Acabei de ligar para a minha mãe.
Queria lembrá-la de comprar dois
abridores de lata e pôr na mala que o meu pai vai trazer (porque os
abridores de lata europeus e eu temos uma longa história de
incompatibilidade) e também uma garrafinha de água para animais, própria
para se usar em casinhas de transporte, a fim de que a Chantilly não
sinta sede durante a viagem.
A mãe começou a recomendar
cuidados que eu deveria ter com a gata (como se ela não tivesse sido
minha e vivido comigo por mais de quatro anos antes da minha mudança
para a Europa) e logo se pôs a chorar. Típico. Minha mãe chorava até
quando as visitas que eu recebia lá em casa, para passar 2 ou 3 dias,
iam embora. Foi com a minha mãe que a manteiga aprendeu a derreter. Era
de se esperar que ela ficasse triste com a partida da gata - mesmo que
ela reclamasse diariamente da própria, não deixasse que a bicha dormisse
em sua cama e armasse escândalos quando a pobre eventualmente vomitava
no chão da sala.
"A vida é injusta", disse ela. "Primeiro me leva
o seu padrasto, depois você e, agora, a gata também". O problema seria
amenizado se ela quisesse adotar um outro gato, mas ela então reclama
que não quer ter mais essa fonte de preocupação, de não poder viajar ou
dormir na casa dos outros (é claro que poderia... bastava deixar água e
comida, gatos são resistentes e independentes) e que nunca mais terá
bichos. *suspiro*
Mãe, decida-se.
Porque EU preciso me decidir se fico com peninha de você ou se te mando à merda.
Enfim, meu pai e a Chantilly viajam amanhã à noite.
Será o fim da novela?? Aguarde cenas dos próximos capítulos.
Espero
que os obstáculos (o caos nos aeroportos brasileiros, a incompetência
da Varig e a burrice alheia) sejam ultrapassados com a ajuda da
sorte - porque no fim das contas é só com ela que eu sempre pude contar.
Good luck, little one.
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