Outro dia eu vi as primeiras folhas amarelas numa árvore e isso me bastou para me deixar dividida. Se por um lado esse verão bombou no mau sentido (ou seja, chegou explodindo tudo, inclusive alicerces dos quais eu dependia para o meu bem estar mental e felicidade) por outro me parece ainda muito cedo para tirar as botas de cano longo da gaveta.
Quem sabe só dessa vez eu gostaria de esticá-lo um pouco mais. Umas duas ou três semanas, pra caber talvez uma minitrip para Jersey ou Cornwall (que eu já tinha planejadas, mas tive que des-planejar), ou mais uns dias indo bater perna no centrinho de chinelo com um sorvete derretendo casquinha abaixo e deixando as mãos meladas, mais uns dias de pôr do sol dourando as águas do Tâmisa enquanto eu caço monstrinhos de pixel em Canary Wharf, mais uns dias sentada na grama do Hyde Park com um ipad e uma marmitinha contendo junk food japonesa do oriental market, mais uns dias mergulhando semipelada no Ladies' Pond de Hampstead Heath (onde por motivos óbvios não dá pra fazer foto, mas imagine um paraíso no meio da cidade), mais uns dias sem que o peso dos casacos, pulôveres e cachecóis sobre a pele não servisse de metáfora para o peso dos problemas a resolver e das tristezas irresolvíveis que a gente carrega vida afora.
Mais uns dias pra sair de short e camiseta, como se vida pudesse ser tão leve e descomplicada como o meu guarda roupas de verão.
E isso me deixa cabreira, porque de outra feita eu sou um bicho do inverno. O outono nem começou ainda e eu já quero cashmere, bonfire night, folhas caindo, halloween, manta de lã, pumpkin spiced latte, música de natal nas lojas, luzinhas piscando, edredon no sofá, pijama de flanela, lareira, botas de cano longo, meias de dedinho, mince pies, festas de natal da firma, january blues, valentine’s day, neve.
O verão pra mim às vezes se torna essa coisa opressiva, trazendo a obrigação moral de sair, se divertir, curtir o sol, provar pra si mesmo e pro mundo que vocêe está having a great time - quando tantas vezes “having a great time” na sua opinião significa se alojar embaixo de um cobertor tendo spotify, netflix e um pacote jumbo de biscoitos à mão. O verão às vezes é uma das coisas que eu olho e penso, “já passei da idade”. Talvez porque tenha perdido a graça, eu tendo vivido tantos anos num país onde verão era sinônimo de "escaldante" e "interminável".
Mas terminando o verão está, e em breve os dias serão curtos e escuros e eu talvez não tenha o conforto de um ou outro casulo emocional ou físico para deixá-los também quentinhos e confortáveis. Talvez os casulos possíveis me tragam ainda mais desconforto e eu precise forçar a casca, quebrá-la e sair, mas as asas ainda frágeis e úmidas dessa minha crisálida metafórica não vão mais encontrar o calor do fim do verão e nem a cor do fim da primavera. As rosas já terão empacotado pétalas e brotos até junho que vem, o sol vai despencar para trás do horizonte às quatro da tarde e o projeto de borboleta fora de época vai ter sorte caso sobreviva.
Ou não.
Borboletas precisam de sorte. Mas a sorte do dia aqui é que as minhas analogias são sempre muito ruins na fracassada tentativa de soarem poéticas e eu não sou uma fucking borboleta. Eu sou um Butterfree.
And I'll be flapping those wings about. I'll be flapping those wings like whoa. :)
Winter, my bae. Just you wait.
E pra adicionar uma dose merecida de fofura, "shameless bengal appreciation post":
Eu estou roubando esse gato? Provavelmente.
Ou melhor, ele está de mudança.
Quem sabe só dessa vez eu gostaria de esticá-lo um pouco mais. Umas duas ou três semanas, pra caber talvez uma minitrip para Jersey ou Cornwall (que eu já tinha planejadas, mas tive que des-planejar), ou mais uns dias indo bater perna no centrinho de chinelo com um sorvete derretendo casquinha abaixo e deixando as mãos meladas, mais uns dias de pôr do sol dourando as águas do Tâmisa enquanto eu caço monstrinhos de pixel em Canary Wharf, mais uns dias sentada na grama do Hyde Park com um ipad e uma marmitinha contendo junk food japonesa do oriental market, mais uns dias mergulhando semipelada no Ladies' Pond de Hampstead Heath (onde por motivos óbvios não dá pra fazer foto, mas imagine um paraíso no meio da cidade), mais uns dias sem que o peso dos casacos, pulôveres e cachecóis sobre a pele não servisse de metáfora para o peso dos problemas a resolver e das tristezas irresolvíveis que a gente carrega vida afora.
Mais uns dias pra sair de short e camiseta, como se vida pudesse ser tão leve e descomplicada como o meu guarda roupas de verão.
E isso me deixa cabreira, porque de outra feita eu sou um bicho do inverno. O outono nem começou ainda e eu já quero cashmere, bonfire night, folhas caindo, halloween, manta de lã, pumpkin spiced latte, música de natal nas lojas, luzinhas piscando, edredon no sofá, pijama de flanela, lareira, botas de cano longo, meias de dedinho, mince pies, festas de natal da firma, january blues, valentine’s day, neve.
O verão pra mim às vezes se torna essa coisa opressiva, trazendo a obrigação moral de sair, se divertir, curtir o sol, provar pra si mesmo e pro mundo que vocêe está having a great time - quando tantas vezes “having a great time” na sua opinião significa se alojar embaixo de um cobertor tendo spotify, netflix e um pacote jumbo de biscoitos à mão. O verão às vezes é uma das coisas que eu olho e penso, “já passei da idade”. Talvez porque tenha perdido a graça, eu tendo vivido tantos anos num país onde verão era sinônimo de "escaldante" e "interminável".
Mas terminando o verão está, e em breve os dias serão curtos e escuros e eu talvez não tenha o conforto de um ou outro casulo emocional ou físico para deixá-los também quentinhos e confortáveis. Talvez os casulos possíveis me tragam ainda mais desconforto e eu precise forçar a casca, quebrá-la e sair, mas as asas ainda frágeis e úmidas dessa minha crisálida metafórica não vão mais encontrar o calor do fim do verão e nem a cor do fim da primavera. As rosas já terão empacotado pétalas e brotos até junho que vem, o sol vai despencar para trás do horizonte às quatro da tarde e o projeto de borboleta fora de época vai ter sorte caso sobreviva.
Ou não.
Borboletas precisam de sorte. Mas a sorte do dia aqui é que as minhas analogias são sempre muito ruins na fracassada tentativa de soarem poéticas e eu não sou uma fucking borboleta. Eu sou um Butterfree.
And I'll be flapping those wings about. I'll be flapping those wings like whoa. :)
Winter, my bae. Just you wait.
E pra adicionar uma dose merecida de fofura, "shameless bengal appreciation post":
Eu estou roubando esse gato? Provavelmente.
Ou melhor, ele está de mudança.
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