Essa é Dinan - ou melhor, parte do antigo porto da cidade:
Fiz a foto de pé num viaduto sobre o rio - esse aqui:
O hotel ficava a alguns minutos de caminhada por uma rua de pedras bastante íngreme no final do viaduto. Pequenino e de duas estrelas, mas confortável e bem localizado no centro da parte antiga da cidade e você pode percorrer facilmente todo o centro histórico a pé.
O hotel ficava ao lado de uma pracinha no centro antigo da cidade, que por sua vez era cortada pela "Rua do Relógio". Abri a janela na primeira manhã e a vista não era lá essas coisas.
Tudo estava coberto de neblina, e eu previ fotos escuras, algum frio e Respectivo meio que se recusando a pôr o carro na estrada para visitar outras cidades vizinhas. O tal "relógio" era uma torre pontuda datando do século 13, e que em algum ponto remoto da história deve ter levado o troféu de "Sino com o Som mais Deprimente da Europa". Em comparação ao festivo Westminster Chimes do Big Ben, que soa como um convite para uma festa de casamento, aquele toque deprê do sino de Dinan de 15 em 15 minutos (seguido pelas badaladas de hora em hora) parecia convite a um enforcamento na praça principal da cidade - e a cada toque, eu me convencia de que a enforcada seria eu. Depois de uns dias eu acostumei.
O centro histórico e suas casinhas com estrutura de madeira que se mantém praticamente inalteradas há mais de 800 anos é uma viagem de volta no tempo.
Esse porco era só cabeça - o corpo era apenas patê moldado.
Na verdade eu tive um pequeno problema de ordem alimentar no primeiro dia. Não incluiu visitas brevemente espaçadas ao banheiro mais próximo; pelo contrário, quase passei fome. Grande decepção no front alimentício. Eu não conseguia achar um único restaurante que servisse algo diferente de ostras cruas ou caramujos. Fora isso, as opções mais populares eram crepes e galettes - que ok, são gostosinhos, mas não são exatamente *comida* na minha concepção do termo.
O fato é que na França a culinária tende a ser fortemente local. Ou seja, se você está perto do mar ou de um rio, fatalmente vai ser bombardeado com os peixes e frutos do mar da área. Se a época for de pepinos e morangos na região, acredite em mim: até o fim da estação, você vai comer simplesmente TUDO acompanhado dos malditos pepinos e morangos, até não conseguir mais olhar para eles sem ter alucinações com pepinos voadores perseguindo morangos de bicicleta.
E enquanto isso, o que a pessoa faz? Come macarons. Porque, em compensação, na França existe uma boulangerie a cada esquina. Sem nenhum pepino à vista.
Os macarons eram sabor salted caramel (deliciosos), e não morango.
Naquele dia acabei tendo que me contentar com um bife de hambúrguer sem pão (e sem tempero, também...) acompanhado de batatas fritas quentes demais num barzinho à beira do rio no porto de Dinan, cuja dona adorava bater papo (ops) e disse que costumava ir a Jersey para as liquidações.
Sim, senhora. Traz mais uma cerveja, por favor. E o saleiro.
Dia seguinte era dia de mercado na cidade, mas já havíamos combinado de ir a Mont Saint Michel, uma cidadela medieval construída numa rocha nas proximidades de Avranches. Fiz as fotos abaixo na minha visita de 2007, mas imagem alguma faz justiça à impressionante visão da cidade à distância, que parece se erguer do meio do mar e da extensa planície à sua volta.
O estacionamento estava mais lotado do que eu esperava - mas enfim, essa é a atração turística mais visitada de toda a França (com exceção de Paris). Impressiona a variedade de sotaques e idiomas que se ouve pelas estreitas ruazinhas medievais da cidade, cuja população fixa oficial é de apenas 40 pessoas. Segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para o bispo Aubert de Avranches no ano de 708 ordenando que ele construísse uma igreja no topo da pequena ilha. Aubert ignorou o pedido do arcanjo até que Miguel simplesmente queimou um buraco no crânio do bispo com o dedo. No pressure, fucker!
Fizemos poucas fotos porque eu já havia visitado o lugar antes no verão e, dessa vez, detestei a decoração natalina cafona estragando o clima medieval. Mas o lindo dia de sol e o almoço decente (comida de verdade!) no restaurante Muton Blanc compensaram essa pequena inconveniência.
Tive vontade de almoçar no La Mère Polaurd (foto acima), uma estalagem de 1879 cujas paredes exibem autógrafos de clientes famosos (incluindo Hemingway e Yes Saint-Laurent). O prato mais tradicional é o omelete gigante, de vários sabores; na verdade parece mais um sufflê. São feitos à mão em panelas de cobre e cozidos numa espécie de lareira gigante, como demonstra o vídeo irritantemente alto no site do restaurante. Infelizmente o glamour tem preço: 100g do omelete mais barato custa 18 euros - e, como a porção mínima é de 250g, o almoço mais em conta sai por... 45 euros. É, num omelete. Woohoo! Maybe next time. :(
o gnomo margarido guineto, companheiro de viagens, em Mont St. Michel.
No último dia de ano o frio estava começando a ficar chato. Vento gelado, roupas não dando conta de proteger o corpo e eu ficando irritada. Tive uma idéia brilhante - para onde as pessoas vão quando o tempo está feio, o frio está inconveniente e não há nada melhor para fazer? IKEA, bitches. Escolhemos a filial mais próxima, que ficava em Rennes. Passamos algumas horas divertidas e quentinhas dentro da loja, mas fiquei assustada com os preços. Algumas peças custavam quase o dobro do que custam na Ikea inglesa - que já é das mais caras. Ainda assim trouxemos para casa algumas bugingangas: copos e taças de vinho, tapetes, luminárias e velas cheirosas, ou seja, tudo aquilo que você sabe que não precisa mas sabe também que não vai onseguir sair da Ikea sem levar. Típico.
Também enchemos o carrinho com a maravilhosa Ikea food - achei até carne de rena fatiada! Irônico comer renas fritas no natal, não? Aposto que o prato não ia fazer muito sucesso com as crianças. Trouxemos para casa muitos biscoitos (os preferidos do Respectivo), quilos daquele chocolate super doce cujo nome eu sempre esqueço (idem) e refresco de lingonberry. E, claro, comemos o famoso cachorro quente de cinquenta centavos da Ikea, que eu acredito ser a única coisa da loja que custa mais ou menos o mesmo preço em qualquer país.
Voltamos quando já era noite e estava na hora de nos preparar para o reveillon à francesa.
Fiz a foto de pé num viaduto sobre o rio - esse aqui:
O hotel ficava a alguns minutos de caminhada por uma rua de pedras bastante íngreme no final do viaduto. Pequenino e de duas estrelas, mas confortável e bem localizado no centro da parte antiga da cidade e você pode percorrer facilmente todo o centro histórico a pé.
O hotel ficava ao lado de uma pracinha no centro antigo da cidade, que por sua vez era cortada pela "Rua do Relógio". Abri a janela na primeira manhã e a vista não era lá essas coisas.
Tudo estava coberto de neblina, e eu previ fotos escuras, algum frio e Respectivo meio que se recusando a pôr o carro na estrada para visitar outras cidades vizinhas. O tal "relógio" era uma torre pontuda datando do século 13, e que em algum ponto remoto da história deve ter levado o troféu de "Sino com o Som mais Deprimente da Europa". Em comparação ao festivo Westminster Chimes do Big Ben, que soa como um convite para uma festa de casamento, aquele toque deprê do sino de Dinan de 15 em 15 minutos (seguido pelas badaladas de hora em hora) parecia convite a um enforcamento na praça principal da cidade - e a cada toque, eu me convencia de que a enforcada seria eu. Depois de uns dias eu acostumei.
O centro histórico e suas casinhas com estrutura de madeira que se mantém praticamente inalteradas há mais de 800 anos é uma viagem de volta no tempo.
Considerei fazer as unhas nesse salão:
E as delícias da culinária francesa... erm.
E as delícias da culinária francesa... erm.
Esse porco era só cabeça - o corpo era apenas patê moldado.
Na verdade eu tive um pequeno problema de ordem alimentar no primeiro dia. Não incluiu visitas brevemente espaçadas ao banheiro mais próximo; pelo contrário, quase passei fome. Grande decepção no front alimentício. Eu não conseguia achar um único restaurante que servisse algo diferente de ostras cruas ou caramujos. Fora isso, as opções mais populares eram crepes e galettes - que ok, são gostosinhos, mas não são exatamente *comida* na minha concepção do termo.
O fato é que na França a culinária tende a ser fortemente local. Ou seja, se você está perto do mar ou de um rio, fatalmente vai ser bombardeado com os peixes e frutos do mar da área. Se a época for de pepinos e morangos na região, acredite em mim: até o fim da estação, você vai comer simplesmente TUDO acompanhado dos malditos pepinos e morangos, até não conseguir mais olhar para eles sem ter alucinações com pepinos voadores perseguindo morangos de bicicleta.
E enquanto isso, o que a pessoa faz? Come macarons. Porque, em compensação, na França existe uma boulangerie a cada esquina. Sem nenhum pepino à vista.
Os macarons eram sabor salted caramel (deliciosos), e não morango.
Naquele dia acabei tendo que me contentar com um bife de hambúrguer sem pão (e sem tempero, também...) acompanhado de batatas fritas quentes demais num barzinho à beira do rio no porto de Dinan, cuja dona adorava bater papo (ops) e disse que costumava ir a Jersey para as liquidações.
Sim, senhora. Traz mais uma cerveja, por favor. E o saleiro.
Dia seguinte era dia de mercado na cidade, mas já havíamos combinado de ir a Mont Saint Michel, uma cidadela medieval construída numa rocha nas proximidades de Avranches. Fiz as fotos abaixo na minha visita de 2007, mas imagem alguma faz justiça à impressionante visão da cidade à distância, que parece se erguer do meio do mar e da extensa planície à sua volta.
O estacionamento estava mais lotado do que eu esperava - mas enfim, essa é a atração turística mais visitada de toda a França (com exceção de Paris). Impressiona a variedade de sotaques e idiomas que se ouve pelas estreitas ruazinhas medievais da cidade, cuja população fixa oficial é de apenas 40 pessoas. Segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para o bispo Aubert de Avranches no ano de 708 ordenando que ele construísse uma igreja no topo da pequena ilha. Aubert ignorou o pedido do arcanjo até que Miguel simplesmente queimou um buraco no crânio do bispo com o dedo. No pressure, fucker!
Fizemos poucas fotos porque eu já havia visitado o lugar antes no verão e, dessa vez, detestei a decoração natalina cafona estragando o clima medieval. Mas o lindo dia de sol e o almoço decente (comida de verdade!) no restaurante Muton Blanc compensaram essa pequena inconveniência.
Tive vontade de almoçar no La Mère Polaurd (foto acima), uma estalagem de 1879 cujas paredes exibem autógrafos de clientes famosos (incluindo Hemingway e Yes Saint-Laurent). O prato mais tradicional é o omelete gigante, de vários sabores; na verdade parece mais um sufflê. São feitos à mão em panelas de cobre e cozidos numa espécie de lareira gigante, como demonstra o vídeo irritantemente alto no site do restaurante. Infelizmente o glamour tem preço: 100g do omelete mais barato custa 18 euros - e, como a porção mínima é de 250g, o almoço mais em conta sai por... 45 euros. É, num omelete. Woohoo! Maybe next time. :(
o gnomo margarido guineto, companheiro de viagens, em Mont St. Michel.
No último dia de ano o frio estava começando a ficar chato. Vento gelado, roupas não dando conta de proteger o corpo e eu ficando irritada. Tive uma idéia brilhante - para onde as pessoas vão quando o tempo está feio, o frio está inconveniente e não há nada melhor para fazer? IKEA, bitches. Escolhemos a filial mais próxima, que ficava em Rennes. Passamos algumas horas divertidas e quentinhas dentro da loja, mas fiquei assustada com os preços. Algumas peças custavam quase o dobro do que custam na Ikea inglesa - que já é das mais caras. Ainda assim trouxemos para casa algumas bugingangas: copos e taças de vinho, tapetes, luminárias e velas cheirosas, ou seja, tudo aquilo que você sabe que não precisa mas sabe também que não vai onseguir sair da Ikea sem levar. Típico.
Também enchemos o carrinho com a maravilhosa Ikea food - achei até carne de rena fatiada! Irônico comer renas fritas no natal, não? Aposto que o prato não ia fazer muito sucesso com as crianças. Trouxemos para casa muitos biscoitos (os preferidos do Respectivo), quilos daquele chocolate super doce cujo nome eu sempre esqueço (idem) e refresco de lingonberry. E, claro, comemos o famoso cachorro quente de cinquenta centavos da Ikea, que eu acredito ser a única coisa da loja que custa mais ou menos o mesmo preço em qualquer país.
Voltamos quando já era noite e estava na hora de nos preparar para o reveillon à francesa.
Olá, eu vou viajar em lua de mel, sendo o Le Mont Saint Michel um dos lugares visitados. Você recomenda Dinan como parada, ou haveria alguma cidade mais legal para visitar nessa região em abril? Abraços Flávia
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