Saturday, June 07, 2008

Sicília, primeira parada; Catania e Acireale.

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Sente-se num bar qualquer na Sicília, peça um drink e presencie em tempo real o milagre da multiplicação dos antipastos. jesus. EU SÓ HAVIA PEDIDO UMA CERVEJA. juro que nao tenho nada a ver com essas quatro tigelas de comida + esse copo cheio de água suja e legumes ressequidos plantados nela (crudité...? tá de zoação). o bar em questao se chamava "cafe de paris" (aham), ficava na orla da cidade de catania e servia uns sorvetes, digamos assim, arquitetonicos de tao complicados e cheios de coisas desconhecidas equilibrando-se em cima. pensei em pedir um, com fins de pesquisa cultural - mas infelizmente eu nao podia me empanturrar. estavamos ali fazendo hora para o jantar, que iria ser comido num restaurante descoberto ali pertinho mas que só abriria às oito da noite.

um dos pequenos probleminhas da itália, aliás. eles realmente esperam que voce faça uma refeiçao completa, composta de antipasto (entradas frias ou quentes), primo piatto (macarrao), secondo (carnes, aves ou peixes), contorno (legumes e verduras) e dolci (sobremesa), começando as OITO da noite, esticando-se ate quase as dez e tem a petulancia de esperar que voce consiga dormir. eu, obviamente, nao consegui. arrotei durante toda a viagem de volta ao hotel, na tentativa de desinflar o balao de gas que se havia formado no meu estomago. nivel de sucesso = ZERO.

e olha que eu nem comi o tal do dolci.

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a pousada onde ficamos em acireale era uma gracinha. chama-se il limoneto e é, na verdade, um desses "agriturismos" que proliferam por toda a sicilia - ou seja, uma fazenda que resolve alugar quartos. a nossa cultivava limões. eu nem vou tentar descrever a sensação de acordar pela manha (haviamos chegado de madrugada, quase), abrir a janela e me deparar com um tapete verdissimo de limoeiros estendido à minha frente. realmente lindo.

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O que eu vou tentar descrever foi o sufoco ate chegarmos la. desembarcamos no aeroporto de catania quase dez da noite, já que a TUI resolver nos presentear com um atraso de OITO HORAS em hannover, onde nao podiamos sequer sair do aeroporto "no caso de o voo conseguir sair antes do previsto". ok. desnecessario dizer que o voo atrasou TODAS as oito horas previstas, que eu tive que passar oito horas num aeroporto de merda onde nao há NADA para se fazer e que o sol brilhava la fora: vinte e oito graus de primavera germanica. e eu podia ja estar na sicilia.

mentalizei uma morte lenta e dolorosa para todos os funcionarios da TUI, do faxineiro ao presidente da empresa, e só acalmei quando a própria convidou os passageiros do vôo atrasado para um almoço cortesia, num dos saloes do hotel do aeroporto, com vinhos e cervejas e bebidinhas e tudo o mais de grátis. e ainda dois vouchers para gastar com comida no aeroporto (nao foi necessario) ou com tralhas da free shop (troquei por um pingente de coração swarovski, a unica coisa que custava o exato valor dos dois vouchers combinados; eles nao dao troco).

e toca brincar com o zoom da camera pra fazer a hora passar... zzzzzzz...

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a chegada na italia foi assim, meio que um anticlimax. ESTAVA FRIO. tipos, eu saio de jersey num sabado de sol maravilhoso, pessoas bebericando em frente à praia, vinte e seis graus. chego em hannover e passo uma semana ensolarada, temperatura media de 25 graus. e aí resolvo ir pro SUL DA ITALIA e, depois de quase um mes de expectativa, está CHOVENDO? eu joguei pedra na cruz??

enfim. quarenta minutos depois, conseguimos pegar o carro na locadora de veiculos (ah, a eficiencia italiana...) e tocamos pra acireale. o dilúvio versão remix caindo. na metade do caminho, no meio de uma auto estrada, o blackberry do respectivo toca. era o pessoal da locadora de veículos, pedindo para que voltássemos na mesma hora, porque eles haviam nos dado o carro ERRADO (uma porcaria de um Lancia enorme e ruim de manobrar).

é claro que, mais da metade do caminho percorrido, e estando numa auto estrada, e chovendo gatos, cachorros, canivetes e macarrão parafuso, não voltaríamos tipo NEM FODÊINDO. e é claro que os pentelhos da locadora continuaram ligando de cinco em cinco minutos, berrando "where are you" com sotaque siciliano, perturbando o motorista e quase causando um acidente. é claro que, por causa disso, Respectivo tomou o caminho errado e nos fez ir parar dentro de uma favela.

é claro que eu, carióaca escaldada, paniquei histericamente, imaginando que a qualquer momento um mafioso ia pular na frente do carro, AK-47 em punho, nos mandando descer e berrando o equivalente a "perdeu, prêibói" em italiano.

é claro que nada disso aconteceu. só demorou um pouco mais para acharmos a maldita entrada para a fazenda, passando por um monte de ruas escuras sem calçamento e com mato por todos os lados. é impressionante como nessas horas a gente relembra rapidinho as orações que aprendeu nas aulas de catecismo, uns 20 anos atrás. mas olha, mesmo sendo obrigados a estacionar o carro longe do quarto e caminhar pela lama carregando malas pesadas na chuva (ai, a minha escova!), chegar lá valeu a pena.

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se o tempo estivesse bom, daria até pra ver o mar direito... e o vulcão etna fumegando ali atrás.

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mas ó, taí um pedaço dele. tó.

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