Ficar triste em casa é uma coisa.
Ficar triste em casa e o shuffle do winamp, do nada, escolher Atmosphere do Joy Division, é crueldade.
Por que eu gosto de tristeza? Sei lá. Talvez porque eu saiba que a minha é controlada. Eu ouço músicas tristes acreditando piamente que vou morrer, que não vai ter volta dessa vez, que eu finalmente vou ter coragem de tirar aqueles tais comprimidos coloridinhos do blister e brincar com eles por meia hora antes de jogá-los num copo de vodka da pior qualidade e engoli-los todos, todos eles de uma vez só. Sem pensar muito, porque é assim que deve ser. E todos eles de uma vez só, que é pra morrer de uma vez só e não ter tempo de sofrer ou me arrepender.
Mas de repente no outro dia eu estou lá, sábado de manhã, dentro de um ônibus pra central do Brasil, cruzando a linha vermelha sobre a linda e podre Baía de Guanabara, sorrindo tanto por dentro que os urubus me parecem gaivotas - perdidas, porque afinal o verão acabou. E eu estarei feliz, indo pra Alfândega gastar algumas dezenas de reais com pingentes e pulseiras baratas. Como uma aborígene idiota, trocando suas convicções por espelhinhos.
Mas para a minha mãe, o que interessa é saber se eu estou destruindo algum patrimônio durante as crises de raiva ou causando má impressão a essa gentalha cujos nomes desconheço a quem ela chama de vizinhos. Um dane-se aos meus motivos pra estar com ódio. Um outro dane-se aos meus olhos vermelhos de chorar. Mais outro à minha mão doída de socar a parede. Dane-se, dane-se e dane-se eu, que no meio desse amontoado de coisas bobas e tristes pareço ser a coisa menos importante.
E como é que a gente faz para voltar a se aproximar de alguém a quem fizemos mal? Fica-se esperando um contato para tentar retomar o convívio, mas você sabe que, se o telefone tocar, ele não estará do outro lado da linha. Nunca mais. Não que ele te odeie, mas talvez você não signifique mais nada - ou nada além de uma lembrança meio boa, meio ruim. E você fica se perguntando o que pesa mais nas memórias dele, se o lado bom ou o ruim. E acaba achando que está mais iludida do que acredita, porque talvez você simplesmente não signifique nada - nem de bom, nem de ruim.
Ficar triste em casa e o shuffle do winamp, do nada, escolher Atmosphere do Joy Division, é crueldade.
Por que eu gosto de tristeza? Sei lá. Talvez porque eu saiba que a minha é controlada. Eu ouço músicas tristes acreditando piamente que vou morrer, que não vai ter volta dessa vez, que eu finalmente vou ter coragem de tirar aqueles tais comprimidos coloridinhos do blister e brincar com eles por meia hora antes de jogá-los num copo de vodka da pior qualidade e engoli-los todos, todos eles de uma vez só. Sem pensar muito, porque é assim que deve ser. E todos eles de uma vez só, que é pra morrer de uma vez só e não ter tempo de sofrer ou me arrepender.
Mas de repente no outro dia eu estou lá, sábado de manhã, dentro de um ônibus pra central do Brasil, cruzando a linha vermelha sobre a linda e podre Baía de Guanabara, sorrindo tanto por dentro que os urubus me parecem gaivotas - perdidas, porque afinal o verão acabou. E eu estarei feliz, indo pra Alfândega gastar algumas dezenas de reais com pingentes e pulseiras baratas. Como uma aborígene idiota, trocando suas convicções por espelhinhos.
Mas para a minha mãe, o que interessa é saber se eu estou destruindo algum patrimônio durante as crises de raiva ou causando má impressão a essa gentalha cujos nomes desconheço a quem ela chama de vizinhos. Um dane-se aos meus motivos pra estar com ódio. Um outro dane-se aos meus olhos vermelhos de chorar. Mais outro à minha mão doída de socar a parede. Dane-se, dane-se e dane-se eu, que no meio desse amontoado de coisas bobas e tristes pareço ser a coisa menos importante.
E como é que a gente faz para voltar a se aproximar de alguém a quem fizemos mal? Fica-se esperando um contato para tentar retomar o convívio, mas você sabe que, se o telefone tocar, ele não estará do outro lado da linha. Nunca mais. Não que ele te odeie, mas talvez você não signifique mais nada - ou nada além de uma lembrança meio boa, meio ruim. E você fica se perguntando o que pesa mais nas memórias dele, se o lado bom ou o ruim. E acaba achando que está mais iludida do que acredita, porque talvez você simplesmente não signifique nada - nem de bom, nem de ruim.
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