Desde que me mudei para esse bairro há quase uma década a loja de eletrônicos local tinha uma placa na vitrine: “nossos especialistas têm uma experiência combinada de 118 anos!”. A placa ficou lá até semana passada, quando misteriosamente desapareceu. Fiquei pensando se talvez o colaborador mais experiente tenha morrido e abaixado tanto o número de anos de experiência da equipe que não dá mais pra contar vantagem.
Esse país está derretendo e secando ao mesmo tempo. Há semanas não chove, os gramados viraram palha, a companhia de água local já avisou que está prestes a decretar um hosepipe ban (o cidadão fica proibido de usar a mangueira para regar as plantas, lavar o carro ou o quintal) e em verdade vos digo: já tem vegetação de caatinga crescendo em Londres. Outro dia eu caminhava distraída cantarolando Asa Branca pelas esquinas do Grande Sertão: Subúrbio e tropecei num calango. O aquecimento global está querendo provar um ponto, mas eu não saí do Rio de Janeiro pra ver termômetro marcando 40 graus num país de clima temperado. Refresca aí, ô.
Estou cogitando a idéia de comprar um Macbook – refurbished, porque minha pão-durice não me permite pagar o preço de um novo. Depois de sei lá quantos anos sofrendo com tecnologia sem entender a razão eu me senti tentada a dar uma chance – gosto muito dos meus produtos da Apple, que sempre funcionaram bem apesar do uso diário. No momento tenho um Dell e lembro que na minha época de Brasil era considerado a “Ferrari dos computadores”, mas o meu congela mais do que o inverno na Sibéria. Deve estar cheio de malware, mas já passou por técnicos e sempre volta a ficar ruim. Fico chateada porque acho um absurdo sentir que preciso comprar um laptop de uma marca X pra que ele cumpra a função básica de funcionar. Fora o medo de investir num eletrônico caro e ele também dar defeito porque o problema sou EU. Penso que se não comprar um bem durável vou acabar gastando o dinheiro em bobagens anyway, mas por outro lado me pergunto “será que vai ser durável mesmo ou outra geringonça pra dar defeito e causar stress?” Usuários de computadores by Mr. Jobs, me dêem sua opinião sincera.
Há tempos decidi que não ia mais comprar bijouterias feitas de cobre e níquel. Investir em materiais mais duradouros (prata, ouro ou aço inox) sai um pouco mais caro, mas é frustrante ter que se desfazer de peças a que você se afeiçoou porque elas viraram um trambolho sem cor definida que só serve pra manchar a pele de verde. Já tentei a técnica de passar esmalte incolor por cima mas não adiantou muito. Aos poucos o verniz se gasta e, como é transparente, você não percebe. E quando menos espera o anel está oxidando, perdendo o brilho e esverdeando seus dedos – yuck. Estou aos poucos adquirindo peças simples porém de boa qualidade. Essas mini argolinhas de ouro e a mão de Fátima de prata são de uma pequena joalheria de bairro:
Mas infelizmente não consegui resistir a esses brinquinhos vagabundos de lua & estrela. Vamos ver quanto tempo vão levar pra virar guacamole na minha orelha.
Estou numa fase meio vintage (pra não dizer brega) em termos de manicure: se não for cintilante nem tiver glitter nem me apresente.
As velas da Diptyque são tão perfumadas que eu nem preciso acender para sentir o cheiro. E é tão gostoso sair da loja sacudindo uma sacolinha de madame cheia dos freebies que eles sempre incluem (e borrifam perfume no papel de seda que embala os produtos).
Estou tentando voltar a fazer um bullet journal (ou algo do tipo) decoradinho como fazia anos atrás, mas a verdade é que mesmo sendo um hobby gostoso e bastante eficaz para “limpar a mente” eu não tenho mais o tempo livre de antes. Enfim, fazemos o que podemos; tem dia que a página fica bacana, tem dia que fica quase em branco. A única resolução para este ano que está sendo mantida é não fazer nada por obrigação se puder evitar.
As mini plantinhas que eu trouxe do The Nunhead Gardener e que continuam vivas (porém agora em potes maiores):
Acho que já tenho um número suficiente de plantas dentro de casa, e como não quero dificultar a vida em caso de viagens ou quando estiver no Brasil, vou tentar não transformar os cômodos numa selva impossível de manter sem a minha presença.
Num domingo à noite desses eu mandei um whatsapp pra um amigo dizendo que “ia fazer meu skincare e ir dormir” e quando ele riu eu expliquei: “abrir uma cerveja, abrir e fechar os mesmos três apps sem conseguir me concentrar em nada e ter uma crise existencial porque o fim de semana acabou e eu não fiz nada do que pretendia”.
Depois que encerramos o papo eu fiquei pensando nisso. E concluí que domingo à noite já é um momento tão “vibração baixa” que seria mais saudável buscar estabelecer hábitos menos deprimentes pra tentar começar a semana num astral melhor. E doravante tenho dedicado essas duas horinhas antes de encerrar o dia a fazer coisas que me dão prazer e não frustração/raiva – não necessariamente offline, mas certamente evitando redes sociais ou trabalho. Assinei o Globoplay agora que finalmente funciona aqui (antes era preciso instalar uma antena e só podíamos assistir a programação da emissora em tempo real) e agora sou uma pessoa mais feliz pois nada melhor que uma bacia de pipoca e cinco capítulos seguidos de novelas da minha infância.
E esse foi meu skincare de ontem; só dispensei a pipoca porque sódio e substituí por um iced latte descafeinado feito em casa. Fui dormir sem aquele terrível sense of dread e cantarolando trilhas sonoras dos anos 80. Joy, joy, joy.
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