Home sweet home. Passei duas horas cozinhando na banheira, pus lençóis limpos na cama e dormi feito uma pedra. O vôo atrasou, mas eu nem percebi, porque comprei revistas bacanas na Borders e passei duas horas sentada com eles no carpete do terminal - pouco higiênico, mas bem mais confortável que as cadeiras.
Sinto que envelheço uns 20 anos assim que desço do avião aqui na Ilhotinha. É como se aqui eu existisse numa realidade paralela que nem sempre me cai bem. É uma existência confortável, feliz, pacífica, mas um pouco pobre de estímulos. As grandes cidades me liberam pra ser mais autêntica (ainda que levemente perdida e assombrada pelo tamanho das coisas e pela quantidade de pessoas). Os estímulos me atropelam e eu precisaria de pelo menos algumas semanas para absorvê-los e passar a processá-los em tempo real, ao invés de chegar num quarto de hotel à noite e ficar algumas horas cuidando de pés doloridos e me perguntando o que foi mesmo que me atropelou.
Em compensação não sei se conseguiria viver num lugar cinza, praticamente destituído de verde, sem as estações demarcadas tão claramente, sem gaivotas berrando, sem village pubs e onde comprar parece ser um antídoto caro contra a solidão. Não que comprar seja ruim, é claro.
Londres está cada vez mais cheia de gente. Da última vez ainda era possível conseguir um lugar para sentar no metrô fora do horário de pico. Ainda era possível andar na rua sem esbarrar toda hora nos outros. A cidade é uma babel de nacionalidades, culturas e idiomas, mas fiquei com a sensação estranha de que ninguém está muito feliz com isso. Há uma certa hostilidade no ar, mascarada por uma polidez forçada e amparada pelo mantra que virou a trilha sonora da Grã Bretanha multicultural.
Se você estiver indo a Londres e procurando hospedagem barata porém digna, recomendo o hostel da London School of Economics. Fica em Covent Garden e é possível ir a pé para vários lugares interessantes, além de ficar a menos de dois minutos de duas estações de metrô (Tottenham Court e Holborn). Como eu estava numas de economizar fiquei num quarto com pia e espelho, mas sem banheiro. Banho + necessidades fisiológicas aconteciam no banheiro coletivo. Felizmente, cada andar tem vários e não tem fila; na verdade eu nunca encontrei outra pessoa no banheiro . Em compensação o quarto single era só pra mim e, mesmo com a localização posh, paguei cerca de 30 libras pela diária, incluindo café da manhã "eat as much as you can" incluindo presunto, vários tipos de bolo, sucos, cereais, frutas, queijo, iogurte e outras finesses. Vale a pena.
Volto já.
Thursday, September 04, 2008
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