Saturday, June 28, 2003

And so I gave him my heart.

Ainda se pode fazer uma festa com 20 reais.

9 reais o cento de salgadinhos. 1,80 a garrafa de Romano (o primo paupérrimo do Martini, mas não menos gostoso). 2 pratas a garrafa pet 2 litros e MEIO de coca (promoção no Carrefour). 3 reais a lata de goiabada, e com mais três o chantilly. O queijo eu tinha na geladeira, os CDs ele trouxe de casa, o papo inspirado é graças à nossa sintonia e a brisa no terraço é por conta da natureza, que faz carinho em forma de vento nas pessoas pobres que só têm 20 pratas na carteira e mesmo assim querem - e podem - dar uma festa pra dois.

E ele sĂł tinha 20 pratas na carteira, sim.
E ele Ă© o meu melhor amigo, sim.
E meu rabo se vocĂŞ acha que isso Ă© pouco.






Já o meu namorado é um pedante neurótico que gasta boa parte do tempo que passamos juntos tentando ver em mim uma pessoa que não sou, nem nunca serei. Ele me acha esperta, e eu me acho uma mula manca que repete as mesmas perguntas de sempre - porque nunca consegue entender as respostas.

Só que eu sou uma mula manca metida a besta. Quero alguém que possa responder às perguntas que se repetem. É que, às vezes, eu me sinto capaz de dar algumas respostas. E quero ser entendida. Mais eco e menos vácuo.

Juntos por comodismo? Who knows? Preguiça de sair procurando por aí alguém igualzinho a mim, com os mesmos muitos defeitos e as mesmas poucas qualidades. Outra mula manca que saiba dar respostas, mas que nem sempre entende as que recebe; e que repete as mesmas perguntas. Quero alguém que eu possa, acima de tudo, admirar - é, síndrome de inferiorzinha, mesmo. E se essa pessoa quer brincar eternamente de procurar em mim algo que não sou, o problema não é meu.

Quem vai se frustrar Ă© ele. Prefiro que ELE fique frustrado para sempre, do que me frustrar eu, tentando ver num eventual “substituto”, algo que ele nĂŁo Ă©, e nem nunca será.

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