Sim, a cidade é linda e definitivamente merece uma visita. Mas não sei se mereceria uma segunda. O problema é que Ouro Preto virou um grande clichê, repleto de armadilhas para turistas. As ruas são labirínticas e a sinalização é péssima, talvez propositalmente, a fim de forçar o visitante a "contratar um guia". Guia este que vai cobrar de acordo com a cara do freguês (cobraram a mais de nós porque well, havia um gringo no grupo e, como todos sabem, todo gringo é milionário), que vai levar o turista aos passeios mais FURADOS, porque estão levando comissão para isso, e desperdiçar o seu tempo enfiando-o em LOJAS, porque - adivinhe! - eles também levam comissão nas suas compras!
Assim que chegamos, fui pedir informações a uma pessoa na rua sobre como chegar a uma pousada (que eu havia encontrado na internet). A tal pessoa, na verdade, se tratava de um "guia" (o lugar tem mais "guias turísticos" a fim de fazer dinheiro em cima de visitantes do que moradores) e me avisou que a pousada que eu procurava era ruim e ficava muito longe do centro. Me redirecionou a um pequeno hotel ali perto que, segundo ele, era mais barato e melhor localizado (e é evidente que ele nos levou até lá e ganhou comissão por ter nos indicado). Bem localizado era, sim. A poucos metros da praça Tiradentes, a principal, onde a cabeça do dito cujo ficou exposta após sua morte e onde hoje existe uma estátua em sua homenagem. Mas, por isso mesmo, o local era barulhento. E os quartos não tinham ar condicionado. E havia infiltrações no teto. E a parede estava descascando. E o café da manhã era uma pobreza (pouca variedade e até o bolo era ruim; no fim, eu peguei uns três pães de queijo minúsculos e tomei um café ralo). E acredite: pelo equivalente em euros que pagamos pelo quarto, eu já fiquei em guest houses lindas na França. Essa aqui, por exemplo (foto 1 e foto 2) custou até mais barato.
Depois, é claro, eu descobri que a pousada que eu realmente procurava ficava sim um pouquinho longe do centro, mas tinha estacionamento próprio (o do nosso hotel ficava a uns quatro quarteirões de distância em ruas de subida), quartos lindos, uma vista fabulosa para as montanhas e, além do café da manhã caprichado, também incluía um chá da tarde com bolos caseiros no preço. Que era 10 reais MAIS BARATO que o hotel onde ficamos. E, claro, por ser ótima, não precisava de conchavo com "guia" nenhum para conseguir clientes. E cadê o"guia", mesmo? Porque eu quero MATÁ-LO.
Antes de me dar conta disso tudo, eu acabei sendo abordada por outro "guia" que, pela módica quantia de 60 reais (com 50% de desconto porque os museus estavam fechados; normalmente seriam 120), viajaria conosco no carro por algumas horas nos guiando pelas ruas labirínticas e nos levando aos "pontos de interesse". Mais tarde descobri que esses pontos eram de interesse DELE. Nossa primeira parada foi uma "mina" desativada, que ele jurou ser interessantíssima. Pelo "privilégio" de entrar num buraco sem graça e mal iluminado, cobraram 15 reais por pessoa e ainda nos fizeram devolver as toucas descartáveis que nos deram para cobrir a cabeça. Por causa do Respectivo, arrumaram um guia que "falava inglês". Um inglês tão RUIM que Respectivo não entendeu quase nada. E eu entendi menos ainda para poder re-traduzir. Mas isso nem me aborreceu tanto, já que a tal mina era uma porcaria e não havia nada mesmo para ser dito. 45 reais (3 ingressos) jogados no lixo.
Depois que o guia foi embora, pegamos o carro e fomos à mina da Passagem na cidade de Mariana, ali pertinho. ESSA SIM valeu a pena; subterrânea (os visitantes descem num trenzinho), maquinário inglês de época, piscinas naturais e histórias bem mais interessantes para contar:
Depois do fiasco da primeira mina, fomos levados a uma igrejinha minúscula, que o guia afirmou ser a mais antiga de Ouro Preto (só que, a essa altura, se ele me dissesse "bom dia" eu responderia "DUVIDO!"). A igreja ficava quase dentro do que mais parecia ser uma favela. Fui impedida de fazer fotos do interior, sob uma justificativa meio imbecil: "para impedir que possíveis ladrões de imagens saibam o que temos aqui dentro". Ah, ok. Primeiro a Igreja não era lá isso tudo. E depois, bastaria pagar os três reais que eles cobravam, entrar, verificar o que havia para ser roubado e voltar mais tarde com um fuzil (e um saco bem grande pra levar tudo). Sinceramente, perdi até a vontade de entrar em outras igrejas. Pagar ingresso e não poder fazer fotos para mostrar e guardar? Aqui a gente entra de graça em Igrejas muito mais bonitas, antigas e importantes e podemos fotografar até o que há embaixo da batina do padre. Fala sério, Brasil.
Depois disso fomos empurrados para uma loja de artesanato longe do centro, sob a justificativa de que "os preços no centro são mais caros porque estão mais perto dos hotéis". Eu já sabia que não ia comprar quase nada mesmo, porque não temos espaço na bagagem para carregar coisas pesadas. Mas os preços da loja onde fomos levados nem eram tão baratos assim. Certas coisas, aliás, eram mais caras lá. Gastei uns 70 reais em coisinhas pequenas para a casa, o guia levou sua comissão (é claro...) e saí dali disposta a me livrar dele o mais rápido possível. Antes disso ele me "recomendou" um restaurante muito bom e pediu que eu dissesse o nome dele quando fosse pagar - para que ele recebesse um almoço gratuito. Nem tive tempo; assim que cheguei na PORTA do tal restaurante, um OUTRO guia praticamente me puxou pela blusa e me levou até o caixa, dando uma "piscadinha" para indicar que ELE havia nos indicado. Meu saco já estava tão cheio dessa exploração de turistas que me sentei e bebi cachaça. Outro clichê: "restaurante de comida mineira". Não é só porque estou em Minas que quero passar a viagem inteira comendo tutu, né?
No dia seguinte o tal "guia" estava na porta do hotel nos esperando. Mandei a recepcionista dizer que eu já havia saído.
Todas as lojas de artesanato traziam papéis colados pelas paredes avisando que fazer fotos ou filmagens era proibido. Me pergunto qual seria a razão disso. Fotos das estátuas lindas, esculpidas em barro ou madeira no vale do Jequitinhonha, espalhadas pelo mundo em sites e blogs, só fariam propaganda positiva da cidade e das lojas, trazendo mais turistas e clientes interessados nelas. Acabei enchendo o saco disso tudo e voltando pra casa antes do tempo. O que é pena, já que realmente a cidade é uma pérola e totalmente merece o título de Patrimônio da Humanidade.
Para quem pensa em visitar: se for de carro, use um navegador para chegar e não conte com a ajuda da sinalização nas estradas; encontre sua pousada na internet, antes de chegar (não ajuda o fato de que a maioria dos sites das pousadas locais NÃO INFORMAM o valor da diária) ou chegue cedo e procure locais mais afastados do centro, ande bastante e pesquise preços; faça uma boa pesquisa prévia na internet sobre os lugares que lhe interessam visitar, compre um mapa da cidade e ande a pé; só coma "comida mineira" se quiser e, se não quiser, procure os botecos servindo prato feito baratos e bons, ou o Café Geraes na Rua Direita, que não é caro, tem um ambiente ótimo e uma cozinha sem clichês; e, last but not least, não aceite ajuda de nenhum guia - deve ter gente boa, mas pelo que vi a maioria é de predadores interessados em tomar o seu dinheiro e, ao contrário do que vão tentar fazê-lo acreditar, você NÃO precisa deles.
E, claro, não visite a cidade numa segunda feira.
Uma camiseta com Obama cavalgando um unicórnio. Admita: você precisa de uma. :)
Estou apaixonada pelos carimbos personalizados que a Kristel faz de forma artesanal. Assim que voltar para casa vou encomendar alguns.
Para meninas que não abrem mão de ser estilosas, mas que também não abrem mão do chocolate: Young, Fat and Fabulous e Fatshionista - ambos encontrados no I Follow the Sun, um blog fofo sobre paz, diversidade e tolerância (lê só esse about).
1. Perder algumas arrobas.
2. Não desistir dos meus paper journals.
3. Cuidar do meu cabelo antes que ele se rebele e caia.
4. Viajar mais, porque é preciso.
5. Fazer cursos (inglês e fotografia).
6. Voltar a ganhar dinheiro.
7. Visitar minhas amigas próximas.
8. Economizar $$ para financiar o aluguel de um cubículo compartilhado in London.
9. Terminar a reforma da casa (ou pelo menos prosseguir com ela).
E vou incluir uma décima: ser mais rancorosa. Sério. Esse meu hábito de relevar todo o mal que me fazem por ser muito blasé e não dar importância profunda a nada ou ninguém, no fim das contas só me phode. Porque aí eu deixo permanecer na minha vida pessoas E coisas que me fazem mal, que me deixam para baixo, que me irritam e/não me acrescentam nada. Sem falar de certas gentes que não gostam de mim, que se associam com quem não gosta de mim mas que continuam voando em volta da minha pessoa, como se fossem mosca de fruta em torno de um cesto de bananas podres. Cada um com o seu masoquismo, mas no futuro eu pretendo aposentar o meu e dar a esse povo um bilhete só de ida pra Alfa Centauro. Enjoy the trip, kids.
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