antes, muito antes de você se dar conta de que não havia mais discussão alguma e você esteve falando sozinho esse tempo todo.
Melhor coisa que eu trouxe de Nova Iorque.
Outro dia, logo depois que voltei do Rio, estava saindo pra encontrar uma amiga e o frio me pegou no meio do caminho. Eu achava que estava vestida de acordo: calça, pulôver*, camiseta por baixo do pulôver, jaqueta por cima de tudo, cachecol, chapéu, luvas, meias e bota. "O que diabos eu esqueci??" me perguntava, sem saber como justificar o frio tendo aparentemente seguido à risca as regrinhas sartoriais para essa época do ano. Daí me ocorreu: a única coisa que eu havia esquecido, nessas breves sete semanas de veranico carioca, foi COMO ERA SENTIR FRIO.
Relax. Pus os fones de ouvido. Australia, The Shins. A neve ainda não derretida da semana anterior (por conta do clima subzero) solidificada cantos das ruas. As luzes das casas começando a acender, os dias ficando mais longos novamente, a espera pelas primeiras snowdrops assim que a temperatura subir mais um pouco. Enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta, assobiei alto e percebi que aquele era o momento quando, depois de uma temporada longe daqui, finalmente me sinto oficialmente de volta. And I was so very glad to be back.
Onde até pegar um engarrafamento pode ser um breve privilégio.
* É essa a grafia de pullover em português? Da mesma forma que esquimós tem oitocentos mil nomes diferentes para neve, ingleses têm novecentas mil maneiras diferentes de chamar aquilo que brasileiros, desacostumados com a peça, simplesmente entendem por CASACO. :)
Melhor coisa que eu trouxe de Nova Iorque.
Outro dia, logo depois que voltei do Rio, estava saindo pra encontrar uma amiga e o frio me pegou no meio do caminho. Eu achava que estava vestida de acordo: calça, pulôver*, camiseta por baixo do pulôver, jaqueta por cima de tudo, cachecol, chapéu, luvas, meias e bota. "O que diabos eu esqueci??" me perguntava, sem saber como justificar o frio tendo aparentemente seguido à risca as regrinhas sartoriais para essa época do ano. Daí me ocorreu: a única coisa que eu havia esquecido, nessas breves sete semanas de veranico carioca, foi COMO ERA SENTIR FRIO.
Relax. Pus os fones de ouvido. Australia, The Shins. A neve ainda não derretida da semana anterior (por conta do clima subzero) solidificada cantos das ruas. As luzes das casas começando a acender, os dias ficando mais longos novamente, a espera pelas primeiras snowdrops assim que a temperatura subir mais um pouco. Enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta, assobiei alto e percebi que aquele era o momento quando, depois de uma temporada longe daqui, finalmente me sinto oficialmente de volta. And I was so very glad to be back.
Onde até pegar um engarrafamento pode ser um breve privilégio.
* É essa a grafia de pullover em português? Da mesma forma que esquimós tem oitocentos mil nomes diferentes para neve, ingleses têm novecentas mil maneiras diferentes de chamar aquilo que brasileiros, desacostumados com a peça, simplesmente entendem por CASACO. :)
muito bom quando nosso coração sossega e nosso lar é encontrado. =)
ReplyDeletee as fotos, como sempre, lindas. parabéns.
-niny
ehehhe, que delícia de fotos! ultimamente tenho me sentido bem assim, como você escreveu lá no início! mas, no meu caso, eu prefiro me retirar porque as pessoas envolvidas não conseguer lidar com o "é, ele tem razão"! então prefiro nem participar! = P
ReplyDeleteEu nao sei se eh a grafia ccerta em portugues mas lembrei de quando eu tava na Inglaterra e minha sogra disse que eu precisava comprar um 'jumper'. Eu nunca vou esquecer a risada dela quando eu perguntei 'what's a jumper?' hahaha Po, eh um sweater carai, nao ri da minha cara pq eu nao sei o q eh um jumper. hahahahahha Eu achava que ela tava falando de uma jardineira lol
ReplyDeletePoxa! Que inveja! Odeio este verão!
ReplyDeleteOlá Querida!
ReplyDeleteAcompanho seu blog já faz um ano e definitivamente me apaixonei por ele, qndo entrei fiquei voltando pra ver os post anteriores e suas fotos maravilhosas... Acompanhei seu drama/férias de fim de ano e muitas vezes me senti como vc... ai ai viu...
Que bom que voltou e que está postando com mais frequência. Adoro o jeito como escreve e AMOOOO suas fotos.
Bjus Querida!
PS: Nunca vi alguem que detestasse tanto o calor escaldante do Brasil como eu, pena que eu ainda moro aqui...
Liz Rodrigues
Seu primeiro parágrafo é meu lema na vida. Pra que desperdiçar saliva com quem não quer ouvir? Preguiça...
ReplyDeleteSuas fotos, lindas como sempre. Ah, Londres! Suspiro muito. Meu sonho essas suas plagas!
Gente, vou comprar esse livro na Amazon? Antes que eu entre na vibe Columbine e compre uma .12?
ReplyDeleteEu sou retardada e chamo pullover de... Pullover. Mas de acordo com São Google, você acertou.
ReplyDeleteCara, desde a sua viagem a NY que eu tô curiosíssima com esse livro. Faz um post maior sobre ele?
(aquelas)
Olha, eu já evito até as discussões. Faço aquela cara de paisagem deixando claro que não concordo mas também sem falar o que eu penso. A pessoa fica alí tagalerando problemas, esperando que eu a apoie e eu fico ali só ouvindo. Já fui de tentar ir até o final com aquela ideia de "mas ele tem que entender'. Mas né, não é bem por aí.
ReplyDeleteEnfim, com o tempo a gente aprende a lidar com os que estão ao nosso redor.
Ah, pra variar. Adorei as fotos!
Ahh Londres!
ReplyDeleteEstou aqui sonhando acordada com suas fotos.
preciso aplicar mais o pensamento do início do post a minha vida. eu sempre teimo em continuar discutindo a questão. o que só me faz mal e não resolve absolutamente nada.
ReplyDeleteai londres, um dia eu chego aí! ;)
Que loucura, né?? Por aqui tá quente pra caramba! Estou até com saudades do inverno
ReplyDelete( isso até ele chegar...) hahahahahahahaha.
Dessa vez as fotos ficaram com uma luz diferente, especial, parece que é um lugar mágico... Só parece??...
Olha, seu primeiro texto falando sobre discursões foi , sei la, pra mim ! rsrsrs eu estou passando EXATAMENTE por isso no meu dia a dia e sinceramente, suas palavras foram a tradução de minha alma. Não adianta falar falar falar, porque falam junto com você e ao mesmo tempo que vocÊ quer que os outros escutem você, eles também querem, AO MESMO TEMPO, que você os escutem. e na maioria das vezes é um assunto que não dá em nada.. As vezes eu me pergunto se as pessoas, ainda sabem escutar permanecendo caladas, porque eu, no momento que sou interrompida, paro da falar na mesma hora, enquanto existem pessoas que são interrompidas e contuam, ou seja, fica uma discursão de quem vai ser escutado, quem fala mais alto e no final ninguém escuta nada rs. isso CANSA. cansa a você? e o pior de tudo é que isso acontece o tempo todo, com todas as pessoas ao seu redor. hoje em dia já não existe mais aquele tipo de educação do "eu só escuto enquanto você fala e você spo escuta enquanto eu falo." parece até discursão de crianças.
ReplyDeletePs: Adorei seu post e gostei da sinopse do livro. ele vende no Brasil ? mesmo em versão não traduzida ? beijos
ReplyDeleteÉ uma verdade, há horas que nem a verdade cristalina convence áquele que a escuta, passei isso ontém com meu pai: Há décadas falando, falando, falando...e NUNCA entendeu e nem vai entender. Parece que tem uma alma drogada 24hs!!! Acabei de desistir de vez!!!O seu primeiro parágrafo posso assinar embaixo, foi perfeito, cada passo que damos adiante, mais nos distanciamos dos que ficaram no mesmo lugar e nada nos aproxima, na verdade, eles é que "tenham saído antes".
ReplyDeleteTentei aos trancos traduzir trecho do livro e parece ser mesmo muito bom:".... It opens up the cracks and lets...", ainda hoje encontro meus pedaços pra encaixar, não é fácil!!
Oooh, acho que qualquer engarrafamento numa Londres geladinha é simplesmente gostoso. Mas eu falo isso porque adoro frio.
ReplyDeleteE quanto à vitória muda: pois é. Quem dera eu soubesse a hora de me retirar e quem dera a pessoa que pensa que venceu alguma discussão soubesse a hora de parar de falar...
ola Lolla,
ReplyDeletequero agradecer muitooo o seu comentario no meu blog,nossa,fiquei super emocionada.Primeiro pq acompanho o seu blog a muito tempo, e depois passei a ler suas respostas no formspring.
Nem preciso dizer que te acho super hiper mega inteligente e engracada.
:D
um beijao.
Uma frase que eu gosto muito do Scott Adams: "Nunca discuta com um idiota. Eles te arrastam para o nível deles e vencem com base na experiência."
ReplyDeleteSuas fotos são muito bacanas, como sempre! Como você tinha mencionado o Murakami, se algum dia tiver interesse em lê-lo eu posso recomendar com base neste espectro do que li até agora:
- Realista: Norwegian Wood.
- Meio termo: The Wind-up Bird Chronicle.
- WTF total: Hard-Boiled Wonderland and the End of the World ou Kafka on the Shore.
Em geral ele é um autor consistente, mas o estilo pode não ser muito fácil de pegar. :)
E que privilégio ficar no engarrafamento com essa vista!! :)
ReplyDeleteOlha, pelo q eu lembro, o frio daí realmente faz vc pensar que esqueceu de vestir a peça mais importante do inverno.. até parece q ele encontra uma brecha nas suas roupas, entra e vai invadindo tudo!! *_* O negocio mesmo é ignorar e ser feliz (ainda mais em Londres) :P
Oi Lolla. Que bom que se sente em casa novamente.
ReplyDeleteAndo me sentindo um peixe fora d'água por aqui.
Gostei da sensação que você descreveu e, saber a hora de calar é o que tenho mais aprendido por aqui, mas nem tem sido tão bom...
:(
sim, tá certo pulôver. suéter também serve :)
ReplyDeleteUma vontade de entrar nessas fotos!
ReplyDeleteadorei os dizeres e as fotos LINDAS! me transportou para outro lugar por alguns instantes :)
ReplyDeletebeijos!
casa... e que casa hein?!
ReplyDeleteLugar lindo!!!!!!!
Não sei bem o que é pullover, mas com toda a certeza Londres é incansavelmente linda e tenho certa inveja branca (inveja do bem, em bahianês) por você morar lá.
ReplyDelete=*
brasileiro do Rio de Janeiro prá cima, né? ;) aqui no sul a gente é bem familiarizado com nomes de roupas para frio brrrr!
ReplyDelete(invejinha de você, amo frio!)
beijos!
These are scoundrel days. :)
ReplyDeleteUm dia ainda vou chegar a conclusão que dentro do meu peito bate um coração inglês. Ou talvez eu só goste mesmo de homens ingleses. Seja como for, eu não saberia lidar com o frio. Passei uma semana fora do estado de SP e voltei sentindo FRIO. Porque cá a temperatura é cerca de 10ºC mais baixa do que onde eu estava.
Fotos durante as golden hours = fotos maravilhosas!
O google mostra como pulôver mesmo viu?
ReplyDeleteE o primeiro parágrafo é tão mais fácil escrito e dito né não?
Eu adoro um argumento, mas realmente aprender a perder ou simplesmente reconhecer que não é competição é uma das lições mais complicadas.
E o tiozinho fantasiado de Betty e ninguém dando bola? Gotta love this town!