Friday, November 14, 2014

Changes in light









A luz mudou, muitas árvores já quase nuas, os dias são curtos, o vento se sente mais frio e a irritante chuva fina londrina aos poucos começa a fazer sua aparição diária. Fase de instrospecção e análise e remoção de excessos. As camadas de lã e algodão que uso para me proteger do clima já são pesadas demais; não preciso arrastar peso extra por dentro.

Não quero mais cultivar em mim o que eu mesma não entendo. O veneno desnecessário a pessoas próximas, de quem em voz alta e frente a frente fingimos gostar; as indiretas diretas, as tentativas de atingir quem está apenas levando a vida - de uma maneira talvez vagamente reprovável, mas que se não prejudica por que raios importa? Por que me manter voluntariamente ao redor de gente a quem tenho tantos senões a fazer? Preguiça de dar unfollow, block, deletar o contato do telefone, tirar o nome da lista de cartões de natal e aniversário? Medo de acabar sem ter ninguém para dar like no status oco, na foto de festa, no selfie inseguro, na curadoria de fragmentos de existência tentando reafirmar que a vida é perfeita e por favor, todos concordem porque aí sim talvez a gente acredite?

Abrir as garras desse afeto interesseiro e deixar as pessoas irem. Se tudo o que conseguimos pensar quando pensamos nelas se resume a escárnio, então para o bem de todos (delas e nosso) talvez devêssemos considerar esquecê-las. Otimizar o banco de dados, deixar na mente apenas o que vale o espaço que ocupa. Vamos nos deixar ir. Nos despedir com um aceno de mão imaginário e o respeito que não foi o bastante para que pudéssemos ser amigos, mas que talvez seja suficiente para nos libertar do estorvo dessa insinceridade patética.

0 Comments:

Post a Comment