Ontem à noite fomos medir os cômodos para comprar os móveis no Brasil. Vi as primeiras casas iluminadas. A maioria
de gosto questionável. Haja luzes
multicoloridas piscantes, trenós, renas. Casa é casa. Shopping center é outra coisa.
Enfim. Natal. Dentro de alguns dias, olha Santa Claus aí, gente.
Eu amava Natal, quando pequena. Os cheiros vindos da cozinha me acordavam primeiro o nariz, depois a fome. Minha mãe já estressada às oito e meia da manhã porque o pão de rabanada tinha esgotado na padaria. E abrir latinhas de leite condensado em série - eu lambendo todas. E os desenhos natalinos na sessão da tarde, os especiais que todos os programas faziam, tudo era tão “natal” que não tinha como não se deixar envolver pelo clima. Até hoje me lembro do desenho de um burrinho que passou na noite de um certo natal, tão triste que me fez inundar de lágrimas o prato de rabanadas no meu colo. E a animação de “Rudolph, a rena de nariz vermelho”, um clássico da minha infância.
Então comecei a notar que o Natal das famílias dos comerciais do peru Sadia e do pernil Perdigão eram grandes, a árvore de Natal era enorme, a mesa farta, as crianças impecavelmente vestidas tinham sorrisos no rosto. Meu natal era, invariavelmente, populado pelos mesmos personagens: eu, meu pai e minha mãe. Nada de tios, priminhos, vovôs... E honestamente, melhor que assim fosse. A família do meu pai é péssima, deus me livre de tê-los à mesa. Com a da minha mãe eu nunca tive muito contato (raras exceções) e nos raros encontros sempre fui tratada como um “bicho raro”, o que me agoniava.
Minha mãe separou-se do meu pai e foi embora de casa num dia 23 de Dezembro. Eu estava assistindo a um programa vespertino, ela arrumava chorosa as poucas coisas que levou. Ao se despedir de mim, imersa em lágrimas e culpa, deixando claro que "a mamãe não está te abandonando, filha, vou vir te ver quase todos os dias", eu respondi com um tchau meio distraído e sequer fui levá-la no portão. Na época me pareceu normal. Mas hoje penso que foi estranhíssimo esse meu desapego.
Um Natal feliz foi quando meus pais fizeram um buraco na cerca do jardim para dizer que tinha sido o papai noel que havia aberto com um alicate, para poder passar com o trenó... Haha. E o mais bacana foi o circo que eles armaram uns dois dias antes, com meu pai reclamando que “alguém havia roubado a caixa de ferramentas dele”; o que me causou enorme desgosto, porque eu sempre adorei brincar no meio dos martelos, pregos, parafusos e porcas. E na manhã de natal, junto com o meu presente (um boneco que tinha pipi, fazia pipi e vinha com um penico), apareceu a caixa de volta, porque “papai noel é honesto, pegou as ferramentas que precisava mas devolveu!”. :)
No ano seguinte eu briguei com uma coleguinha mais velha perto do Natal e ela acreditando que ia me matar de tristeza, berrou a plenos pulmões: “bobona, Papai Noel não existe!”. E eu, que sempre havia desconfiado mesmo quando acreditava piamente, apenas sorri e disse “eu já sabia”.
Enfim. Natal. Dentro de alguns dias, olha Santa Claus aí, gente.
Eu amava Natal, quando pequena. Os cheiros vindos da cozinha me acordavam primeiro o nariz, depois a fome. Minha mãe já estressada às oito e meia da manhã porque o pão de rabanada tinha esgotado na padaria. E abrir latinhas de leite condensado em série - eu lambendo todas. E os desenhos natalinos na sessão da tarde, os especiais que todos os programas faziam, tudo era tão “natal” que não tinha como não se deixar envolver pelo clima. Até hoje me lembro do desenho de um burrinho que passou na noite de um certo natal, tão triste que me fez inundar de lágrimas o prato de rabanadas no meu colo. E a animação de “Rudolph, a rena de nariz vermelho”, um clássico da minha infância.
Então comecei a notar que o Natal das famílias dos comerciais do peru Sadia e do pernil Perdigão eram grandes, a árvore de Natal era enorme, a mesa farta, as crianças impecavelmente vestidas tinham sorrisos no rosto. Meu natal era, invariavelmente, populado pelos mesmos personagens: eu, meu pai e minha mãe. Nada de tios, priminhos, vovôs... E honestamente, melhor que assim fosse. A família do meu pai é péssima, deus me livre de tê-los à mesa. Com a da minha mãe eu nunca tive muito contato (raras exceções) e nos raros encontros sempre fui tratada como um “bicho raro”, o que me agoniava.
Minha mãe separou-se do meu pai e foi embora de casa num dia 23 de Dezembro. Eu estava assistindo a um programa vespertino, ela arrumava chorosa as poucas coisas que levou. Ao se despedir de mim, imersa em lágrimas e culpa, deixando claro que "a mamãe não está te abandonando, filha, vou vir te ver quase todos os dias", eu respondi com um tchau meio distraído e sequer fui levá-la no portão. Na época me pareceu normal. Mas hoje penso que foi estranhíssimo esse meu desapego.
Um Natal feliz foi quando meus pais fizeram um buraco na cerca do jardim para dizer que tinha sido o papai noel que havia aberto com um alicate, para poder passar com o trenó... Haha. E o mais bacana foi o circo que eles armaram uns dois dias antes, com meu pai reclamando que “alguém havia roubado a caixa de ferramentas dele”; o que me causou enorme desgosto, porque eu sempre adorei brincar no meio dos martelos, pregos, parafusos e porcas. E na manhã de natal, junto com o meu presente (um boneco que tinha pipi, fazia pipi e vinha com um penico), apareceu a caixa de volta, porque “papai noel é honesto, pegou as ferramentas que precisava mas devolveu!”. :)
No ano seguinte eu briguei com uma coleguinha mais velha perto do Natal e ela acreditando que ia me matar de tristeza, berrou a plenos pulmões: “bobona, Papai Noel não existe!”. E eu, que sempre havia desconfiado mesmo quando acreditava piamente, apenas sorri e disse “eu já sabia”.
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