Wednesday, October 31, 2007

a verdadeira bruxa...

sou eu.
amanheci o dia grudada à vassoura novinha que o respectivo trouxe de presente ontem à noite. ele não é um amor??

well, não. dar uma vassoura de presente à sua esposa é uma mancada tão passível de enforcamento quanto comprar para ela uma esteira de ginástica. e ele cometeu os dois crimes.
só escapa da pena capital porque, nas duas vezes, fui eu quem pediu.

eu já disse que detesto serviços domésticos? pois eu detesto serviços domésticos.
lava-louças, máquina de lavar (e secar) roupa aliviam em muito o fardo, é verdade. mas o que seria de mim sem a minha querida maria, a portuguesinha que, todas as sextas, vem à nossa casa por duas horas e, além de passar a roupa (prefiro promover uma sessão de leitura dos versos satânicos numa mesquita afegã do que passar dez minutos digladiando-me com uma tábua de passar), também ajuda na limpeza? ô, que saudade da maria!!

mas enfim. uma das várias coisas que amo lá em casa é o fato de ela ter sido projetadapara dar o menor trabalho possível:

nos banheiros, tinta nas paredes. azulejo, só quando necessário (ou seja, dentro do box). no chão dos banheiros, piso de vinil. sem ranhuras onde sujeirinhas se escondam, cresçam, multipliquem, desenvolvam inteligência e passem a brigar comigo pelo controle remoto e exigir queijo brie no café da manhã. basta passar um pano molhado duas vezes por mês e pronto.

na cozinha, nada de azulejos, também. as bancadas são de madeira (ao invés de mármore ou aço) e eu passei danish oil por cima: não mancha, não fica "fosco", marcas de dedo ou água escorrida não aparecem. cozinhamos numa AGA, ou seja, facílima de limpar (e ainda deixa a cozinha quentinha no inverno). nada de "grades" de fogão pra limpar também, já que o único fogão propriamente dito na casa é elétrico. nenhum dos armários da cozinha têm um "embaixo" ou "em cima". ou seja, nada de subir em banquinho para tirar teias de aranha e três metros de poeira de cima de armários, nem grudar o meu lindo umbigo no chão para limpar podreira debaixo dos ditos cujos.

na sala não existem tapetes. detesto tapetes, carpetes e similares, só servem para acumular pó e manchas que vão exigir a operação especial "lavagem de tapete". só um pequenino de pele de ovelha, bem fofinho, em frente à lareira - cuja utilidade é mais funcional que decorativa: serve para absorver eventuais fagulhas e evitar que a casa pegue fogo. o chão é de madeira, ou seja, fácil de limpar, também.

nos quartos... bem, foi a única concessão que fiz. aceitei carpetes no nosso quarto e no quarto vago onde ficam as nossas roupas (mas detesto passar aspirador de pó, detesto, detesto). "ah, mas o chão fica quentinho", diz ele. puá! nesse hemisfério, no inverno, NADA fica quentinho. as verdadeiras soluções para evitar pés congelados são meias de lã (mais barato) ou aquecimento central por baixo do piso (caro, mas delicioso). mas nos outros quartos é piso de madeira e acabou-se.

já aqui eu me conformo com a sina de bancar a bruxa em pleno halloween e me dependurar na vassoura. porque nessa gaiola tudo parece ter sido milimetricamente planejado para dar o maior trabalho possível. ÓDEO.

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