Karaokê é aquele momento de diversão retardada irresistível, que costuma unir os saidinhos e os mais tímidos em torno de um microfone e uma tela sem se preocupar muito com o mico sendo pago em decibéis esganiçados. Geralmente as pessoas começam pegando leve, escolhendo músicas curtinhas e seguras - mas conforme a autoconfiança (e a lista de bebibas alcóolicas na comanda do bar) aumenta a tendência é liberal geral, fazer coreografia, performance e fingir que você realmente vai conseguir fazer aquelas evoluções vocais de Bohemian Rhapsody ou imitar a vozinha de tirolês do Morrissey no final de The Boy With The Thorn In His Side. Abafa. Juro que não fui eu quem cometeu essas infrações. Juro.
Então eu fiz uma lista de sete músicas que, embora não estejam no meu Top 7 mais interpretadas (uma dela aliás eu nunca arrisquei) valem o destaque por um motivo ou outro. Senta aí e vamo dar mais umas pageview$$$ pro VeVo (I know, meh):
7. American Pie - Don McLean (vídeo) Essa é uma das minhas músicas preferidas de todos os tempos e lembro que quase tive um piripaque de emoção quando vi que ela constava no catálogo do finado karaokê da Play Toy do Unigranrio Shopping. A letra da música se refere ao “dia que a música morreu”, segundo o próprio McLean: 3 de Fevereiro de 1959, quando um acidente aéreo encerrou tristemente a carreira e as vidas de Buddy Holly, Ritchie Vallens e Big Bopper. “But February made me shiver / With every paper I’d deliver / Bad news on the doorstep”. Infelizmente meu entusiasmo foi inversamente proporcional à minha disposição para cantar aquilo tudo (a música não acaba nunca) e eu meio que desisti na metade, já de saco cheio de repetir BYE BYE MISS AMERICAN PIE para uma audiência de ninguém, já que as pessoas também se cansaram e saíram de perto. Nota: fail.
Don Mclean, gato, drove his chevy to the levee but the levee was dry. :(
6. Wuthering Heights - Kate Bush. (vídeo) Kate escreveu Wuthering Heights na adolescência, impressionada depois de assistir a uma série da BBC e ler o livro. É claro que NINGUÉM consegue imitar a voz dela nessa música - nem mesmo a própria Kate Bush, que arrepiava nos anos 70 mas deixou de cantar canções dos primeiros álbuns ao vivo porque não alcança mais aquelas notas. Porém cantar mal aqui é simplesmente TODA a graça; passar três minutos ganindo às gargalhadas, se contorcendo como a Kate e evocando o espírito atormentado de Cathy Earnshaw que bate à janela do seu amor, Heathcliff. “IT’S ME YOUR CATHY I’VE COME HOME e abre LOGO antes que eu quebre a janela no soco!!” ♥ (Não sabe quem é Cathy e Heathcliff? Sai do Whatsapp e vai descobrir, gafanhota). Nota: geralmente alta, porque a gritaria é tanta que confunde a máquina.
5. Andrea Doria - Legião Urbana. (video) Não nego que curto Legião. A expressão “GUILTY pleasure” não consta do meu vocabulário porque todo mundo gosta de alguma coisa que os outros acham uma merda. Hoje em dia a gente chocha o Renato, mas na minha infância ele era um semideus para os jovens, com aquelas letras cheias de teenage angst atrasada e que traduziam tão bem a rebeldia e desesperança da adolescência. Andrea Doria é uma pérola melancólica (e por razões diversas uma porrada na minha cara) que eu nunca arrisquei no karaokê porque conheço meus limites: o Renato canta num tom muito baixo pra mim e quando sobe eu não consigo acompanhar; prefiro ir de “Quase sem querer” ou “Tempo Perdido” para o alívio de todos. Mas na minha cabeça (e quando não tem ninguém por perto) Andrea Doria it is. Nota: não aplicável, grazadels…
“Faríamos floresta do deserto e diamantes de pedaços de vidro”
4. My Heart Will Go On - Celine Dion (video) Quem nunca. Eu também tive aquela amiga que viu Titanic no cinema vinte vezes, tinha posters do DiCaprio fazendo cosplay de picolé até no céu da boca e era viciada em qualquer coisa relativa ao filme. É lógico que ela sempre cantava My Heart Will Go On e é LÓGICO que eu era sempre a criatura sem brio escolhida para cantar de dupla - assim o mico era dividido em partes iguais e não ficava tão feio pra ninguém. Eu, claro, sempre escrotizava o lance com um virundum: quando a Celine sussura “I believe that the heart does go on” soa igual a “the HOT DOGS go on”. E assim nascia o hot dog infinito, o hot dog highlander, o hot dog brasileiro que não desiste nunca e “goes on”. Ok, parei. Nota: rindo tanto do hot dog eterno que nem lembrava de conferir.
Celine prontinha pro desafio do balde de gelo: pode trazer o iceberg!
3. O Amor e o Poder - Rosana (vídeo) É uma pena que a diva esteja mal representada online; fotos de baixa resolução, sites mal acabados, etc. Os fãs deviam se mobilizar, viu. Enfim, essa música (versão em português da canção original de Jennifer Rush) foi tema de novela nos final dos anos 80 e catapultou nossa Rosaninha à fama nacional e ao “privilégio” de ter videoclips produzidos pela equipe do Fantástico - acredite quando eu digo que eles eram geralmente péssimos, mas Rosana teve sorte (?) e na vez dela a galera deu uma caprichada, toda uma pegada gótica do subúrbio, um luxo. Enfim, em homenagem ao clipe eu e um amigo desenvolvemos uma versão goth/trash metal pra música, que era realmente fenomenal e acumulou fãs em karaokês Rio de Janeiro afora. Nota: baixa, mas quem liga quando a platéia vai ao delírio?? ♥
“A MÚSICA NA SOMBRAAAAAAARGHASGAFRAGHASGSRRAWWWR”
2. Eu Queria Ter uma Bomba - Barão Vermelho (video) Minha fase preferida do Barão Vermelho é a que conta com as letras do Cazuza; depois que ele saiu da banda pouca coisa me interessou. Mas essa música, ah, ela é linda. E combina com o meu timbre, ou seja, não faço feio. Ela também é melancólica, mas de uma maneira meio debochada, meio de saco cheio e não levando a tristeza muito a sério; uma espécie de crise romântica dos não-românticos. O clipe é uma novelinha demente com a presença da linda Daniele Daumerie (ex-mulher do Lobão e que faleceu recentemente) toda goth chic. Essa música é a cara do Rio nos anos 80, onde eu adoraria ter sido adolescente para viver a época de ouro antes do declínio - mas infelizmente nasci tarde demais. Nota: Boa, e por mérito próprio. :)
“Você sai de perto eu penso em suicídio, mas no fundo eu nem ligo”
1. Girls Just Wanna Have Fun - Cindy Lauper (vídeo) Nem tinha como estar fora da lista. Era a época em que videoclips queriam contar uma história e não ganhar prêmios de arte; a coisa começou a degringolar com “Losing My Religion” do R.E.M. Cindy, maior nepotista da história da MTV, colocava a família toda nos vídeos; nesse aqui por exemplo a mãe da historinha é a mãe dela for realz. :) A música é o hino das meninas solteiras, especialmente daquela que não quer “put a ring on it” (ouviu, Beyoncé?) e nem ter alguém pra “hide her away from the rest of world” - só quer se divertir. E isso em 1983! Feminismo r00ts é isso aí. ♥ Não existe nada melhor do que berrar isso cazamayga (inclusive as gay) no karaokê: WHEN THE WORKING DAY IS DONE OH GIRLS THEY WANNA HAVE FUN. Nota: DEZ, NOTA DEZ!
“I want to be the one to walk in the sun!!”
Então eu fiz uma lista de sete músicas que, embora não estejam no meu Top 7 mais interpretadas (uma dela aliás eu nunca arrisquei) valem o destaque por um motivo ou outro. Senta aí e vamo dar mais umas pageview$$$ pro VeVo (I know, meh):
7. American Pie - Don McLean (vídeo) Essa é uma das minhas músicas preferidas de todos os tempos e lembro que quase tive um piripaque de emoção quando vi que ela constava no catálogo do finado karaokê da Play Toy do Unigranrio Shopping. A letra da música se refere ao “dia que a música morreu”, segundo o próprio McLean: 3 de Fevereiro de 1959, quando um acidente aéreo encerrou tristemente a carreira e as vidas de Buddy Holly, Ritchie Vallens e Big Bopper. “But February made me shiver / With every paper I’d deliver / Bad news on the doorstep”. Infelizmente meu entusiasmo foi inversamente proporcional à minha disposição para cantar aquilo tudo (a música não acaba nunca) e eu meio que desisti na metade, já de saco cheio de repetir BYE BYE MISS AMERICAN PIE para uma audiência de ninguém, já que as pessoas também se cansaram e saíram de perto. Nota: fail.
Don Mclean, gato, drove his chevy to the levee but the levee was dry. :(
6. Wuthering Heights - Kate Bush. (vídeo) Kate escreveu Wuthering Heights na adolescência, impressionada depois de assistir a uma série da BBC e ler o livro. É claro que NINGUÉM consegue imitar a voz dela nessa música - nem mesmo a própria Kate Bush, que arrepiava nos anos 70 mas deixou de cantar canções dos primeiros álbuns ao vivo porque não alcança mais aquelas notas. Porém cantar mal aqui é simplesmente TODA a graça; passar três minutos ganindo às gargalhadas, se contorcendo como a Kate e evocando o espírito atormentado de Cathy Earnshaw que bate à janela do seu amor, Heathcliff. “IT’S ME YOUR CATHY I’VE COME HOME e abre LOGO antes que eu quebre a janela no soco!!” ♥ (Não sabe quem é Cathy e Heathcliff? Sai do Whatsapp e vai descobrir, gafanhota). Nota: geralmente alta, porque a gritaria é tanta que confunde a máquina.
5. Andrea Doria - Legião Urbana. (video) Não nego que curto Legião. A expressão “GUILTY pleasure” não consta do meu vocabulário porque todo mundo gosta de alguma coisa que os outros acham uma merda. Hoje em dia a gente chocha o Renato, mas na minha infância ele era um semideus para os jovens, com aquelas letras cheias de teenage angst atrasada e que traduziam tão bem a rebeldia e desesperança da adolescência. Andrea Doria é uma pérola melancólica (e por razões diversas uma porrada na minha cara) que eu nunca arrisquei no karaokê porque conheço meus limites: o Renato canta num tom muito baixo pra mim e quando sobe eu não consigo acompanhar; prefiro ir de “Quase sem querer” ou “Tempo Perdido” para o alívio de todos. Mas na minha cabeça (e quando não tem ninguém por perto) Andrea Doria it is. Nota: não aplicável, grazadels…
“Faríamos floresta do deserto e diamantes de pedaços de vidro”
4. My Heart Will Go On - Celine Dion (video) Quem nunca. Eu também tive aquela amiga que viu Titanic no cinema vinte vezes, tinha posters do DiCaprio fazendo cosplay de picolé até no céu da boca e era viciada em qualquer coisa relativa ao filme. É lógico que ela sempre cantava My Heart Will Go On e é LÓGICO que eu era sempre a criatura sem brio escolhida para cantar de dupla - assim o mico era dividido em partes iguais e não ficava tão feio pra ninguém. Eu, claro, sempre escrotizava o lance com um virundum: quando a Celine sussura “I believe that the heart does go on” soa igual a “the HOT DOGS go on”. E assim nascia o hot dog infinito, o hot dog highlander, o hot dog brasileiro que não desiste nunca e “goes on”. Ok, parei. Nota: rindo tanto do hot dog eterno que nem lembrava de conferir.
Celine prontinha pro desafio do balde de gelo: pode trazer o iceberg!
3. O Amor e o Poder - Rosana (vídeo) É uma pena que a diva esteja mal representada online; fotos de baixa resolução, sites mal acabados, etc. Os fãs deviam se mobilizar, viu. Enfim, essa música (versão em português da canção original de Jennifer Rush) foi tema de novela nos final dos anos 80 e catapultou nossa Rosaninha à fama nacional e ao “privilégio” de ter videoclips produzidos pela equipe do Fantástico - acredite quando eu digo que eles eram geralmente péssimos, mas Rosana teve sorte (?) e na vez dela a galera deu uma caprichada, toda uma pegada gótica do subúrbio, um luxo. Enfim, em homenagem ao clipe eu e um amigo desenvolvemos uma versão goth/trash metal pra música, que era realmente fenomenal e acumulou fãs em karaokês Rio de Janeiro afora. Nota: baixa, mas quem liga quando a platéia vai ao delírio?? ♥
“A MÚSICA NA SOMBRAAAAAAARGHASGAFRAGHASGSRRAWWWR”
2. Eu Queria Ter uma Bomba - Barão Vermelho (video) Minha fase preferida do Barão Vermelho é a que conta com as letras do Cazuza; depois que ele saiu da banda pouca coisa me interessou. Mas essa música, ah, ela é linda. E combina com o meu timbre, ou seja, não faço feio. Ela também é melancólica, mas de uma maneira meio debochada, meio de saco cheio e não levando a tristeza muito a sério; uma espécie de crise romântica dos não-românticos. O clipe é uma novelinha demente com a presença da linda Daniele Daumerie (ex-mulher do Lobão e que faleceu recentemente) toda goth chic. Essa música é a cara do Rio nos anos 80, onde eu adoraria ter sido adolescente para viver a época de ouro antes do declínio - mas infelizmente nasci tarde demais. Nota: Boa, e por mérito próprio. :)
“Você sai de perto eu penso em suicídio, mas no fundo eu nem ligo”
1. Girls Just Wanna Have Fun - Cindy Lauper (vídeo) Nem tinha como estar fora da lista. Era a época em que videoclips queriam contar uma história e não ganhar prêmios de arte; a coisa começou a degringolar com “Losing My Religion” do R.E.M. Cindy, maior nepotista da história da MTV, colocava a família toda nos vídeos; nesse aqui por exemplo a mãe da historinha é a mãe dela for realz. :) A música é o hino das meninas solteiras, especialmente daquela que não quer “put a ring on it” (ouviu, Beyoncé?) e nem ter alguém pra “hide her away from the rest of world” - só quer se divertir. E isso em 1983! Feminismo r00ts é isso aí. ♥ Não existe nada melhor do que berrar isso cazamayga (inclusive as gay) no karaokê: WHEN THE WORKING DAY IS DONE OH GIRLS THEY WANNA HAVE FUN. Nota: DEZ, NOTA DEZ!
“I want to be the one to walk in the sun!!”
Este post faz parte do meme “7 músicas para cantar no Karaokê” do Rotaroots, um grupo de blogueiros saudosistas que resgata a velha e verdadeira paixão por manter seus diários virtuais. Para ler todas as blogagens coletivas do Rotaroots, clique aqui. Quer participar? Então faça parte do nosso grupo no Facebook e inscreva-se no Rotation.
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