Tuesday, April 28, 2009

Mangia che ti fa bene.

Aberta a temporada da alimentação das lombrigas tepeêmicas.
Não tenho "tensão" alguma no período, apenas uma retenção de líquidos maligna (chego a ganhar uns três quilos de pura água) e uma FOME descomunal. E fome de comida BOA, fresca, de qualidade, mas nem por isso menos engordativas. Bons pães, boas carnes, queijos molinhos, legumes bem temperados e vinhos cheirosos.

O jeito é relevar os efeitos e comer. E sem culpa, porque comer comida boa chorando é desperdiçar o valor que ela tem, é se entupir de calorias à toa - se não é pra ficar feliz, se deliciar e ser profundamente grato por aquele alimento ter chegado à sua mesa... Então, amiga, vai ali na geladeira, pegue uma garrafa de um litro de água e beba inteira. Não vai caber mais nada na sua barriga, você não se sentirá culpada e não terá ingerido caloria alguma.

Eu continuo com esses malditos 10 quilos a mais, mas hoje em dia como infinitamente menos do que comia há dez anos atrás - e também não fazia nenhum tipo de exercício. Ou seja, não fui eu que fiquei sem vergonha e sedentária; eu simplesmente envelheci e, se por enquanto a idade não me trouxe rugas, trouxe coxas e barriga maiores. Mas não choro enquanto como, nem sinto culpa. Deixo para me sentir um lixo na hora de sair, quando o jeans da Miss Selfridges tamanho 12 que me servia tão bem ano retrasado hoje produz uma protuberância circular e fofa ao redor da minha cintura e esmaga minhas coxas com gosto. Me sinto um lixo, mas não dura. Dura, no máximo até eu chegar em casa, jogar o jeans de volta na gaveta e pegar uma calça de pijama beeeem larguinha... E me deitar no sofá, jogar os pés no colo do marido para que ele faça uma massagem enquanto como o café com bolo que ele me trouxe mais cedo. E sem culpa.

Se eu não gostasse tanto de moda, se eu fosse dessas mulheres que compram casaco porque "está frio" e enxergam roupas como peças unicamente utilitárias eu não me importaria de ter aumentado um manequim no ano passado. Tenho uma amiga que mora em Paris e todos os dias, a caminho do trabalho, passa na frente daqueles brechós fantásticos do Marais. Baratos e sublimes. Ela nunca comprou nada - deixa para comprar roupa uma vez por ano, quando vem ao Brasil. E aí se enfia naquelas lojas de roupas vagabundas e baratas com uma lista bastante específica nas mãos: uma jaqueta preta pro inverno, duas calças jeans "porque as minhas estão meio velhas", cinco pares de meias, um casaco de cor escura "para combinar com tudo", uma dúzia de calcinhas de malha, dois sutiãs, duas camisetas de malha branca. Entra na loja, tica todos os items da lista e sai carregando uma sacola de roupas sem graça, sem brilho, que vão ser a base do seu guarda-roupas pelos próximos doze meses.

Às vezes eu tenho raiva dela. Vontade de BATER, mesmo. Noutras eu tenho inveja, porque, se essa menina engordar dez quilos, a única coisa que ela fará é procurar roupas um ou dois números maiores. Enquanto eu tenho que aposentar minhas saias coloridas e rodadas porque, se resolvo vesti-las, fico parecendo uma tenda de circo.

Mas eu nunca uso essas saias em casa. No momento estou comendo uma fatia de pão de centeio com manteiga DE VERDADE, uma fatia de peru defumado fresquíssima + uma taça de vinho italiano cheirando a fruta. Desculpem-me, mas não há a MENOR possibilidade de deprimir. Pelo menos não agora.

Amanhã, talvez. Mas, como bem disse Scarlet, "amanhã é um outro dia".

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