Não lembro de ter feito amigos no pré-escolar, mas o primário começou bem. Numa escola particular, porém de má reputação e numa parte menos afluente de uma cidade pobre. No início minha mãe me levava todas as manhãs, no fusquinha azul que depois foi roubado. Mas mesmo antes de alguém arrombar o portão da casa e levar o carro (sob as barbas do cachorro adormecido que depois, segundo meu pai, não teve sequer a decência de aproveitar o portão aberto pra fugir) eu já tinha começado a dar meus primeiros passos solitários no mundo. Deixava com sacrifício o casulo de cobertores e caminhava o quilômetro que me separava da escola com sapatos de fivela, saia plissada, blusa branca de tergal e o emblema do Centro Educacional pregado à mão no bolsinho.
Exceto quando chovia. Aí eu ganhava carona, pois a rua da escola virava um pântano com a lama que descia dos barrancos. E as crianças que moravam neles desciam junto porque precisavam estudar pra que um dia, quem sabe, pudessem deixar aquele lugar no passado. Desciam quase da mesma cor do barro, as calças respingadas de lama, os pés dentro de sacos plásticos presos com elástico para não sujar os sapatos, preciosos por serem únicos.
Karla Danielle era a típica gatinha da classe: alta, longos cabelos castanhos e um sorriso eternamente iluminando o seu rosto bonito. Um dia me defendeu de outras meninas prestes a me excluir de uma brincadeira no recreio: “o elástico é meu e ela é minha amiga, vai brincar sim!”. Fiquei surpresa pois há tempos a gente não comia merenda juntas, o que me fez concluir que talvez já não fôssemos mais tão amigas assim. Pais separados, ela morava com a mãe e o irmão caçula numa casa amarela de esquina, perto da minha. Eu a chamava para tomar banho de piscina; ela entrava na água e submergia inteira antes do cabelo (os fios oleosos ficavam boiando). Engravidou cedo, ficou menos bonita e mais triste com a idade. Mas da última vez que a vi ela estava empurrando a segunda filha numa bicicletinha de criança, num daqueles sábados onde a prefeitura fecha o trânsito das ruas para o lazer dos moradores. Me viu de longe e me jogou um beijo. Nem tive como agradecer depois pela gentileza de me oferecer, no meio de tantas mudanças na minha vida e na dela, o mesmo sorriso de sempre.
Renata (ou Renatinha, por conta do tamanho) era a líder nata. Óculos, feições asiáticas, “cara de fuinha” segundo a crueldade da minha mãe. Autoritária, mentora de planos mirabolantes, representante de turma, juíza de brigas e pendengas, ela sempre tinha o que dizer e, vindo dela, tudo era importante. Um dia correu o boato de que ela estava com piolho. Depois das lendas criadas por adultos para aterrorizar os pequenos de que "piolho se trata raspando a cabeça!", as outras crianças mantiveram uma distância segura. No dia seguinte ela apareceu com o cabelo cortado curto, bem curtinho mesmo, mais curto ainda que o do irmão gêmeo, Fabiano, que estudava na mesma classe e tinha o cabelo num corte tigelinha. Mas como se tratava da Renata ninguém teve coragem de tocar no assunto. Ela também nunca disse palavra, embora vez por outra levasse as mãos até a nuca como se esperasse encontrar um rabo de cavalo ali, para então recuar desconcertada. E o cabelo curto da Renatinha se tornou assunto banido sem que ela precisasse pedir, nem mesmo reconhecer o respeito implícito no nosso silêncio.
O Ivan era um loirinho bochechudo, com cara de alemão de meia idade, olhos verdes miúdos, bastante tímido e que sentava na lateral direita da sala de aula - me surpreendo por lembrar disso até hoje. Ele usava uma camisa uns dois números abaixo do que devia e a barriga estufava os botões quando ele sentava. Até o sapato era de adulto, numa época em que praticamente todos os meninos (e as meninas não adeptas do sapato boneca) usavam tênis. Nada de bullying, no entanto. Ele era apenas diferente e isso não era considerado um crime. O Ivan me deu uma bolinha de naftalina dizendo que era bala, e eu aceitei e pus na boca. Ele foi parar na sala da diretora, meio perplexo porque "achei que ela fosse perceber". Bom, eu só percebi que era meio burra (e esfomeada). Um dia em que minha mãe viria me buscar mas se atrasou, eu e o Ivan ficamos sentados no pátio da frente da escola, dividindo com precisão quase aritmética o conteúdo de um pacote de biscoitos (dessa vez eu averiguei) e discutindo algo muito importante até o fusca azul aparecer na esquina.
A Luciana era a gordinha que sempre tinha as coisas mais legais. Nos anos 80 ter um estojo de canetinha com 72 cores era garantia de popularidade. Cá pra nós eu achava um desperdício, já que ela não sabia usar; ignorava o seu (também fenomenal) kit de lápis de cor e usava as canetinhas pra pintar. Eu quase infartava vendo a a Leila forçar a ponta da hidrocor no desenho manchando a parte de trás da página. Poucos tempo depois do começo das aulas metade das canetinhas já estava falhando e logo era preciso comprar outras. Uma vez ela me deu as canetinhas do estojo velho que ainda estavam boas. Pediu que eu abrisse as mãos, despejou as canetas e saiu sem dizer nada. Além desse momento, que eu nunca soube explicar direito, nós nunca fomos especialmente amigas. Mas concluí que existem vários talentos no mundo e que não há nada de errado em não dominar alguns.
A Elaine parecia uma boneca de porcelana, na beleza e na fragilidade. Cabelo loiro curto e encaracolado, rosto melancólico e pálido, olhos claros enormes e fundos e a saia um tanto longa demais. Sempre muito bem comportada, tirava boas notas, usava bolsa tiracolo ao invés de mochila e falava baixo. Tinha sempre no pescoço um cordãozinho fino ("é ouro de verdade"). Jamais corria no recreio e se cansava nas escadarias. Um dia passou mal na aula e então apareceu na escola uma moça bonita, pálida e melancólica, que pegou a Elaine pela mãozinha branca e levou embora. Ela não veio estudar no dia seguinte, nem no outro, nem na outra semana. Mais tarde algumas crianças ficaram sabendo pelas mães que a Elaine ia ficar um tempo afastada. "Que sorte!" pensamos nós, invejando as semanas extras de férias. Só que as semanas viraram meses. Elaine nunca mais voltou para a escola. Nem para a nossa, nem para nenhuma outra.
Clayton era o arquétipo do moleque insuportável. Dentuço, tinha um cacoete que o fazia estalar os lábios constantemente, o que eu achava irritante e meio ridículo. Ele também balançava a cabeça para trás e para a frente, num movimento parecido com o que certas aves aquáticas fazem ao andar - o que lhe garantiu o apelido de Ganso. Clayton colava chiclete na cadeira da professora, falava palavrão, se metia em brigas e usava espelhos pra tentar ver a calcinha das meninas. Hoje penso que o mau comportamento tenha sido a maneira que ele encontrou de se colocar acima das gozações que sofria. Ele sentava atrás do Ivan, e apesar do contraste de personalidades, eram os melhores amigos. Certa vez ele fez uma piada comigo e eu respondi “legal você fazer com os outros o que não gosta que façam com você!” e ele ficou um tempão calado como se examinasse a própria consciência.
Michel era o Pequeno Príncipe. Saído das páginas do Exupery. Bonito e estudioso, mas nada sociável. Ele tinha uma daquelas réguas paraguaias made in taiwan, com desenhos que se moviam. As meninas eram fascinadas por ele. Eu era fascinada pela régua. As mais afoitas puxavam papo (que ele retribuía com grunhidos) ou penteavam seus cabelos com os dedos (que ele retribuía com um empurrão). Insuportável. Jurei jamais lhe dirigir a palavra. E assim foi, até o dia em que ele chegou atrasado e sentou na única cadeira disponível - do meu lado. Foram dez minutos de desconforto até que a lâmpada se acendeu: aproveitando a proximidade pedi a borracha emprestada (não tive coragem de pedir a régua). “Péra”, ele disse. E me entregou assim que terminou de usar. O sucesso inesperado alimentou minha coragem: “err... a régua também?”. Ele levantou os olhos do caderno e me olhou e eu achei que fosse virar pedra. “Tá”. Peguei. E perdi vários minutos girando a dita cuja nas mãos, vendo as princesas, pôneis e florzinhas se mexendo no fundo cor de rosa, e de repente me ocorreu: “a sua régua é de menina”. Ele me olhou meio espantado, meio puto. Eu comecei a rir. Ele me tomou a régua, mas riu também. E no meu aniversário de 15 anos comeu pipoca e bebeu guaraná na minha sala.
Mas no último ano do primário alguma coisa aconteceu. Deve ter acontecido, não lembro. Só sei que de repente me vi sozinha, sem amigo nenhum a não ser a Claudinete. Que quase não ia à escola; dava o ar de sua graça umas três vezes por semana. Eu não sabia então, mas fiquei sabendo depois que seus pais estavam tendo dificuldades para pagar a mensalidade. Eu ficava perdida quando ela não aparecia. Todos os dias chegava cedo, me instalava na cadeira e ficava encarando a porta. E era como se um rebanho de mamutes tivesse se levantado das minhas costas quando a cara morena, o cabelo curto e crespo e os braços magros segurando um caderno e um estojo de pano (Claudinete não tinha mochila) entravam por ela. Mas as entradas iam rareando cada vez mais e se tornavam cada vez mais frequentes os dias em que eu esperava em vão, a ansiedade escalando velozmente cada minuto. Quando a professora por fim se sentava iniciando os trabalhos do dia, eu dava a esperança como perdida. Lembro do dia em que um tempo depois do começo da aula, já absorta na leitura, senti a mão magra e gelada da minha amiga apertar o meu ombro. Claudinete desabou na cadeira, sem fôlego pela corrida para compensar o atraso, sem saber que me salvava a manhã com seu riso de dentes grandes e brancos.
A ele seguiram-se várias semanas de sumiço absoluto em que fui aos poucos me dando conta de que ela não ia mais voltar. Não voltou. Depois de me conformar eu aceitei meu destino: passar o recreio sozinha na sala de aula ou descer e vagar invisível pelo pátio, pisando incerta o chão de pedrinhas, vendo a infância dos outros acontecendo e com a sensação resignada de que a minha estava prestes a acabar.
Exceto quando chovia. Aí eu ganhava carona, pois a rua da escola virava um pântano com a lama que descia dos barrancos. E as crianças que moravam neles desciam junto porque precisavam estudar pra que um dia, quem sabe, pudessem deixar aquele lugar no passado. Desciam quase da mesma cor do barro, as calças respingadas de lama, os pés dentro de sacos plásticos presos com elástico para não sujar os sapatos, preciosos por serem únicos.
Karla Danielle era a típica gatinha da classe: alta, longos cabelos castanhos e um sorriso eternamente iluminando o seu rosto bonito. Um dia me defendeu de outras meninas prestes a me excluir de uma brincadeira no recreio: “o elástico é meu e ela é minha amiga, vai brincar sim!”. Fiquei surpresa pois há tempos a gente não comia merenda juntas, o que me fez concluir que talvez já não fôssemos mais tão amigas assim. Pais separados, ela morava com a mãe e o irmão caçula numa casa amarela de esquina, perto da minha. Eu a chamava para tomar banho de piscina; ela entrava na água e submergia inteira antes do cabelo (os fios oleosos ficavam boiando). Engravidou cedo, ficou menos bonita e mais triste com a idade. Mas da última vez que a vi ela estava empurrando a segunda filha numa bicicletinha de criança, num daqueles sábados onde a prefeitura fecha o trânsito das ruas para o lazer dos moradores. Me viu de longe e me jogou um beijo. Nem tive como agradecer depois pela gentileza de me oferecer, no meio de tantas mudanças na minha vida e na dela, o mesmo sorriso de sempre.
Renata (ou Renatinha, por conta do tamanho) era a líder nata. Óculos, feições asiáticas, “cara de fuinha” segundo a crueldade da minha mãe. Autoritária, mentora de planos mirabolantes, representante de turma, juíza de brigas e pendengas, ela sempre tinha o que dizer e, vindo dela, tudo era importante. Um dia correu o boato de que ela estava com piolho. Depois das lendas criadas por adultos para aterrorizar os pequenos de que "piolho se trata raspando a cabeça!", as outras crianças mantiveram uma distância segura. No dia seguinte ela apareceu com o cabelo cortado curto, bem curtinho mesmo, mais curto ainda que o do irmão gêmeo, Fabiano, que estudava na mesma classe e tinha o cabelo num corte tigelinha. Mas como se tratava da Renata ninguém teve coragem de tocar no assunto. Ela também nunca disse palavra, embora vez por outra levasse as mãos até a nuca como se esperasse encontrar um rabo de cavalo ali, para então recuar desconcertada. E o cabelo curto da Renatinha se tornou assunto banido sem que ela precisasse pedir, nem mesmo reconhecer o respeito implícito no nosso silêncio.
O Ivan era um loirinho bochechudo, com cara de alemão de meia idade, olhos verdes miúdos, bastante tímido e que sentava na lateral direita da sala de aula - me surpreendo por lembrar disso até hoje. Ele usava uma camisa uns dois números abaixo do que devia e a barriga estufava os botões quando ele sentava. Até o sapato era de adulto, numa época em que praticamente todos os meninos (e as meninas não adeptas do sapato boneca) usavam tênis. Nada de bullying, no entanto. Ele era apenas diferente e isso não era considerado um crime. O Ivan me deu uma bolinha de naftalina dizendo que era bala, e eu aceitei e pus na boca. Ele foi parar na sala da diretora, meio perplexo porque "achei que ela fosse perceber". Bom, eu só percebi que era meio burra (e esfomeada). Um dia em que minha mãe viria me buscar mas se atrasou, eu e o Ivan ficamos sentados no pátio da frente da escola, dividindo com precisão quase aritmética o conteúdo de um pacote de biscoitos (dessa vez eu averiguei) e discutindo algo muito importante até o fusca azul aparecer na esquina.
A Luciana era a gordinha que sempre tinha as coisas mais legais. Nos anos 80 ter um estojo de canetinha com 72 cores era garantia de popularidade. Cá pra nós eu achava um desperdício, já que ela não sabia usar; ignorava o seu (também fenomenal) kit de lápis de cor e usava as canetinhas pra pintar. Eu quase infartava vendo a a Leila forçar a ponta da hidrocor no desenho manchando a parte de trás da página. Poucos tempo depois do começo das aulas metade das canetinhas já estava falhando e logo era preciso comprar outras. Uma vez ela me deu as canetinhas do estojo velho que ainda estavam boas. Pediu que eu abrisse as mãos, despejou as canetas e saiu sem dizer nada. Além desse momento, que eu nunca soube explicar direito, nós nunca fomos especialmente amigas. Mas concluí que existem vários talentos no mundo e que não há nada de errado em não dominar alguns.
A Elaine parecia uma boneca de porcelana, na beleza e na fragilidade. Cabelo loiro curto e encaracolado, rosto melancólico e pálido, olhos claros enormes e fundos e a saia um tanto longa demais. Sempre muito bem comportada, tirava boas notas, usava bolsa tiracolo ao invés de mochila e falava baixo. Tinha sempre no pescoço um cordãozinho fino ("é ouro de verdade"). Jamais corria no recreio e se cansava nas escadarias. Um dia passou mal na aula e então apareceu na escola uma moça bonita, pálida e melancólica, que pegou a Elaine pela mãozinha branca e levou embora. Ela não veio estudar no dia seguinte, nem no outro, nem na outra semana. Mais tarde algumas crianças ficaram sabendo pelas mães que a Elaine ia ficar um tempo afastada. "Que sorte!" pensamos nós, invejando as semanas extras de férias. Só que as semanas viraram meses. Elaine nunca mais voltou para a escola. Nem para a nossa, nem para nenhuma outra.
Clayton era o arquétipo do moleque insuportável. Dentuço, tinha um cacoete que o fazia estalar os lábios constantemente, o que eu achava irritante e meio ridículo. Ele também balançava a cabeça para trás e para a frente, num movimento parecido com o que certas aves aquáticas fazem ao andar - o que lhe garantiu o apelido de Ganso. Clayton colava chiclete na cadeira da professora, falava palavrão, se metia em brigas e usava espelhos pra tentar ver a calcinha das meninas. Hoje penso que o mau comportamento tenha sido a maneira que ele encontrou de se colocar acima das gozações que sofria. Ele sentava atrás do Ivan, e apesar do contraste de personalidades, eram os melhores amigos. Certa vez ele fez uma piada comigo e eu respondi “legal você fazer com os outros o que não gosta que façam com você!” e ele ficou um tempão calado como se examinasse a própria consciência.
Michel era o Pequeno Príncipe. Saído das páginas do Exupery. Bonito e estudioso, mas nada sociável. Ele tinha uma daquelas réguas paraguaias made in taiwan, com desenhos que se moviam. As meninas eram fascinadas por ele. Eu era fascinada pela régua. As mais afoitas puxavam papo (que ele retribuía com grunhidos) ou penteavam seus cabelos com os dedos (que ele retribuía com um empurrão). Insuportável. Jurei jamais lhe dirigir a palavra. E assim foi, até o dia em que ele chegou atrasado e sentou na única cadeira disponível - do meu lado. Foram dez minutos de desconforto até que a lâmpada se acendeu: aproveitando a proximidade pedi a borracha emprestada (não tive coragem de pedir a régua). “Péra”, ele disse. E me entregou assim que terminou de usar. O sucesso inesperado alimentou minha coragem: “err... a régua também?”. Ele levantou os olhos do caderno e me olhou e eu achei que fosse virar pedra. “Tá”. Peguei. E perdi vários minutos girando a dita cuja nas mãos, vendo as princesas, pôneis e florzinhas se mexendo no fundo cor de rosa, e de repente me ocorreu: “a sua régua é de menina”. Ele me olhou meio espantado, meio puto. Eu comecei a rir. Ele me tomou a régua, mas riu também. E no meu aniversário de 15 anos comeu pipoca e bebeu guaraná na minha sala.
Mas no último ano do primário alguma coisa aconteceu. Deve ter acontecido, não lembro. Só sei que de repente me vi sozinha, sem amigo nenhum a não ser a Claudinete. Que quase não ia à escola; dava o ar de sua graça umas três vezes por semana. Eu não sabia então, mas fiquei sabendo depois que seus pais estavam tendo dificuldades para pagar a mensalidade. Eu ficava perdida quando ela não aparecia. Todos os dias chegava cedo, me instalava na cadeira e ficava encarando a porta. E era como se um rebanho de mamutes tivesse se levantado das minhas costas quando a cara morena, o cabelo curto e crespo e os braços magros segurando um caderno e um estojo de pano (Claudinete não tinha mochila) entravam por ela. Mas as entradas iam rareando cada vez mais e se tornavam cada vez mais frequentes os dias em que eu esperava em vão, a ansiedade escalando velozmente cada minuto. Quando a professora por fim se sentava iniciando os trabalhos do dia, eu dava a esperança como perdida. Lembro do dia em que um tempo depois do começo da aula, já absorta na leitura, senti a mão magra e gelada da minha amiga apertar o meu ombro. Claudinete desabou na cadeira, sem fôlego pela corrida para compensar o atraso, sem saber que me salvava a manhã com seu riso de dentes grandes e brancos.
A ele seguiram-se várias semanas de sumiço absoluto em que fui aos poucos me dando conta de que ela não ia mais voltar. Não voltou. Depois de me conformar eu aceitei meu destino: passar o recreio sozinha na sala de aula ou descer e vagar invisível pelo pátio, pisando incerta o chão de pedrinhas, vendo a infância dos outros acontecendo e com a sensação resignada de que a minha estava prestes a acabar.
Mudei de escola no ano seguinte.
Lolla, 7, pronta para entrar no palco na festa junina do Centro Educacional.
Lolla, 7, pronta para entrar no palco na festa junina do Centro Educacional.
Bonito isso...
ReplyDeleteUm beijo,
Pri.
Eu vejo tanta beleza na melancolia que não consigo deixar de achar seu texto lindo. (E eu espero que não se ofenda por eu me referir assim à ele).
ReplyDeleteCerta vez fiz um texto parecido sobre os colegas que compartilhavam a sala comigo (seria muita audácia chamá-los de amigos), mas era sobre o Primário, e não o pré-escolar. Tinha planos de continuar e fazer sobre todas as épocas, mas acabei colocando a ideia de lado.
O seu rostinho não mudou muito. E achei o seu olhar tão doce na foto. (:
Bisous.
Nossa.... nem tem o que dizer...
ReplyDeleteVocê está tão bonitinha nessa foto!
ReplyDeleteAh, essa coisa de ficar sozinha no recreio - eu sei como é. Parece que a solidão em alguns aspectos persegue certas pessoas. Lindo seu relato.
Lolla, acho que um dia você poderia escrever livros, eu compraria. Ao mesmo tempo que amei o texto, eu fico agora brigando com meus neurônios, porque eu não lembro os nomes nem os rostos de muitas pessoas desta fase da vida, só lembro de flashes, algumas poucas situações...
ReplyDeletebjs
Olha, não sei se você liga pra minha opinião, mas fiquei com vontade de falar. A grande maioria dos seus posts me irrita, porque você só reclama, só fala do lado ruim das coisas, e tem muita gente que gostaria de ter essas coisas das quais você tanto reclama (eu, por exemplo). Por que eu não cancelo a inscrição no reader? Porque suas fotos são lindas, basicamente. Mas hoje eu descobri que tenho outro motivo além das fotos pra não cancelar. Você escreve maravilhosamente bem, em todos os sentidos. Sou extremamente crítica pra isso, e não é fácil eu dizer que alguém escreve maravilhosamente bem.
ReplyDelete-
Compartilho essa melancolia dos tempos de escola, conheci a solidão muito cedo também, o preconceito, o bullying, etc etc. Acho que muita gente passa por isso, mas não é muita gente que reflete sobre.
Sinceramente, além das fotos (e agora dos textos), tem outro motivo pra eu não cancelar o Hello Lolla do reader... sou tão reclamona quanto você. Acho que por isso me irrito tanto. Olha eu aqui reclamando dos seus posts.
Bom, só queria dizer que seu texto me tocou, hoje ignorei inúmeros textos extensos e seu primeiro parágrafo me prendeu. Obrigada por me fazer voltar à minha infância e por compartilhar a sua.
Tudo de bom pra você :)
Ain, caiu lagriminhas com seu post :~~
ReplyDeleteMuito tocante.
E que memória detalhista, mulé.
Ler teu texto me deixou com saudade dos meus ex-colegas de escola, pessoas com quem eu brinquei/briquei/bolei planos maquiavélicos e que perdi ao longo dos anos. Vontade de saber como estão e onde estão :)
ReplyDeletetenho saudade do primário e do tempo que eu chorava sozinha porque achava que ninguém gostava de mim. mas tinham aquelas amigas especiais que até hoje me chamam pra ir na casa delas.
ReplyDeleteque texto lindo, lolla. você deveria, mesmo, escrever um livro. assim podia continuar viajando com o marido. e eu teria um livro de histórias lindas com capa rosa claro na estante.
era pra emocionar??? emocionei.
ReplyDeleteabraço!!!
não me lembro se já comentei aqui... sempre leio.
ReplyDeleteestou arrepiada até no couro cabeludo com a história da Elaine.
este post inteiro foi realmente profissa.
(sou editora, minha opinião também é profissa :)
Queria ter o talento que você tem para dar descrições tão incríveis sobre as pessoas que marcaram a minha infância. De algumas, sinto saudades até hoje, mas perdi o contato. Isso antes da 5ª série, onde começou meu calvário de segregação (mas ainda assim, consigo me lembrar dos momentos de alegria genuína, mesmo que estivesse frente ao sarcasmo alheio sem me dar conta). Parabéns pelo texto.
ReplyDeleteBonito esse talento para os detalhes da memória. É engraçado como sintagmas tal como "canetinhas de 72 cores" trazem flashbacks. As minhas foram roubadas, quis por tanto tempo e foram roubadas - rolava todo um crime organizado na minha escola. E pedir material emprestado. Eu ainda tenho uma dessas réguas, acho que a vi na caixa das poucas coisas que restaram do meu passado - a minha era do "Emperor's New Clothes" ;-). Não relaciono escola à solidão, mas sim, outros ambientes e situações. Acho que as férias eram sempre a minha experiência imediata de tédio e solidão. Não viajávamos muito, quase nunca, e todo mundo desparecia, e os meses abafados do verão pareciam eternos. Os pernilongos. O background de programas de auditório aos sábados.
ReplyDeleteEnfim, desculpe o devaneio, é que certas coisas às vezes abrem caixas de Pandora.
Belo texto! E a foto é fofa!
Bj,
Sem palavras!
ReplyDeleteLolla, lindo demais o que você escreveu, me fez lembrar desta minha época também.
ReplyDeleteAdoro seu blog, parabéns pelo talento incrível *--*
Bjuss
Eu te acho reclamona e mal agradecida por tudo que tem. Deveria dar mais valor para as coisas e deixar de tentar ser uma Lolita Pille da vida.
ReplyDeleteA Elaine me fez lembrar uma amiga de infância. Lindo texto, Lolla.
ReplyDeleteAh, e vc não mudou nada. O rosto continua igual.
Beijo.
Lolla... que transporte você me proporcionou... tô me sentindo tão estranha. Nó na garganta, lágrimas nos olhos (no meio do trabalho, sua safada hahaha), uma moleza no corpo (ok, essa parte pode ser da gripe). Sei lá, vontade de ficar quieta num canto, mergulhar nas minhas memórias e reconstruir essa Letícia de agora. Você tinha o que, uns dez anos quando algo mudou? E a percepção de todo esse universo, veio quando? Que foto mais linda, que olhinhos cheios de significado, que vontade de ver a dança dessa menininha... Tô falando demais, quando a única palavra capaz de resumir o impacto desse seu texto é "obrigada".
ReplyDeleteBeijos,
Letícia R.
Compartilho total desta opinião abaixo.
ReplyDelete"Olha, não sei se você liga pra minha opinião, mas fiquei com vontade de falar. A grande maioria dos seus posts me irrita, porque você só reclama, só fala do lado ruim das coisas, e tem muita gente que gostaria de ter essas coisas das quais você tanto reclama (eu, por exemplo). Por que eu não cancelo a inscrição no reader? Porque suas fotos são lindas, basicamente. Mas hoje eu descobri que tenho outro motivo além das fotos pra não cancelar. Você escreve maravilhosamente bem, em todos os sentidos. Sou extremamente crítica pra isso, e não é fácil eu dizer que alguém escreve maravilhosamente bem."
Muito bonito o seu texto. Lágrimas cairam no final.
ReplyDeleteQue lindo e triste lolla, fico pensando..Será que você já era tão crítica com as coisas a sua volta nessa idade mesmo, ou se todas essas impressões foram surgindo depois..
ReplyDeleteTambém tive uma amiga Renatinha com "cara de fuinha" mas era por um defeito de nascença... Lendo seu post me fez lembrar da minha própria infância, dos first ones. Coincidência ou não, e motivo ou não dos motivos porque nos damos melhor com a internet do que pessoas de verdade, foi uma experiência bem parecida com a sua. Até um amigo nosso também se foi durane os nossos anos, mas de maneira muito mais chocante.
ReplyDeleteAdorei o seu relato melanólico, saudoso mas tão carinhoso também. Acho que todo mundo tem uma visão que crianças são todas felizes e despreocupadas da vida mas quando olhamso pra trás vemos tanto struggle não é mesmo? Alívio saber que eu não era a única. Gostei do seu take no post sobre a escola, está na minha fila de posts pra escrever um dia desses :)
Pri - obrigada!
ReplyDeleteLuana - não me ofendo não, claro. concordo com você. :) tem esse texto seu para ler em algum lugar?
Dri - :o****
Mia - obrigada! foi somente durante aquele ano, eu realmente não sei o que aconteceu. as outras crianças haviam saído da escola e eu não perdi o bonde, acho.
Naomi - eu também não achei que fosse lembrar. quando comecei a escrever tinha apenas 3 ou 4 pessoas em mente, depois fui lembrando de outras e, com a lembrança, os nomes vieram. até esqueci de falar sobre duas amigas importantes.
J - eu acho importante falar também do lado ruim das coisas. até porque nunca se pode agradar a todos. se eu falasse bem de tudo, dissesse que minha vida é maravilhosa e tudo o que eu tenho é perfeito, as pessoas me classificariam como deslumbrada ou arrogante. é claro que eu vejo beleza nas coisas, mas pessoas que só parecem ver o lado bom de tudo o tempo todo de modo geral não me interessam - elas soam falsas e pouco confiáveis. por exemplo, fui ao seu blog e você estava reclamando da sua franja. algo super normal para você, mas pense quanta gente gostaria de ter "cabelo bom" ou até ter qualquer cabelo depois de ter perdido o seu para uma doença ou quimioterapia. de repente você fazer um post reclamando da sua franja parece fútil, né? questão de perspectiva, de ângulo. :) mas fico muito agradecida por você ter mantido meu blog no seu reader apesar das irritaçõezinhas (eu também tenho no reader blog de gente que nem gosto muito, mas que produzem conteúdo que me interessa). obrigada mesmo, e espero que pelo menos as fotos tenham conseguido mostrar um pouquinho da beleza das coisas que as minhas palavras muitas vezes não conseguem expressar.
Rozzana - Putz, minha memória recente é PÉSSIMA. :) como eu disse no forms, lembro de coisas acontecidas há 20 anos atrás, mas o que eu jantei no sábado JÁ ERA. :)
MM - tentou achar no facebook/orkut? eu achei muita gente do segundo grau nesses sites, mas infelizmente eu não lembro da maioria dos sobrenomes do pessoal do primário...
Deborah - não é esquisito a gente sentir saudades de épocas onde não éramos exatamente super felizes? será que é porque somos ainda mais tristes agora ou talvez não tivéssemos sido de fato infelizes antes? hahaha, mas por que o livro teria capa rosa claro? Acho que eu prefiro bordô. ;)
Eliane - outro abraço pra você! :)
Laura - obrigada mesmo. :) acho que as frases ficaram meio amontoadas porque era o fluxo do pensamento e eu ainda não revisei o texto. but thanks, fico feliz!
Carol - não sei se é talento, apenas aconteceu de querer escrever sobre alguma delas e ir aos poucos fazendo pontes e lembrando das outras. devo dizer que até eu me surpreendi por lembrar nomes e detalhes, eu realmente não esperava escrever mais que três parágrafos sobre umas poucas crianças. minha quinta série foi linda, eu tinha 11 anos e havia acabado de mudar de escola (morrendo de medo) mas fui super bem aceita, fiquei amiga de pessoas bacanas e populares. Lá pela oitava série eu era até considerada bonita, hahahaha. Isso foi mudando aos poucos até os últimos dois anos do segundo grau, que foram infernais.
Dani - aqueles estojos eram fantásticos. a maioria das crianças tinha apenas o estojinho básico de seis cores (preta, marrom, verde, vermelha, azul e amarela) ou no máximo doze. Os estojos maiores, de 24 ou 36, eram duplos, e os de 72 como o da Leila vinham numa caixa com desenhos na frente. Havia crime organizado na minha escola também, mas comecei a me dar conta disso na quarta série (algumas coisas sumiam porque já havia alunos viciados em drogas em classe - colégio relativamente pobre, alunos de 14 ou 15 anos ainda na quarta série). A única coisa que me roubaram naquela escola foi um sanduíche de queijo. A Rosemary (feinha e pobrinha - ops, acabo de lembrar de mais uma!) confessou o crime chorando. Quando a professora perguntou, rispidamente, por que ela havia roubado o meu sanduíche, ela respondeu com lágrimas nos olhos: "porque eu estava com fome". Aula de empatia, anyone? Se eu tivesse outro sanduíche, teria dado. Falando em comida, acabo de me lembrar de outra coisa. O Ivan me deu uma bolinha de naftalina dizendo que era bala. Só percebi o engodo quando pus na boca. Ele não achou que eu fosse cair no truque e ficou mais branco que a naftalina. A professora também foi extremamente cruel, deu um esporro federal e nos levou para a sala da diretoria. O Ivan chorou muito e eu me senti péssima. Eu adorava os programas de auditório aos sábados, acho que foi a ÚNICA época da minha vida em que passar uma tarde de sábado na frente da TV não me causava ansiedade e tristeza. Eu também nunca viajava, mas adorava poder ficar em casa ouvindo música, vendo TV, dormindo até tarde e brincando com minhas bonecas. Bom, isso não mudou muito! Eis a caixa de pandora se abrindo aqui também, hahah. Obrigada, dear!
ReplyDeletelonghairedlady - Beijo! :)
confusoesemserie - Obrigada! E por que você não escreve sobre o seu tempo de escola também? :)
Anônimo - HAHAHAHAHA you kill me. Seria bacana se você parasse de citar literatura (mesmo ruim, como a da Miss Pille) para embasar sua opinião porque é evidente que você não sabe ler, nem interpretar texto. Tutorial pra vida: para ser grata pelo que tenho eu não preciso ESCREVER NO BLOG. Se você está sob a ilusão de que esse site representa 100% do que eu vivo, sinto, penso e faço, eu lamento mas vou ter que encostar um cigarro quente nessa sua bolha. Você não sabe rigorosamente *nada* sobre a minha vida e qualquer opinião que faça a meu respeito é somente isso: a SUA opinião. Que não necessariamente tem algo a ver com a realidade. Agora, faça-nos um favor? Vá levar a sua bile, a sua inveja e o seu recalque para tomar um chá de sumiço. Eis a beleza da internet: se não gosta do que lê, procure outra coisa. A grande rede é vasta. Boa sorte na busca e desculpe o mau jeito; você teve o azar de me pegar num dia sem paciência para gente que acha que sabe mais de mim do que eu mesma.
Tath - yep, eu continuo com cara de batata e com esse meio-sorriso que é o melhor que consigo fazer quando necessário. ;)
Letícia - Você é uma linda, hahaha. Sim, foi na quarta série (eu tinha dez anos), acho que todo mundo saiu da escola e eu acabei numa turma de pessoas mais velhas que eu ou de crianças que eu não conhecia e simplesmente não aconteceu, sabe? não sei explicar. A dança era "Sereia", essa música foi regravada pelo Lulu Santos mas a original era cantada por uma voz feminina que eu não consigo lembrar de quem seja. E obrigada você pela fofura e pelo carinho. <3
Brizza - Obrigada! :) Então vale mais ou menos o que eu disse para a outra amiga.
ReplyDeleteMarcela - :o*****
Mariana - eu acho que sempre fui crítica, mas essas coisas amadurecem com o tempo e com as experiências ruins, eu acho. a gente percebe que não dá pra ser pollyana o tempo todo; é cansativo. :) quando a gente realmente observa as coisas vai fatalmente encontrar lados bons e ruins. você pode escolher falar apenas dos bons, mas quase todo mundo faz isso.
Lelei - não sei se me dou melhor com a internet. dos meus amigos (poucos) a maioria é offline - o que se torna outro problema, porque a distância inviabiliza o contato e eles são desses que nem checam email. e é verdade, mesmo crianças pequenas se esforçam para pertencer, sofrem quando não conseguem e têm objetivos, planos e sonhos frustrados. às vezes isso forma caráter, mas também pode criar ressentimentos que a gente carrega pra vida. eu adoraria ler as suas memórias de escola, adoro quando você escreve bastante - do it, girl!! :)
Lolla, nostálgico o seu texto. Lembrei-me da régua de menina...
ReplyDeleteComo muitos já lhe disseram, você escreve muito bem!
E ah, eu me vi na Renata! rs
Um beijo,
Roberta.
olá lolla, vc não me conhece, eu visito seu blog há uns 2 anos já... sempre volto pq vc posta fotos fofas, textos fofos e pq quando vc faz relatos de sua vida, de suas viagens e até suas de mudanças, vc escreve lindamente... reclamar da vida, faz parte de vivê-la e eu me identifico muito com esse lado ranzinza que vc mostra aqui de vez enquando... hello lolla, obrigada por vc existir!
ReplyDeletebeijos isabela
Oi, Lolla. Tô começando a acompanhar teu blog agora, e li um post, de tempos atrás que tu citaste algo do gênero "dizem que você é realmente fotografo depois de tirar foto de gatos e flores" (não lembro se foi exatamente isto, mas, bem, acho suas fotos maravilhosas. (:
ReplyDeleteE, a nível de curiosidade, qual era a doença da Elaine?
Sei exatamente como se sentiu, já passei por isso também. Ao ponto das pessoas que estarem a minha volta mudarem de lugar. E só percebi quando alguém falou: Coitada, deixaram a menina sozinha! Fiz uma cara de quem não se importava, mas foi o suficiente pra agir diferente no ano seguinte.
ReplyDeleteVocê escreve muito bem!
Beijos.
http://verboprocrastinar.blogspot.com/
Você era lindinha *-*
ReplyDeletePor mais que eu pareça maluca ou que as pessoas achem o contrário, você está menos chata e mais emotiva nos últimos posts. Uma mudança beeeem pequena, mas tudo bem.
Lolla, seus textos são incríveis!
ReplyDeletePor favor, não pare de escrever. Você não sabe o quanto me ajuda.
Linda a mini você!
ReplyDeleteE que texto soberbamente escrito!
Amo quando vc se estende um pouquinho mais nas reflexões.
Beijinhos!
Cara, você escreve muito bem e tem uma imaginação incrível, porque inventar personalidade e fatos com tanta riqueza como o desse post é de um inegável talento. Parabéns pelo texto.
ReplyDeleteCada cabeça é mesmo um universo diferente.
E como a internet é boa pra quem é curioso e criativo.
Lindíssimo texto. Muito tocante.
ReplyDeleteQuem dera eu tivesse essa memória para me lembrar dos amigos.
Na verdade, acho que nunca os tive... o bullyng começou a atuar forte logo na minha tenra infância. E eu, assim como até hoje, me isolava cada vez mais...
Lembrando que tenho uma queda por tudo que é "melancólico". A frase final do texto fechou-o com chave de ouro!
Lolla descobri o seu site hoje a tarde no trabalho. Mais uma das pérolas que acho de vez em quando na internet. Queria dizer que você é muito estilosa, a começar pelo nome. Também adorei seu texto com as memórias de quando era criança. Me inspirou a escrever também, mas nao acredito que terei o mesmo exito em lembrar de detalhes tão ricos sobre os colegas e os momentos da minha infancia. Me identifiquei muito com vc pois também fui uma criança solitária. E tenho, ou tinha lembranças tão tristes dessa época que é como se meu inconsciente tivesse esquecido de muitos momentos propositalmente. Bem, agora que te achei vou sempre ler os seus textos. Admiro sua inteligencia e sensibilidade de poucos. Se escrevesse um livro, eu também leria e provavelmente gostaria. Adoro ler, mas tenho dificuldade para "achar" tempo. Agora mesmo poderia estar lendo, mas estou na internet, pois não pude conter a curiosidade de terminar de ler o seu texto. rsrsrs Sei muito bem que quem lê bem, escreve bem. Já falei demais... continue escrevendo... abraçoo
ReplyDeleteMarilia
demais lolla. parabens ! voce devia escrever um livro, ou ja o fez ?
ReplyDeleteabraço querida
Tu anda escrevendo super bem.
ReplyDeleteMas fiquei tensa porque eu nao lembro dos meus "amigos" do primário. Já nao consigo lembrar de detalhes, exceto uma visao turva e generaliza do que foi, sem rostos ou nomes, apenas uma única grande unidade, de um passado remoto, como se aquela vida nao fosse minha.
Eliza (nao posta meu post nao...jajajaa)
Oi Lolla, sempre acompanho teu blog e esse texto foi quase como entrar num túnel do tempo pra mim. Fico um pouco mais confortável de ver que não foi só a minha infância que foi bem solitária. Tive algumas amigas (duas, pra ser mais exata) próximas a mim na sala, mas ficavam deslumbradas com a atenção da menina popular e me esqueciam com facilidade. Quando a pop se cansava e voltava a ignorar, minhas "amigas" voltavam pra alegrar a menina sózinha aqui.
ReplyDeleteCheguei a me acostumar também a ficar só no recreio, mas vejo hoje que isso foi até bom. Não chego a confiar 100% nas pessoas, o que diminui as chances de eu me decepcionar, e hoje aprecio bastante os momentos de solidão.
P.S: Não liga pra essas reclamações! Dou outro nome pra isso, é ser crítica. Se tem gente querendo post efusivo, vai pra um blog de moda. Haters gonna hate!
Abraços!
Lolla, simplesmente sou aficcionada pelo Hello Lolla.
ReplyDeleteSempre me divirto muito ao ler suas experiências, no entanto, este post prendeu minha atenção de tal maneira que, imagina que eu estava no meio da leitura quando meu computador desligou sozinho... e me bateu um desespero, como se tivesse perdido algo no meio do caminho, só sosseguei quando achei outro computador para terminar de ler.
Continue a nos alegrar.
Congratulations... Lina
sabe que uma vez eu estava falando dos meus avós para meu namorado (atual marido) e falei que meu avô morava no 5a. andar e minha avó no 2o. e foi então que eu me dei conta que eles eram separados! Minha cabeça, na época com 20 e poucos, ainda funcionava como se eu tivesse 5 anos. Loucura! Muito bom poder voltar no tempo e ver nossas histórias com nossos olhos de hoje. Seu texto me fez voltar no tempo e pensar nos meus colegas de classe. Lindo texto!
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