Então, amanhã minha prima Andreia (ex-prostituta e atualmente evangélica  semi-praticante e dona de sacolão) se casa na igreja, véu e grinalda e  recepção para 300 (!) convidados. Eu não acredito que vou perder esse  acontecimento social digno de figurar na coluna do saudoso Ibrahim.  A bichinha é empreendedora e digna de admiração; sem contar o bolo que  foi feito pela minha mãe e a batida de maracujá + torta salgada da minha  tia. Acho que vou ali nadar até o Rio de Janeiro e volto daqui a uns 20 anos.
O  noivo, Leonardo, é uma figura. Lembro dos churrascos inesquecíveis que  ele costumava promover em sua casa nos confins do bairro Independência,  terceiro distrito do município de Duque de Caxias. Carne de primeira,  cerveja geladíssima, muito funk carioca e A NATA da sociedade de Independent comparecendo.  Se você nunca dançou o "Rap do Sapinho" calçando havaianas num quintal  de terra batida com um copo de Skol na mão, então você não viveu, meu  amigo.
Falando no copo, me lembrei de uma historinha pitoresca. A prima Andréia "trabalhava em casa de família" (um eufemismo  desnecessário pra doméstica) onde cuidava de uma velhinha esclerosada,  já que a filha mais velha, que morava com ela, passava metade do ano nos  Estados Unidos a trabalho. Então, na maior parte do tempo, eram apenas a Andréia + a velha louca + o gato no apartamento de três quartos na  Tijuca. Quer dizer, isso até a velha ter posto o gato dentro da pia da  cozinha e jogado uma chaleira de água fervendo em cima do bicho "porque a  água estava fria demais para tomar banho". Faça idéia da situação. Minha prima, para matar o tempo e espantar o tédio, costumava dar a Elza  em vários itens de uso pessoal da velha, por achar que, sendo louca,  ela não daria por falta de nada. Como de fato não deu (e se desse e  ameaçasse dar com a língua nos dentes, Andréia ameaçava contar para a  filha o verdadeiro destino do gato que havia "fugido").
Belo dia,  geral no churrascão, eu sentada no quintal em cima de um caixote de  madeira, prato de linguicinha fatiada numa mão e copo de geléia cheio de  cerveja na outra, pintolixando alegremente. Daí entra o Leonardo (que  havia acabado de sair pra comprar mais cerveja) correndo portão adentro,  sem cerveja, branco feito o vampiro de Twilight: "Ó ANDRÉIA, ESCONDE  TUDO QUE A SANDRA TÁ CHEGANDO AÍ!!".
Sandra era a filha da velha  esclerosada, que estava no Brasil. A velha (que até podia ser  esclerosada, mas não era burra) ouviu Andréia combinando os preparativos  do rega-bofe com o noivo pelo telefone, e achou que seria divertido dizer à filha que a empregada  lhe havia convidado para um churrascão em sua casa no sábado. ALL HELL  BROKE LOOSE. De repente panelas, pratos, copos, almofadas, quadros,  talheres e o que-mais começaram a ser removidos de suas posições  iniciais e atirados às pressas dentro do armário. Meninos, eu vi: uma  panela de arroz  ser tirada do fogo e jogada atrás da televisão.  Lençóis, fronhas e camisetas sendo arrancados do varal de roupas e  enfiados dentro do forno. Me levantei inocente (até ali eu não sabia de  nada) e fui perguntar quem era Sandra e o que estava acontecendo.  Resposta? "Querida, ME DÁ AQUI ESSE PRATO, eu vou ali pegar outro pra  você!".
Sandra chegou e foi prontamente abraçada pela Andréia.
Sandra: Ué, Helô, mamãe te deu essa saia minha?
Heloísa: ...
Friday, August 14, 2009
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