Mini alegrias negadas ao imigrante: o motorista parar o ônibus um pouco fora do ponto pra que você possa descer mais perto do destino. Aquele “pode parar aqui, motorista?” que às vezes é ignorado, outras não. Mas sempre muito agradecido.
A última vez que recebi simpatia de motorista depois que mudei de país foi em Jersey. Meu bairro contava somente com uma linha de ônibus (que passava de hora em hora no verão e menos ainda no inverno) e eu estava aguardando no ponto - sem cobertura, exposta aos elementos, passando frio na chuva. O senhorzinho, que tinha uma barba de papai noel e um dos sorrisos mais benignos que eu encontrei naquela ilha, estava se dirigindo para o ponto final. O ônibus ficaria uns minutos ali parado, aguardando passageiros que provavelmente não viriam, e depois tomaria o caminho inverso para o centro da cidade passando novamente pelo ponto onde eu estava. Eu teria que esperar pelo menos mais 10 minutos.
Ele parou o carro do outro lado da rua, fez contato visual e me perguntou o que eu estava fazendo ali. “Waiting for the bus”, respondi. Ele deu de ombros e me chamou com a mão. “Come on in”. Ele não tinha obrigação de oferecer, mas ofereceu e a atitude me agraciou com dez minutos me sentindo confortável e quentinha ao invés de parada em pé naquele tempo gelado e úmido. Nunca esqueci.
Mas Jersey é uma roça próspera. Onde os vizinhos conhecem o motorista do bairro pelo nome, ele pára fora do ponto para facilitar a vida das senhorinhas e recebe delas tupperwares com fatias de bolo. Aqui na cidade grande? Eu que lute.
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