Sunday, March 14, 2004

Carnaval de gótico

Well, review: primeiro dia de carnaval, chuva. Minha sutil vingança contra os "romeiros de são momo" que entupiram as estradas em direção ao sol, ao batuque e às gatinhas de biquíni.

Passei o sábado arrumando o quarto. O PC inoperante, os amigos a caminho das praias, o quase-ex-namorado dispensado, o que mais eu podia fazer? Ir a Paquetá no domingo, é claro. Pra quem não conhece: é uma ilha do tamanho de um pequeno bairro plantada no meio da baía de Guanabara. Tenho ido lá desde criança e sempre quis ver o luar na ilha, mas o fato de a última barca deixar o cais às nove da noite era um puta desestímulo. Sempre ia embora ao entardecer, mas dessa vez fiz diferente; achei uma pousada pulgueiro e resolvi dormir lá. E assim pernoitei, depois de tomar um banho de chuva inesperado dentro do cemitério de passarinhos (for real), de voltar pra pensão levemente enlameada e não conseguir entrar no meu próprio quarto, pois a dona do cafofo, alcoolizada, não me reconheceu. Haha. O mais hilário foi o meu breve diálogo com as outras pessoas que estavam no, err, "hall":

- Mas você pegou essa chuva toda, menina? Foi aonde?
- Eu estava no cemitério de passarinhos...
- CRUZ CREDO, TE ESCONJURO!!

Na verdade eu gosto de lá. Acho curiosas as pequenas tumbas (o cemitério é de pássaros, mas aceita qualquer espécie de bichinho de estimação, por uma módica quantia), as árvores de ramos baixos, curvando-se em direção à terra, como se quisessem alcançar de novo aqueles que algum dia já cantarolaram em seus galhos. Silêncio absoluto, calma, paz.

E lá estava maria antonieta herself, metendo the cure no repeat mil vezes, dentro de um cemitério de passarinhos em pleno domingo/segunda de carnaval. Foi quando a chuva despencou e eu tive que voltar correndo. E ficar no sofá até as três da manhã assistindo desfile de escola de samba até a velha curar 10% do pileque e me devolver a chave do quarto. Ok, eu podia tê-la roubado do chaveiro enquanto a gentil hostess cantava "bota a camisinha, meu amor" da Grande Rio, grudada num copo de cerveja. Mas qual seria a graça? Estava legal ficar no sofá vendo TV. Até porque com o céu nublado não ia rolar o luar pela janela. Então toca beber cerveja de graça (o esquema era 0800 mesmo) e sambar toda molhada pelo tapete do, err, "hall" da velha. E tudo isso por menos de 100 reais. Acho que vou montar uma empresa de pacotes turísticos sem noção a preços convidativos. Talvez esteja aí o melhor plano de fuga do meu provável futuro negro.

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