Eu estou triste. Ou melhor, eu estava. Ranger de dentes + cinco minutinhos = alívio imediato. Tão imediato quanto temporário, mas dane-se.
Folguei na sexta, logo, fui trabalhar hoje, feriado. Minha alegria infantil (todas as minhas alegrias têm cinco anos de idade) de pensar "ei, pelo menos o ônibus vai estar vazio!" se dissipou no instante em que adentrei o coletivo às seis e meia da manhã e vi que teria, novamente, que viajar sentada na escada. E vejam só - eu nem consegui o prazer de viajar sozinha. Havia uma bunda na minha cara. Sorte que não soltava gases. Pelo menos, não soltou nenhum nos primeiros dois minutos de viagem.
Alegria de pobre, de fato, dura pouco. Dura nada - nem existe. Pobre só fica alegre quando ri de si próprio e das suas próprias desgraças.
Feriado do "dia do comércio" é lenda, uma piada num país de economia congelada. Ninguém quer desperdiçar o lucro de uma segunda-feira ficando em casa ou viajando pra farofar na praia. Os patrões abrem as portas, loucos para faturar, e os empregados comparecem, loucos para não perder o emprego. Na volta, foi ainda pior. Fiquei UMA HORA esperando o ônibus. UMA HORA inteira, do minuto 1 ao minuto 59. Sentei no meio-fio e quis chorar. Mas o ódio era maior do que a tristeza, e meu ódio ferve e evapora as lágrimas por dentro antes que elas me escapem pelos olhos, mostrando ao mundo que sim, a Lolla é uma babaca.
No primeiro ônibus em que entrei, percebi que ia em pé, e pedi pra descer no outro ponto. De pé, num ônibus caríssimo (R$2,60 por quinze minutos de viagem), cheio de fedidos e que ainda por cima passou atrasado? NAH. Desci, mas o motorista deve ter me rogado pragas, porque fiquei mais 20 minutos em pé esperando o outro (dava tempo de ter chegado em casa, se tivesse ficado no primeiro). Fiquei lá, num ponto de ônibus cheio de bêbados, toscos olhando minha bunda (???), pivetes tentando me vender os torrões de açúcar puro que eles chamam cocada e espertalhões querendo me vender vale transporte falso. Quando finalmente o outro chegou, era da mesma linha, custava o mesmo preço e estava cheio do mesmo jeito. Aliás, estava MUITO mais cheio.
Sentei na escada, lágrimas gotejando e escorrendo na minha bolsa linda de vinil preto, que não absorve líquidos. Machos subiram e logo eu estava dividindo o exíguo espaço entre a porta e a roleta com mais quatro caras. Todos, sem exceção, fediam e olhavam meus peitos. Pedi pra morrer, é claro, só que mais uma vez, Deus me mandou à merda. É claro.
E eu tinha outras coisas pra falar. Que estou chateada e decepcionada com um monte de gente. Que eu gostaria que meu namorado virasse pó de café. Que eu gostaria de ter uma câmera digital melhor, e não entendo porque ninguém ainda deu um lance na minha no Mercado Livre, sendo que eu estou vendendo barato. Que ontem eu tive um dia lindo e absolutamente poético visitando a Igreja da Penha (e o museu dos milagres, que me deixou forte impressão). Mas não vai dar. Porque hoje eu estou triste como é default, porque hoje eu só quero sair dessa internet, meter a cara no travesseiro e sonhar uma outra vida onde eu não tenha mais motivo pra odiar nada nem ninguém. E, principalmente, onde eu não tivesse que me odiar.
E tem gente que ainda acha que isso aqui é ficcional.
Antes fosse.
Folguei na sexta, logo, fui trabalhar hoje, feriado. Minha alegria infantil (todas as minhas alegrias têm cinco anos de idade) de pensar "ei, pelo menos o ônibus vai estar vazio!" se dissipou no instante em que adentrei o coletivo às seis e meia da manhã e vi que teria, novamente, que viajar sentada na escada. E vejam só - eu nem consegui o prazer de viajar sozinha. Havia uma bunda na minha cara. Sorte que não soltava gases. Pelo menos, não soltou nenhum nos primeiros dois minutos de viagem.
Alegria de pobre, de fato, dura pouco. Dura nada - nem existe. Pobre só fica alegre quando ri de si próprio e das suas próprias desgraças.
Feriado do "dia do comércio" é lenda, uma piada num país de economia congelada. Ninguém quer desperdiçar o lucro de uma segunda-feira ficando em casa ou viajando pra farofar na praia. Os patrões abrem as portas, loucos para faturar, e os empregados comparecem, loucos para não perder o emprego. Na volta, foi ainda pior. Fiquei UMA HORA esperando o ônibus. UMA HORA inteira, do minuto 1 ao minuto 59. Sentei no meio-fio e quis chorar. Mas o ódio era maior do que a tristeza, e meu ódio ferve e evapora as lágrimas por dentro antes que elas me escapem pelos olhos, mostrando ao mundo que sim, a Lolla é uma babaca.
No primeiro ônibus em que entrei, percebi que ia em pé, e pedi pra descer no outro ponto. De pé, num ônibus caríssimo (R$2,60 por quinze minutos de viagem), cheio de fedidos e que ainda por cima passou atrasado? NAH. Desci, mas o motorista deve ter me rogado pragas, porque fiquei mais 20 minutos em pé esperando o outro (dava tempo de ter chegado em casa, se tivesse ficado no primeiro). Fiquei lá, num ponto de ônibus cheio de bêbados, toscos olhando minha bunda (???), pivetes tentando me vender os torrões de açúcar puro que eles chamam cocada e espertalhões querendo me vender vale transporte falso. Quando finalmente o outro chegou, era da mesma linha, custava o mesmo preço e estava cheio do mesmo jeito. Aliás, estava MUITO mais cheio.
Sentei na escada, lágrimas gotejando e escorrendo na minha bolsa linda de vinil preto, que não absorve líquidos. Machos subiram e logo eu estava dividindo o exíguo espaço entre a porta e a roleta com mais quatro caras. Todos, sem exceção, fediam e olhavam meus peitos. Pedi pra morrer, é claro, só que mais uma vez, Deus me mandou à merda. É claro.
E eu tinha outras coisas pra falar. Que estou chateada e decepcionada com um monte de gente. Que eu gostaria que meu namorado virasse pó de café. Que eu gostaria de ter uma câmera digital melhor, e não entendo porque ninguém ainda deu um lance na minha no Mercado Livre, sendo que eu estou vendendo barato. Que ontem eu tive um dia lindo e absolutamente poético visitando a Igreja da Penha (e o museu dos milagres, que me deixou forte impressão). Mas não vai dar. Porque hoje eu estou triste como é default, porque hoje eu só quero sair dessa internet, meter a cara no travesseiro e sonhar uma outra vida onde eu não tenha mais motivo pra odiar nada nem ninguém. E, principalmente, onde eu não tivesse que me odiar.
E tem gente que ainda acha que isso aqui é ficcional.
Antes fosse.
Throw some glitter on it.
0 Comments:
Post a Comment