stress, things to do, aquecimento central pifado (diesel encomendado às pressas, mas eu não sei reiniciar o boiler e, por isso, continuo no frio), familiares me estressando à distância, amigos sendo absurdamente compreensivos (insira ironia), amigos exigindo o braço quando eu ofereço a mão (e alguns ainda aproveitam pra cortar meu pescoço enquanto isso).
mas eu sou ainda mais forte do que qualquer circunstância adversa e consigo me divertir com as situações bizarras que crio para mim mesma. às vezes sinto que meus dedos têm o poder de mover o mundo, como o daquelas pessoas que animam teatros de marionetes.
o mundo e as relações humanas são, no fim das contas, absurdamente previsíveis e manipuláveis. acho que a gente sofre por costume.
é uma razão extremamente fútil, mas eu já perdi a conta de quantas amizades foram pelo ralo por eu não gostar de telefone e de MSN. tenho uns três amigos de verdade no brasil e, enquanto estou aqui, a gente tem ZERO de contato - eu não ligo, eles idem e, pra piorar, eles não gostam muito de internet. mas quando eu chego no Rio eles me encontram, a gente senta num boteco e pede uma cerveja e uma porção de calabresa. eu não pergunto sobre o que eles andam fazendo, eles não querem novidades e é como se nunca tivéssemos nos separado. perfeito.
o problema da maioria das pessoas é uma sensação de "posse" com relação a amizades. por exemplo, aqueles recados no orkut "só passando pra desejar boa semana", ou aqueles scraps piscantes cafonas são a forma que eles encontraram pra "cultivar" a amizade, pra cercear o território, para demonstrar que têm os amigos em mente sempre e para declarar "ei, você é meu amigo, NÃO OUSE SE ESQUECER DE MIM!".
chato, cansativo e creepy. se não quiser que se esqueçam de você, basta ser bacana.
bons amigos não precisam dessa auto validação constante; por isso eu não lamento as "amizades" que perdi.
encaro dessa forma: menos um scrap brega de gif animada no orkut.
depois de outono e metade do inverno na gélida chucrutelândia, e a outra metade do inverno na úmida terra do reino de lilibeth, eu não estou acreditando. estamos na primavera e eu estava TÃO desacostumada com qualquer temperatura que não exigisse o uso de casacos e botas dentro de casa (isto é, ANTES do meu aquecimento pifar e do tempo virar, hoje...), que me surpreendo encarando por horas os reflexos do sol através da cortina da renda do quarto, e saboreando o prazer barato de tomar um banho e lavar o cabelo no meio da tarde e deixá-lo secar naturalmente, enquanto me entupo de sorbet de pêra.
deja vu total. para eu me sentir no brasil, em plena adolescência, só falta um banho de mangueira no quintal.
sou repetitiva. mas é verdade. nascendo num país onde só conhecemos duas estações distintas: "quente" e "quente pra cacete", e presenciar a mudança das estações, num ponto qualquer do planeta que tenha estações de verdade, é uma experiência única. todo mundo devia obrigatoriamente passar por isso. se você ainda não o fez, dê a louca, venda a mãe, largue tudo e passe um ano em qualquer lugar cujo clima lhe proporcione essas quatro simples maravilhas: um verão, uma primavera, um outono e um inverno.