Depois de horas de trânsito lento chegamos a Somerset por volta das sete da noite; mas porque é verão ainda era dia claro. Coletamos a sogra em casa e fomos direto para o Merry Monk.
O menu não era muito inspirador, mas a carvery (uma espécie de "bufê de assados", bastante popular por essas bandas) parecia excelente e então foi esse o pedido. Sem arrependimentos: a carne estava maravilhosa e eu poderia ter comido um balde inteiro daquela batata assada com creme de leite.
De sobremesa ele pediu salted caramel pancakes e eu esse toffee “lumpy bumpy” que apesar de gostoso era meio enjoativo porque doce demais.
Incrivelmente ainda estava claro quando chegamos na casa do cunhado onde fomos muito bem recepcionadas pelas cãs. Dormi mal porque o colchão parecia feito de geleca e afundava no meio. Eu também não tinha o meu travesseiro extra e tenho dificuldade para dormir sem ele; tentei usar um ursinho de pelúcia que parecia adorável mas em termos de aerodinâmica não funcionou e, como um amante inepto, acabou descartado e expulso da cama.
Mas é bom acordar no silêncio e com a claridade do dia entrando pela janela. O interior realmente recarrega as energias, mas depois de um tempo ali eu preciso recarregá-las na cidade. Weird.
Comemos sanduíches de bacon feito no forno com suco de laranja sendo atentamente observados pelas cãzinhas, lindas e muito afetuosas apesar do cheiro característico de cachorro e da ocasional tripa de baba vindo parar na minha roupa. Brincamos de "fetch the ball" no jardim com trilha sonora de passarinhos histéricos e uma vista interminável dos Somerset levels. Fomos checar o “book exchange” da village (dentro de uma cabine telefônica abandonada) onde respectivo pilhou alguns livros. Logo fomos buscar a sogra pra dar um rolezinho por Exmoor.
Visitamos Arlington Court pela manhã e caminhamos por gramados felpudos como carpetes e quentinhos do sol. Dentre todas as outras coisas possíveis me apaixonei por uma mesa em marchetaria e um elefante vermelho translúcido dentro de uma bell jar.
Os quartos tinham as janelas fechadas para que a luz não estragasse a seda pura que cobre as paredes ao invés de papel. Mesa posta para festas imaginárias com convidados de uma aristocracia que não existe mais. Brinquedos caros para crianças ricas. Coleções de miniaturas, pratarias, conchas e objetos náuticos. Por toda a parte detalhes rebuscados e folheados a ouro, cobertos por brocado e trazidos de viagens, deixando claro que as pessoas tinham dinheiro - e naquela época era considerado de péssimo gosto NÃO ostentar.
Mas o Bolo Victoria no café não tinha creme de leite batido no recheio, só geléia, e por isso fomos lanchar em outro lugar.
(sei lá se era século 14 mesmo, mas não economizaram no creme)
Leymouth, eu estava com saudades; oito anos desde a última visita. A geografia da baía é incrível, o mar pontilhado de barquinhos coloridos se aninha entre encostas verdes felpudas e eu quis comprar todas as conchinhas; infelizmente custavam caro, eu não tenho casa de praia pra justificar conchas na decoração e a graça é catá-las na areia. Não tivemos tempo de passear por Lynton, a village que fica no topo e onde cada esquina tem cara de cartão postal. Foi numa de suas lojas que comprei minha querida bota de chuva azul com estampa da tatuagem old school. Só passamos de carro e fizemos uma tour rápida pelo “vale das pedras” onde bodes passeiam livremente e eu quero voltar para fazer caminhadas (e amizade com bodes, claro).
Jantamos no Jubilee Inn, nosso antigo pub favorito em Molton - que passou cinco anos fechado e reabriu totalmente transformado em gastropub com direito a chef francês. Achei o decor e o menu meio pretensiosos para a região, mas a simpatia do staff e as batatas fritas valeram a parada. :)
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