Para chegar em Val D'Isère saindo de Jersey, é preciso pegar um avião
para o aeroporto de Gatwick em Londres, depois outro vôo para a Suíça e
de lá são mais três horas e meia de ônibus executivo até o resort.
O
primeiro vôo já saiu com uma hora e meia de atraso porque justo nesse
dia caiu um nevoeiro from hell. Quando abri a janela de
manhã e me deparei com tudo branco, pensei: "putz, NINGUÉM sai
dessa ilha hoje!". De fato, o aeroporto de Jersey estava fechado, mas
felizmente depois de um certo atraso conseguimos decolar.
Chegando em Gatwick teríamos que esperar
ainda mais, já que o próximo vôo para Genebra sairia em... três
horas. Sentei meu traseiro num McDonald's do aeroporto e me entupi
de batata frita. Um dos amigos do respectivo que também
iria esquiar, não pôde ir por conta de compromissos e resolveu que
seria uma boa idéia mandar o filho dele, pelo menos. A "boa" notícia é
que o guricia viajar com a gente. Bem, pelo menos não era desses adolescentes chatos, monossilábicos e
antisociais. Falante, inteligente e
educado, uma gracinha. A diferença faz estudar em boas
escolas.
Vista do avião - pôr do sol belíssimo e lá embaixo a paisagem dos alpes.
Depois de uma hora e meia no ar, eis respectivo, eu e Tom no aeroporto de Genebra. Que é um ovo, mas toca uma musiquinha extremamente fofa nos alto-falantes, precedendo os anúncios sobre vôos. Como estamos na Suíça, praticamente todas as free-shops vendiam relógios, chocolates e coisas relacionadas a... vacas. Quase comprei uma, de pelúcia lilás gigante - aquela do anúncio dos chocolates Milka. Mas a bagagem já estava passando do limite, portanto achei melhor deixar a bovina pastando em seu habitat natural.
Nos informaram que teríamos que esperar mais DUAS horas até o próximo ônibus para Val D'Isère. Fomos beber cerveja, enquanto Tom se contentou com sua coca-cola. Fiquei pensando que, na idade dele, eu já trazia no currículo um invejável histórico de bebedeiras, mas deixa o menino curtir a infância...
Finalmente o ônibus. Um frio terrível na rua, quis abrir a mala e vestir minha roupa de esqui ali mesmo. Depois de uns 30 minutos de viagem o ônibus entrou em território francês e lentamente começou a subir em direção às montanhas. À medida que a altitude avançava, as paisagens das pequenas cidades à beira da estrada se cobriam daquela coisa fabulosa e branquinha que eu nunca havia visto na vida: NEVE. Enfiei o nariz no vidro da janela e, enquanto o zé-matraca do meu marido não calava o bico, eu só queria comer aquela visão com os olhos, em silêncio.
Em Bourg-de-St-Maurice, o ônibus parou de repente e chutou todo mundo pra fora. Naquele frio, e eu com um moleton fino escrito "Brazil" (porque todo brasileiro idiota gosta de fincar suas bandeirinhas pelo mundo). O tour tinha acabado ali e ficamos sem saber o que fazer, já que o ônibus, em tese, devia ter nos levado até Val D'Isère, que ainda ficava a uma hora de viagem. Fomos "salvos" por uma van do pessoal da Scott Dunn, a empresa que aluga os chalés. Graças a isso chegamos 20 minutos mais cedo, já que a van é menor e mais rápida que o ônibus.
E então, depois de ter saído de casa às oito da manhã, eis que o trio aporta na village de Val D'Isère... às dez e meia da noite!! Eu só praguejava e pensava que aquele lugar ia ter que ser fantástico pra compensar a peregrinação. Andamos até o chalé e a combinação de ar rarefeito das montanhas + o meu cansaço + total falta de preparo físico + pés escorregando no gelo me fizeram chegar no chalé dos infernos sem ar e com a cara roxa - mas ao entrar logo avistei uma mesa cheia de pães, queijos, frutas e champagne e tudo passou.
Primeira foto do resort à noite: tremida, claro, porque eu estava tendo convulsões de frio. A segunda é a primeira imagem que fiz da janela do quarto de manhã.
Lá já estavam há uma semana o R. (que alugou o chalé), suas duas filhas A. e C., o L. (amigo da família) e a babá das meninas, uma inglesinha interiorana que matraqueava mais que o respectivo. O chalé Mathilda é um luxo: seis quartos, cada um com seu próprio banheiro. Todo revestido em madeira de demolição vinda da Bulgária. Piscina aquecida no primeiro andar, sauna, varandas em volta e janelas gigantes na sala com vista para as montanhas coberta de neve, uma verdadeira vitrine de Natal.
(ainda bem que eu não paguei nada)
Tudo isso havia acabado de ser
construído (retoques finais foram dados apenas dois dias antes da
chegada do R.), tudo cheirava a novo. Nosso quarto era lindíssimo, com detalhes de madeira pintada retirados de Igrejas
demolidas no leste europeu.
No dia seguinte pela manhã fomos recepcionados pelo staff do hotel. Um rapaz inglês ruivo e com pelo menos uns dois metros e meio de altura chamado G; uma australiana loira e sorridente chamada R e N, o cozinheiro - também australiano e, por assim dizer, belíssimo. Todos muito jovens (21-23 anos), estudantes estrangeiros fazendo um bico no gap year pra ganhar um dinheirinho e poder esquiar de grátis. Extremamente simpáticos e prestativos.
Eu e A acordamos tarde, o pessoal já havia se mandado. Me enfiei nesse edredon ambulante chamado "roupa de esqui" e saí neve afora parecendo um bonequinho da Michelin.
Continua outro dia. :)
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