Friday, May 15, 2009

Guilty Pleasures

Comendo bolinho de bacalhau, ouvindo a coletânea do Menudo e bebendo cerveja francesa vagabunda no gargalo. Cafonice is here to stay. Eu e minha infindável paixão por música brega em idiomas latinos. Aznavour, Iglesias, Ramazzotti... Porque música em francês, espanhol ou italiano só funciona se for brega.

Eu sempre achei interessante essa idéia de bandas de elenco rotativo, sem integrantes fixos. Obviamente isso nada tem a ver com músicos de verdade; ninguém consegue imaginar o Led Zeppelin ou os Rolling Stones substituindo um integrante por estar meio passado. Nesses casos, quando um músico fica velho demais para encarar turnês, morre ou sai fora, geralmente a banda acaba. A idéia por trás do Menudo (boy band porto-riquenha cujo nome significa mais ou menos "miúdo" em espanhol), seria manter apenas crianças/adolescentes na formação; assim que um deles ficasse velho demais, alto demais ou com a voz grossa demais, o chefão Edgardo Diaz avisava que já estava na hora de pegar a mochilinha e puxar o bonde.

(A "idade de corte" era 16 anos, mas houve meninos extremamente populares que foram mantidos por mais tempo, e outros menos queridos pelas massas que rodaram bem antes. Fatores como voz grossa ou barba chegando mais cedo - ou mais tarde - também contavam.)

Antes disso, porém, havia todo um ritual; super show de despedida na cidade natal do rapaz, MUITAS lágrimas das fãs de quem ele era o favorito, passagem de bastão entre ele e o moleque que iria substitui-lo. Chororô, fogos de artifício, efeitos especiais, álbum novo. Tudo sempre muito emocionante, encenadinho e piegas, que era pra ficar guardado na memória E os meninos passaram por muita coisa (e muitos meninos) desde o Los Fantasmas:


Mil novecentos e setenta e sete, tem noção? 32 anos atrás. Os famosos "anos 80" ainda não haviam chegado em nuvens de neons e mullets (observe as cores comportadas - branco e azul - da roupa dos meninos). Se você acha que os arranjos da banda eram paupérrimos durante o heyday, nem queira ouvir como a coisa era nos anos 70. Ou melhor, queira sim - a tosqueira é toda a graça do negócio.

Aposto que FUEGO é a primeira palavra que vem à cabeça desses caras quando, HOJE, olham para a foto dessa capa. Aproveita que todo mundo já tá embrulhadinho em papel alumínio e TACA NA FOGUEIRA! DERRETE EM NOME DE JESUUUUUS!


Eis a capa de Quiero Ser, o álbum que realmente fez a banda estourar mundialmente. Detalhe para essa blusa aberta ZÉGZY do Rene e a cara de projeto de maníaco sexual do Johnny, com esse cabelinho molhado e cara de "vou te virar do avesso, baby". Rascunho de cafajeste total - adoro.


Essa é a capa do álbum Reachin' Out (se tiver coragem, você pode ouvir alguns trechos aqui):


Logo depois desse álbum, Ricky Melendez (o primeiro de top listrado à esquerda) foi substituído pelo Ricky Martin. Melendez era o último integrante da formação original do Menudo de 1976 (e o único a durar oito anos na banda). O álbum todo em inglês era uma tentativa de atingir o mercado americano (o título "reaching out" aludia à estratégia de alcançar um público maior), mas acabou fazendo sucesso mesmo foi no Brasil. Como não lembrar daquele avião flanando pelos céus com o logotipo multicolorido da banda na lateral? Como esquecer aquele show com 250 mil adolescentes brasileiras gritando ao mesmo tempo? Como conseguir sair dele com os tímpanos funcionando? Eu infelizmente era pequena demais para ir a shows, mas assisti aos takes pela TV e foi (e provavelmente sempre será) a coisa mais próxima de Beatlemania que eu já vi na vida.

Meados dos anos 80, eu fui com meus pais a uma festinha de aniversário e todas as menininhas entre 5 e 14 anos só queriam ouvir o disco do Menudo. Os adultos estavam quase tendo um colapso nervoso e os poucos adolescentes do sexo masculino presentes só sabiam gritar "VIADO! VIADO! É TUDO BICHA!!". Com a falta de discernimento típica das crianças eu não quis nem saber; me joguei e dancei a noite toda e, quando cheguei em casa, enchi o saco da minha mãe para comprar a porcaria do disco (olha o Ricky Martin pequenininho ali):


Semanas depois fui a uma excursão da escola para o Tivoli Park da Lagoa, todo mundo no ônibus cantando "Quero Ser" (a versão mal traduzida em português da original Quiero Ser) e eu lá, morrendo de vergonha alheia e própria, sem coragem de cantarolar aquela merda em voz alta, mas totalmente cantando (em espanhol, porque eu sempre fui chique, bem) na cabeça. Nenhuma das versões da música se encontrava no Evolución; eu tinha aprendido de tanto ouvir tocar no programa MENUDOMANIA, todos os dias à uma da tarde, na Rádio Mundial AM. Socorro.


Minha melhor amiga era apaixonada pelo Ray (foto acima, fileira de cima à direita), o bonitinho de olhos verdes. Eu gostava do Charlie (o de cabelo cacheado ao lado dele, numa foto que NÃO FAVORECEU hein) porque pra mim era o mais bonito, que tinha a melhor voz, era o mais velho, mais inteligente e era meio que o líder não-oficial do grupo. O Robby (fileira de baixo, à direita) era o preferido de quase todas, por causa do carisma, simpatia, voz delicada, quadris elásticos e pronúncia decente de inglês (é na voz dele a música mais conhecida da banda no Brasil, a farofenta "If You're not here"). No meio temos o Roy, de quem quase ninguém gostava por ser meio apagadinho (nunca achei feio, mas não lembro de como seja a voz dele porque raramente o ouvi solar). E o Ricky, que veio a se tornar o ex-Menudo mais famoso da história (aqui um vídeo interessante da época em que ele se despediu da banda).

Fuçando naquela maravilha da web 2.0 chamada Youtube eu achei esses vídeos preciosos (?) mostrando em detalhes as diversas formações da banda (a quem interessar, claro).

Menudo 1977-1981 (posso falar que adoro Los Fantasmas? e os cabelos de poodle? posso sim)
Menudo 1982-1983 (o que são os loirinhos Xavier e René nas calças de lycra colorida? e o Johnny Lozada pagando de latin lover aos 13 anos? e Charlie e Ray pequeninos e lindos? a-do-ro)
Menudo 1984-1987 (a formação mais popular no Brasil, e a única da qual consigo lembrar)
Menudo 1988-1997 (não conheço NADA, uma pena; os meninos são lindos e parecem cantar bem, mas nessa época ninguém mais ouvia falar deles no Brasil e eu já era bem mais seletiva).

Hoje até consegui perdoar o Miguel por essa desgraçada versão de Xanadu. Se bem que a original não consegue ser muito menos brega.

Obrigada à Jjaxxel pelo trabalho de compartilhar tantas imagens e vídeos.












E agora chega de sessão flashback, senão a gente fica aqui o dia todo postando fotos, músicas e vídeos cafonas (porém queridos).