Friday, January 07, 2005

Sobre Sonhos.

Ontem fomos a Petrópolis, a terra do Imperador. Ele reclamou o tempo todo do carro; então lá vamos nós alugar um 2.0 hoje para subir a serra de novo, só que dessa vez pra Teresópolis.

Compramos ontem nossos primeiros móveis: uma mesa oval enorme com seis cadeiras. Tudo vai ser restaurado e entregue aqui em casa. Também arrematamos uma penteadeira antiga e uma cadeirinha toda fofa para acompanhar. E hoje vamos procurar sofás.











Há uns 15 anos atrás, tive um sonho, desses que a gente acorda e se lembra de tudo e não esquece mais. No sonho eu morava em Petrópolis, numa casa muito velha, que dava vista para um vale cheio de árvores. Toda a mobília da casa era escura e antiga e tinha um relógio enorme, daqueles de chão, logo na entrada. O clima do lugar era tão bom, tão acolhedor, eu estava tão feliz por morar ali, naquela casa cheia de história e lembranças de gerações passadas, que o sonho ficou preso na minha memória por todos esses anos.

A primeira vez que vi fotos da nova casa, soube que era antiga. Assim que entrei lá pela primeira vez, vi um relógio igualzinho ao do meu sonho, na entrada (que infelizmente foi embora junto com a antiga moradora). Comprei meus primeiros móveis em Petrópolis, e eles são escuros e antigos, como no sonho. E, sobre a vista, bem, não vou dizer que é igual à do sonho. Mas é bem parecida.

E esses acontecimentos com cara de profecia cumprida me trazem alegria e alívio. Porque quando eu era criança não conseguia imaginar meu futuro de jeito nenhum, ao contrário dos meus amiguinhos que sabiam o que iam ser quando crescessem, o que iam estudar na faculdade, quantos filhos iam ter, onde morariam. Eu nunca soube de NADA. Meu futuro era um buraco negro, um monte de folhas em branco num livro ainda por ser escrito e que eu nem sabia se ia ser publicado. Com o tempo eu ia largando faculdades, abandonando projetos e me esforçando para saber qual era, afinal, "a minha", o nevoeiro ia se tornando cada vez mais denso e eu não enxergava o fim da estrada. Acabei me acostumando a andar meio às cegas, com farol alto na cara de todo mundo para me defender. No fundo eu achava que ou eu ia morrer muito cedo ou que meu futuro não era aqui. Não sei se dá pra gritar bingo, mas continuo com a cartela em mãos. You never know.

Amanhã vamos visitar a Ilha de Paquetá, que é um lugarzinho que muita gente considera cafona, mas que é muito significativo pra gente. E não há romance que não seja meio brega; afinal, já disseram que todas as cartas de amor são ridículas. Que sejamos ridículos, pois.

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